segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"Regras elementares para a meditação"





"Regras elementares para a meditação"
 Inspirado nos ensinamentos de Alice Bailey

Assagioli sugere:
 “Reconheço e afirmo que eu sou um Centro da autoconsciência pura. Eu sou um Centro da vontade e ação, apto a dominar, a dirigir e a usar todos os meus processos psicológicos e o meu corpo físico.”12

"Regra um"

"Que o discípulo busque na caverna profunda do coração. Se lá o fogo arde intensamente, aquecendo seu irmão sem porém abrasar a si mesmo, é chegada a hora de aplicar-se para se apresentar à porta.1


Para compreender esta regra, será necessário rever outros conceitos da anatomia esotérica. Segundo vários escritores, tanto na ioga como na teosofia, a coluna etérica é formada por três canais cujos nomes em sânscrito são sushumna , pingala e ida.

O canal central é sushumna, e pingala e ida, os laterais. Kundalini é uma palavra em sânscrito que significa “o poder divino adormecido na base da coluna”.

A energia kundalini, às vezes chamada de “fogo da matéria”, emana do chakra básico. Usa o canal de pingala e tem a habilidade de estimular os chakras etéricos principais.

Outras duas energias etéricas também podem fluir por esses canais da coluna.

 O “fogo de manas” tem origem no chakra laríngeo. Ele usa o canal ida e melhora a sensibilidade às impressões.

 O “fogo do espírito” emana do chakra coronal. Usa o canal sushuma e compreende as energias da alma. 2

Uma teia entrelaçada de substância etérica, em forma de disco, fica entre cada par dos chakras principais. Quando intactas, essas teias etéricas impedem o fluxo livre de energias no corpo etérico. Pela prática da edificação do caráter e pela meditação, as teias são lenta e automaticamente desfeitas.

Cada iniciação espiritual corresponde à abertura de uma das teias, resultando num fluxo maior de energia, e na obtenção de um estado mais elevado de consciência.3

 O cidadão de inteligência média, predominantemente controlado por sua natureza inferior, já terá desfeito as duas teia inferiores, deixando as superiores ainda intactas.

 A primeira iniciação corresponde à abertura da teia entre o plexo solar e ( chakra cardíaco, o que permite que a energia kundalini alcance estimule o chakra do coração.


 A segunda iniciação corresponde a abertura da teia entre o chakra cardíaco e o laríngeo, permitindo que a energia kundalini atinja e estimule os chakras laríngeo frontal e coronal. Antes da terceira iniciação, diz-se que a kundalini está “dormindo”, mesmo que essa energia esteja estimulando ativamente os chakras superiores.

 A terceira iniciação corresponde à abertura da teia entre o chakra laríngeo e o frontal, permitindo que o fogo de manas atinja e estimule os chakras frontal coronal. Depois disso, os três fogos da matéria, de manas e do espírito podem ser unificados no chakra básico e elevados através da coluna tripla, para estimular ainda mais os chakras superiores Essa união dos três fogos é às vezes chamada de kundalini “desperta”.

A primeira regra descreve alguns pré-requisitos para a prática da meditação, e também descreve seu objetivo para o caminho do postulado.

 Os símbolos têm os seguintes significados: “a caverna profunda do coração” refere-se à coluna espinal etérica; “o fogo arde intensamente”, à vitalidade e à vigilância; “irmão”, à personalidade; “aplicar-se”, à prática da meditação; e “porta”, à alma.

Interpretemos agora cada frase da primeira regra. Antes de iniciar a meditação, você deve investigar a condição da sua coluna espinal etérica que liga o chakra cardíaco ao chakra básico (“que o discípulo busque na caverna profunda do coração”).

 Uma vez que o corpo etérico está abaixo do limiar da consciência, a condição da coluna espinal etérica em geral só é reconhecida em termo da vitalidade e da vigilância, ou da falta delas.

Se você sentir que a vitalidade e a vigilância estão presentes indicando que a energia kundalini no chakra básico está ativa (“se lá o fogo arde intensamente”), então você preencheu o primeiro pré-requisito para a meditação.

 Por que ele é importante? Quando as pessoas tranquilizam sua mente suprimindo o movimento do pensamento, podem com isso retardar seu desenvolvimento e estultificar seu progresso.

 Até certo ponto, todos os principiantes recorrem à supressão antes de aprender a se precaver contra ela. Em vez disso, procure conseguir a serenidade mental elevando a vibração da consciência tanto quanto possível, mantendo-a assim.

