quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A Criação da Alma - a alegria que liberta.

                                                                    
                                                                         
                                                    

A Criação da Alma - Nossas Forças Mentais.
A alegria que liberta

“A alma é o nosso apetite, instigando-nos a comer do banquete da vida. As pessoas que estão cheias de fome na alma servem-se de todos os pratos que lhes aparecem na frente, quer sejam doces ou amargos.”

Nós nascemos com a garantia de que teremos almas fortes. Não, nós temos que trabalhar em nossa alma, fazendo-a crescer e se expandir. Fazemos isso experimentando tudo o que faz parte da vida — não só a beleza e a alegria, mas também a tristeza e a dor.

Para trabalhar a alma é preciso que prestemos atenção à vida, ao riso e ao choro, ao que ilumina e ao que assusta, ao que nos inspira e ao que nos parece tolo. Alguém já disse que “Deus adora ver a alma crescer”. Talvez  tenhamos sido colocados aqui para expandir nossas almas através das experiências da vida.

O silêncio e o vazio alimentam a alma. O mesmo faz a meditação o exercício de esvaziar-se e desapegar-se. Ficar quieto; rir; colocar-se na presença do belo ou da graça; sentir empatia; estar com pessoas que estão na fronteira, que estão dando à luz ou morrendo; tudo isso alimenta a alma.

Quando estamos sofrendo, estamos vivendo a vida, muito embora muitos de nós fujam da dor. É por isso que o trabalho da dor é  parte importante do trabalho de alma — ele nos ajuda a aceitar todas as nossas emoções e sentimentos, inclusive a raiva e a tristeza. Recentemente, eu conversei com um rapaz aidético que  me disse que o dia em que ele descobriu que ia morrer foi também o dia em que ele começou a viver.

Alimentar a alma significa entregarmo-nos ao nosso desejo de beleza e bondade, de integração e conexão com as outras pessoas. Significa também lutar, fazer frente à injustiça e pagar seja qual for o preço necessário para corrigir um erro. Tudo o que é encorajador, não importa o quanto seja difícil ou penoso, alimenta a Alma.

E nos temos que alimentar a alma, pois, sem uma Alma tropeçaríamos vida afora sem nunca sair da superfície. Sem a paixão que alma nos inspira, nós não viveríamos a vida.

Estaríamos ao contrário, simplesmente esperando a morte. De certa forma a alma é o nosso apetite, instigando-nos a comer do banquete da vida. As pessoas que estão cheias de fome na Alma, servem-se de todos os pratos que lhes aparecem na frente, quer sejam doces ou amargos.

As maneiras possíveis de alimentar a alma variam muito de  indivíduo, de acordo com a história e com o interesse de cada um, Para aqueles que não sabem como viver todas as experiências da vida, eu sugeriria que começassem procurando alguma coisa que lhes dê alegria e, então, que passassem mais tempo a ela entregues.

Em nossa cultura, muitas pessoas parecem acreditar que não têm direito à alegria, que já podem se considerar sortudas se considerar sortudas quando conseguem agarrar um pouquinho de felicidade dc vez em quando. O que essas pessoas precisam fazer é se permitir encontrar e reservar uma parte de seu tempo para a alegria, é arranjar um espaço para a alegria em suas vidas.

Aqueles que estão em busca de alimento para a alma também devem procurar maneiras de estar em contato com o grande mistério, seja qual for a definição que a ele dêem. Envolver-se com a comunidade e participar de práticas rituais são formas excelentes de alimentar a alma.

Na verdade, eu creio que um de nossos problemas enquanto povo é que nos faltam rituais comunitários. Estes rituais poderiam expandir nossas almas não só através da força do próprio rito, mas também porque nos colocariam em conexão com as outras pessoas.

Atualmente estou trabalhando com um grupo de jovens de Sheffield, Inglaterra. Eles estão reinventando a missa utilizando technomusic, multimídia, rap e dança rave.

