segunda-feira, 19 de março de 2012

"O Corpo de Desejo" - corpo Astral - Annie Besant


 Pesquisado por Dharma Dhannyael                                                          
PRINCÍPIO IV - Annie Besant - "O Corpo de Desejo"
Estudando nosso homem atingimos agora o princípio algumas vezes descrito como a alma animal, no linguajar Teosófico Kâma Rûpa, ou o corpo de desejo.

 Ele pertence, em constituição, ao segundo plano, o astral, e nele atua. Ele inclui todo o corpo de apetites, paixões, emoções e desejos, que se juntam, em nossa classificação psicológica ocidental, sob o nome de instintos, sensações, sentimentos e emoções, e são tratados como uma subdivisão da mente. 
 Na psicologia ocidental a mente é dividida – pela escola moderna – em três regiões principais: sentimentos, vontade, intelecto. Os sentimentos são divididos de novo em sensações e emoções, e estas são divididas e subdivididas em numerosas classes. Kâma, ou desejo, inclui todo o grupo de “sentimentos”, e poderia ser descrito como nossa natureza passional e emocional.

 Todas as necessidades animais, como a fome, a sede, o desejo sexual, reúnem-se aqui; todas as paixões, como o amor (em seu sentido inferior), o ódio, a inveja, o ciúme. É o desejo por experiência senciente, por experiência de alegrias materiais – “a luxúria da carne, a luxúria dos olhos, o orgulho da vida”.
 Este princípio é o mais material em nossa natureza, é o único que nos ata pesadamente à vida terrena. “Não é matéria constituída molecularmente, pelo menos não como o corpo humano, o Sthûla Shârira, isto é, o mais grosseiro de todos nossos ‘princípios’, mas na verdade é o princípio médio, o verdadeiro centro animal; daí ser nosso corpo apenas sua concha, o fator e meio irresponsáveis através dos quais a besta em nós tem toda sua vida“ (Dout. Sec., vol. I, pp. 280-81).

 Unido à parte inferior de Manas, a mente, como Kâma-Manas, se torna a inteligência cerebral humana normal, e este seu aspecto será considerado brevemente. Tomado em si mesmo, constitui o bruto em nós, o “macaco e o tigre” de Tennyson, a força que mais provoca nossa ligação à terra e sufoca em nós todas as mais altas aspirações pelas ilusões dos sentidos.
 Kâma unido a Prâna é, como vimos, o “sopro da vida”, o princípio vital senciente difundido em cada partícula do corpo. É, portanto, a séde da sensação, é aquilo que possibilita aos órgãos de sensação funcionarem. Já assinalamos que os órgãos físicos dos sentidos, os instrumentos corpóreos que entram em contato imediato com o mundo externo, estão diretamente relacionados aos órgãos de sensação no duplo etérico (vide ant., p. 14).

 Mas estes órgãos seriam incapazes de funcionar se Prâna não os fizesse vibrar em atividade, e suas vibrações permaneceriam apenas vibrações, movimento no plano material do corpo físico, se Kâma, o princípio de sensação, não traduzisse a vibração em sentimento.
Na verdade, o sentimento é a consciência no plano Kâmico, e quando um homem está sob o domínio de uma sensação ou uma paixão, o Teosofista diz que ele está no plano Kâmico, significando com isso que sua consciência está funcionando naquele plano.
 Por exemplo, uma árvore pode refletir os raios da luz, isto é, vibrações etéricas, e estas vibrações atingindo o olho externo estabelecerão vibrações nas células nervosas físicas; estas serão propagadas como vibrações aos centros físico e astral, mas não haverá visão da árvore até que a séde da sensação seja alcançada, e Kâma nos possibilite perceber.
 A matéria do plano astral – incluindo aquela chamada de essência elemental – é o material de que é composto o corpo de desejo, e são as propriedades peculiares desta matéria que a habilitam para servir como o invólucro no qual o Eu pode ganhar experiência da sensação (Falar da constituição da essência elemental nos levaria longe demais para um tratado básico).
 O corpo de desejo, ou corpo astral, como é freqüentemente chamado, tem a forma de uma mera massa nevoenta durante os primeiros estágios de evolução, e é incapaz de servir como um veículo independente de consciência.
 Durante o sono profundo ele escapa do corpo físico, mas permanece perto dele, e a mente em seu interior está quase tão desperta quanto o corpo. Contudo, ele está sujeito a ser afetado por forças do plano astral similares à sua constituição, o que dá origem a sonhos de um tipo sensorial.
 Em um homem de desenvolvimento intelectual mediano o corpo de desejo já se tornou mais altamente organizado, e quando separado do corpo físico é visto assemelhando-se à sua forma e características; mesmo então, entretanto, não é consciente de seu entorno no plano astral, mas encapsula a mente como uma concha, dentro da qual a mente pode funcionar ativamente, embora ainda não capaz de usá-lo como um veículo independente de consciência.
 Só no homem altamente desenvolvido o corpo de desejo se torna inteiramente organizado e vitalizado, um veículo de consciência no plano astral tanto quanto o corpo físico o é no plano físico.
 Após a morte, a parte superior do homem permanece por um tempo no corpo de desejo, e a duração de sua estadia depende da comparativamente grosseria ou delicadeza de seus constituintes.
Quando o homem escapa dele, ele ainda persiste por algum tempo como uma “concha” e quando a entidade defunta é de um tipo baixo, e durante a vida terrena possuía uma mentalidade restrita à natureza passional, alguns de seus restos se fundem com a concha.
 Ela então possui uma consciência de ordem muito inferior, tem astúcia bruta, não possui consciência – uma entidade totalmente deplorável, freqüentemente descrita como um “fantasma”. Paira a esmo, atraída a todos os lugares em que os desejos animais são encorajados e satisfeitos, e é colhida nas correntes daqueles cujas paixões animais são fortes e irrefreadas.

 Médiuns de um tipo inferior inevitavelmente atraem estes visitantes eminentemente indesejáveis, cuja vitalidade decadente é reforçada em suas salas de sessão, que apanham reflexos astrais, e assumem o papel de “espíritos desencarnados” de uma ordem inferior.
 E isso não é tudo; se em tal sessão houver presente algum homem ou mulher de desenvolvimento igualmente baixo, o fantasma será atraído para aquela pessoa, e pode ligar-se a ele ou ela, e assim pode estabelecer correntes entre o corpo de desejo da pessoa viva e o corpo de desejo moribundo da pessoa morta, gerando resultados do tipo mais deplorável.
 A persistência maior ou menor do corpo de desejo como uma concha ou fantasma depende do maior ou menor desenvolvimento da natureza animal ou passional na personalidade em extinção.
 Se durante a vida terrena a natureza animal foi alimentada e permitiu-se-lhe que corresse livre, se as partes intelectual e espiritual do homem foram negligenciadas ou sufocadas, então, como as correntes foram dispostas fortemente na direção da paixão, o corpo de desejo persistirá por um longo período depois de o corpo da pessoa morrer.

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