Enquanto essa vibração for a mesma que a da alma em seu próprio plano, a mente será mantida num estado de equilíbrio sem efeitos prejudiciais.

O importante é que a condição desejada só será atingida quando a vitalidade e a vigilância estiverem presentes. Para atender a essa exigência, evite praticar a meditação quando estiver cansado, fatigado, ou doente.

A melhor hora é de manhã, antes do desjejum, porque o processo da digestão também pode interferir. Além disso, durma o suficiente, e mantenha contato com o sol; coma só alimentos puros que vitalizam, como leite, mel, pão integral, todos os vegetais que entram em contato com o sol, laranjas, bananas, passas, nozes, batatas, e arroz integraL4

Em qualquer série de instruções de natureza realmente esotérica, um dos principais pontos ensinados está ligado à atitude do aluno diante dos corpos inferiores.

De acordo com a próxima frase da regra, o segundo pré-requisito para a meditação é saber que o corpo etérico está energizando a personalidade, mas não o eu verdadeiro ou espiritual (“aquecendo seu irmão sem porém abrasar a si mesmo”).

 Em outras palavras, reconheça-se como uma entidade espiritual, de natureza, objetivos e métodos de trabalho diferentes dos que regem os corpos inferiores.

 Por exemplo, pense na personalidade como semelhante a uma muda de roupa, como algo que pode ser usado e envergado por algum tempo, mas que certamente não é você. 5
Se a kundalini estiver ativa e a atitude for correta, então terá chegado o momento de aplicar as regras de meditação discutidas neste text (“é chegada a hora de aplicar-se”).

 O objetivo dessas regras é elevar a vibração da consciência até que alcance da alma (“para se apresentar à porta”). Na frase final da primeira regra, a alma é simbolizada por uma porta. Quando você s colocar conscientemente diante dessa porta, ela se abrirá, e permitirá que idéias intuitivas fluam para a sua mente.

Depois de a vibração da consciência ser elevada pela aplicação das regras contidas neste capítulo, a energia kundalini elevar-se-á e, eventual e automaticamente, subirá ainda mais ao longo da coluna etérica, rasgando a teia que fica entre o plexo solar e chakra do coração.

 Devemos evitar a queima e a destruição prematura das teias etéricas, com determinados exercícios e é bom evitar o uso de bebidas alcoólicas, descontrole emocional colorido pelo ódio, ressentimento, mágoa..., promiscuidade, a busca de poder espiritual egoísta, fanatismo, preconceito.... A luz de Deus encontra aquele que emana a luz para todos sem julgamentos e sem discriminação de raça, religião, sexo....

As teias etéricas têm de fato uma função benéfica: impedem que os nossos chakras recebam mais energias do que a nossa capacidade de sabedoria, doação, purificação e condição física podem suportar.

Regra dois
Quando a aplicação tiver sido feita de forma tríplice, então que o discípulo deixe de se aplicar e esqueça que fez.7
De acordo com a antiga tradição hindu, a primeira etapa vida de uma pessoa é a de estudante; a segunda é a de chefe...

família; a terceira, de afastamento da família e dos negócios, retirando-se para a floresta para encontrar a verdade espiritual. Hoje, embora o chamado para retirar-se seja o mesmo, não precisamos abandonar o ambiente da família, nem a nossa ocupação no mundo exterior. Podemos permanecer onde estamos, continuando no cumprimento de nossas obrigações externas.

O único afastamento que temos de efetuar é o da nossa permanente identificação com a vida da forma.

Assagioli enfatizou a importância desse tipo de afastamento: “Somos dominados por tudo aquilo com o que o nosso eu se identifica. Podemos dominar e controlar tudo aquilo de que nos des-identificamos.”8

O que significa estar identificado com a vida da forma? As pessoas tendem a identificar-se com tudo o que lhes propicia prazer, ou a que dão importância. Por exemplo, uma mulher que participa de um concurso de beleza identifica-se com o seu corpo físico e seus atrativos.

Um atleta profissional se identifica com sua força e controle muscular. Há pessoas que se identificam com sua vida emocional, talvez com seus papéis de esposa, de marido, de mãe ou de pai. E outras podem identificar-se com sua vida mental e orgulhar-sede sua habilidade para pensar, debater ou explicar.