 Nós realizamos uma destas missas no pátio da Grace Cathedral, em São Francisco, em fins de outubro de 1994. O ritual e a integração em comunidade, assim como a música e a criatividade, e, sim, também a luta para fazer tudo isso junto funcionar, foram extraordinariamente estimulantes e enriquecedores.

Outra dica para quem está buscando uma forma de alimentar a alma é fazer com que a criatividade se torne parte do seu dia-a-dia. O universo é criativo. Quando somos criativos, estamos dando à luz, como o universo deu à luz as estrelas, os planetas, os microorganismos, as plantas, os animais e os seres humanos.

 Quando criamos idéias, amor, humor, multiplicamos para nós mesmos e para as outras pessoas as oportunidades de experienciar a vida e, assim, alimentamos muitas almas a um só tempo.

Buscar e apreciar a beleza é outra forma de alimentar a alma. O universo tem a “mania” de produzir beleza. Produz flores e músicas, flocos de neve e sorrisos, atos de grande coragem, gargalhadas trocadas entre amigos, trabalhos bem feitos e o cheiro de pão fresco quentinho do forno. A beleza está em toda parte, pronta para alimentar a alma. Basta que a vejamos para que ela comece a nos ajudar.

O humor é um prato magnífico para a alma. A seriedade cxagerada é uma violência contra as leis da natureza. Viver uma vida sem humor, fechar os olhos para os paradoxos que existem ao redor e dentro de nós ou nunca ser capaz de rir de nós mesmos faz a alma murchar.

Trabalhar alimenta a alma. Todas as criaturas do universo vivem ocupadas trabalhando em alguma coisa, e nós honramos a vida quando trabalhamos. O tipo de trabalho não é importante, mas a verdade do trabalho, sim. Qualquer trabalho alimenta a alma se é honesto, se é feito com o máximo de nossas habilidades e se traz alegria para outras pessoas.

Trabalhar, criar, ver as coisas com humor, corrigir um erro, encarar de frente uma tristeza: todo e qualquer aspecto da vida pode alimentar a alma se o trazemos para dentro de nossas vidas. A meditação e a oração nos levam para os recantos silenciosos da alma. Bradar contra uma injustiça ou celebrar ruidosamente uma data festiva nos levam para os recantos barulhentos da alma. O que escolhemos fazer é muito menos importante do que o fato de escolhermos viver e fazer.

Muitos caminhos nos levam à alma. Quatro deles em Particular correspondem ao que eu chamo, em teologia, de “os quatro caminhos da espiritualidade da criação”, que ajudam a nomear a viagem da alma para nós.

O primeiro caminho, a Via Positiva, ou a experiência do divino como a graça da criação, é nossa experiência do assombro, do maravilhamento, da alegria do êxtase. O segundo, a Via Negativa, é a experiência da escuridão, da dor, do vazio, do nada e do desapego. O terceiro caminho, a Via Criativa, é a nossa experiência de dar à luz e criar, O quarto, a Via Transformativa, é a nossa experiência da compaixão, da luta, da busca da justiça, da purificação e da imaginação.

Não existe uma receita para alimentar a alma, não existe uma fórmula garantida de “como ficar cheio de alma em três lições”. Amar, rir, chorar, criar, rezar, lutar contra moinhos de vento, criar um filho, dizer adeus a uma pessoa amada que parte desta vida — tudo isto é víver, se estamos conscientes do que estamos fazendo.

Alguns abraçam a vida naturalmente; outros precisam aprender. Alguns se abrem prontamente para a vida; outros só conseguem fazer isso depois de passarem por uma crise ou serem atingidos por alguma desgraça. Para todos nós, no entanto, é sempre uma questão de estar vivendo, de estar vivo e atento para o que realmente acontece. Viver a vida alimenta a alma — e nós temos muito a viver". Matthew Fox, Ph. D.

Pesquisado por dharma dhannya

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