A palavra sânscrita raja significa “régio”. A raja ioga, um dos sistemas tradicionais de autodesenvolvimento criado na Índia, é considerada régia devido ao poder e à sabedoria que confere. Pratyahara significa “recolhimento em si mesmo” e é um passo preliminar da raja ioga. Inclui o afastar-se da identificação com a vida da forma, desligando o eu do envolvimento impensado com o não-eu, e centrando a consciência dentro da cabeça.9

 Pratyahara tem três etapas, sendo cada uma descrita por uma frase da segunda regra.

A primeira frase é “quando’ a aplicação tiver sido feita de forma tríplice”. Pratyahara começa com a aplicação deliberada de um exercício de des-identificação em três campos de observação:
sensações, sentimentos e pensamentos.

A abordagem discrimina ativamente entre o eu interior, ou consciência pura, e os campo que são o conteúdo da consciência. O primeiro campo é o da sensações físicas produzidas por condições corporais, como c conforto, a fadiga, a fome, o calor, etc.
Pela observação serem dessas sensações, descubra duas razões para a des-identificação em relação ao corpo físico: as sensações físicas são transitórias fugidias, e muitas vezes contraditórias, ao passo que o eu interior é estável e permanente; e, também, as sensações podem sei observadas, ao passo que o eu interior é o próprio observador.

 Devido à antiquíssima identificação com o corpo físico, será útil afirmar com convicção o seguinte:
 “Eu tenho um corpo, mas não sou o meu corpo.”

Esse exercício de des-identificação é semelhante ao ato de descascar uma a uma as várias camadas de uma cebola. Depois dc considerar as sensações físicas, investigue o campo das emoções ou dos sentimentos, como o desejo, o temor, a esperança a irritação.

 Ao reconhecer que os sentimentos são inumeráveis contraditórios e mutantes, e que podem ser observados, compreendidos e depois dominados, entenda a diferença entre corpo emocional e o eu interior.

Para ajudar a desfazer a identificação com o corpo emocional, afirme com convicção: “Eu tenho sentimentos, mas não sou os meus sentimentos.”

O campo final de observação é o da atividade mental, ou seja, os vários pensamentos, crenças, conceitos, atitudes, e idéias. Pelo fato do eu interior poder observar, notar, desenvolver, e disciplinarmente, entenda que o eu não é a mente.

Nesse caso é útil:afirmar: “Eu tenho um intelecto, mas não sou o meu intelecto.”10

A segunda frase da regra é “então que o discípulo deixe de se aplicar”. Ao completar o exercício anterior, você descobrir que existe um Observador que registra a sucessão de sensações sentimentos e pensamentos.

 Em seguida, elimine o esforço de  des-identificar com o não-eu e, em vez disso, identifique-se deliberadamente com o verdadeiro eu: o Observador  - aquele que percebe, o Ator interno.

Como apoio nessa etapa, é útil fazer outra afirmação. Bailey sugere, por exemplo, a apreciação reiterada das seguintes palavras:
“Eu sou o EU, o EU sou eu.”11
 Como outro exemplo Assagioli sugere:
 “Reconheço e afirmo que eu sou um Centro da autoconsciência pura. Eu sou um Centro da vontade, apto a dominar, a dirigir e a usar todos os meus processos psicológicos e o meu corpo físico.”12

A terceira frase é “e esqueça que a fez”.

 Através da desidentificação deliberada com a personalidade e a identificação deliberada com o Observador interior, você elevará de forma automática sua consciência até um ponto que fica na região das glândulas pituitária e pineal, dentro da cabeça.

 Dessa posição central, você poderá efetuar o último passo de pratyahara, que é observar sua personalidade com uma atitude de desapego.

 Todavia, para estar totalmente mergulhado na observação imediata, esqueça todas as afirmações feitas durante as duas etapas anteriores porque reiterá-las agora representa uma distração. Em lugar disso, observe simplesmente o que de fato está se passando, dentro e fora da personalidade, sem qualquer justificativa, reação ou defesa.

Pratyahara é a primeira técnica de meditação que deve ser aprendida no caminho do postulado, sendo um pré-requisito para todas as técnicas posteriores.

 Os aspirantes devem desenvolver o hábito da prática dos passos de pratyahara, ao menos uma vez ao dia, de preferência logo de manhã cedo.

Criando esse hábito, poderão conseguir o controle do conteúdo psicológico com o qual estavam identificados anteriormente, e proteger-se contra o fluxo constante de influências que tentam manipulá-los e dominá-los; podem encontrar um novo senso de liberdade, e uma presença mais marcante de seu ser; desenvolver uma maior habilidade para manter a atitude de auto-observação durante o resto do dia, e preparar-se para um trabalho de meditação mais avançada".
Postado por DharmaDhnannya

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