quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O poder da visualização e a cura.




O poder da visualização e das imagens que curam.

Os amigos sempre me pedem que lhes sugira exercícios de visualização para aplicar em todo tipo de dificuldades, crises e doenças, e sempre consideram esses exercícios úteis. Visualizações não exigem aprendizagem subjetiva ou muita orientação.

Recentemente, uma amiga minha fraturou o pulso. Foi atendida por um ortopedista, que lhe disse que aquele osso necessitava de três meses para se recompor. Tanto o diagnóstico quanto o prognóstico foram confirmados por um segundo ortopedista. Sugeri à minha amiga que auxiliasse a recuperação com o uso do exercício Tecendo a medula.

Feche os olhos. Expire três vezes e imagine as extremidades fraturadas dos ossos como aparentam estar agora. Imagine as duas extremidades encostando uma na outra.

 Imagine e sinta a medula fluindo de uma ponta para a outra. Imagine essa mesma medula branca sendo transportada em canais de luz azul ou branca através da corrente sanguínea, as arteríolas fluindo de um lado para o outro entre as duas extremidades, urdindo uma teia que aproxima as duas extremidades.

 Imagine-as tecendo uma perfeita malha simultaneamente até que já não possa perceber nenhum sinal de fraturas. Sinta que o osso agora está inteiro e abra os olhos.

Pedi a ela que repetisse o exercício a cada 3 ou 4 horas enquanto estivesse acordada, durante mais de 3 minutos por vez. Com esse exercício, resultados significativos podem ser percebidos em uma ou duas semanas.


 Após três semanas, minha amiga foi ao ortopedista para um checape programado e o médico descobriu que o osso havia sarado, O ortopedista ficou tão surpreso que imediatamente reexaminou as radiografias, que confirmaram sua expectativa original:

 pela sua experiência, o tipo de osso que minha amiga havia fraturado levava três meses para sarar, O ortopedista não pôde explicar os resultados que estava constatando.

Minha amiga me disse que ao deixar o consultório tremia de excitação ao se dar conta do que havia sido capaz de fazer em benefício próprio.

Visualizar — compor visualizações — é um processo simples. Significa encontrar, descobrir ou criar uma imagem mental, uma forma mental. Essa forma imaginada, mas ainda assim real — tem todas as características de um acontecimento, coisa ou situação que podemos ver em nossa realidade quando estamos acordados.

 A diferença é que, ao contrário dos objetos que percebemos quando estamos acordados, os da imaginação não têm volume ou massa. Resumindo, eles não têm substância.

 Contudo, têm energia. Devemos pensar nessas imagens como filhos mentais. Nós os criamos para atuar em nosso favor como agentes de cura; depois, com sua energia, eles continuam a estimular o processo de cura por conta própria.

Ao descobrirmos ou criarmos essas imagens, começamos um processo importante. As imagens são tão reais quanto nossas emoções e tão significativas quanto nossos sonhos noturnos. Obviamente, o que criamos é uma realidade subjetiva, mas ainda assim realidade, com o poder de afetar nosso corpo e nos dizer mais sobre quem somos.

Neste texto, abordaremos como preparar a mente para praticar as visualizações e usar a realidade interior para influenciar a saúde. Não há nada de complicado nisso: utilizamos aptidões normais que todos temos.

Mudança
O que quero dizer quando afirmo que a transformação é um elemento da cura pela visualização?

Tanto os físicos quânticos modernos quanto os místicos chineses já disseram que o que experimentamos subjetivamente como tempo, nosso retrato limitado da realidade, é, na verdade, o fluxo contínuo da mudança.

A medicina tradicional chinesa baseia--se inteiramente na premissa de que as doenças nada mais são do que bloqueios do fluxo — ou seja, resistência à natureza mutável das coisas.

Tentamos nos agarrar ao que julgamos ser “bons momentos” e, nessa ânsia, seguramos firme, resistimos à possibilidade de dor ou de desprazer, e acabamos indo de encontro à dor que tentamos evitar.

As pessoas que trabalham com visualizações dizem que “sentir-se bem” está associado a “liberar” — coisas, ideias, preconceitos sobre si mesmo e sobre os outros — e a parar de tentar deter o fluxo dos acontecimentos.

 Elas não se tornaram fatalistas, daquelas que se sentam passivamente à beira do rio dizendo “o que será, será”. Em vez disso, tomaram a atitude de abandonar o desespero decorrente de tentar se identificar com experiências, coisas e situações fixas, limitadas.

Quanto mais o processo de liberação se intensifica, mais aumenta a sensação de bem-estar. Visualizar e deixar-se levar com o processo de mudança são atos inextricavelmente ligados.

Isso pode acontecer devido ao funcionamento distinto dos hemisférios esquerdo e direito do cérebro: o lado direito parece conectado com a intuição e a imaginação, enquanto o esquerdo aparenta estar relacionado com as funções da lógica, das palavras e do pensamento racional.

 Dar rédeas à imaginação, a imagens não causais, em lugar da organização das palavras no pensamento sequencial, permite nos rendermos ao fluxo das coisas.

 Quando colocamos a imaginação em pé de igualdade com o pensamento lógico, abrimo-nos à mudança e à renovação, dando-nos uma chance de aproveitar a constante sucessão dos momentos presentes enquanto vão acontecendo.

Na verdade, isso é o oposto da nossa experiência comum de nos concentrarmos geralmente no passado ou no futuro. Fazendo isso, aplicamos a atenção na descontinuidade, não no fluxo. Ligamo-nos a pontos fixos aos quais vinculamos um tipo prejudicial de julgamento e de significado.

Por exemplo, pensamos em nós como “formado no ensino médio em 11 de dezembro de 1980”, ou dizemos que e então ligamos a esses acontecimentos diversos pensamentos, lembranças, sentimentos, projeções e atitudes.

 Os acontecimentos se transformam em pequenas lembranças cristalizadas, que nos envolvem como se fossem uma casca — que, com o passar do tempo vai-se tornando cada vez mais difícil de romper.

 Se pudéssemos apenas registrar o acontecimento em si, sem comentário algum, sem categorização, julgamento ou rejeição, não ficaríamos bloqueados por “identificações de sentimento” que podem trazer doenças e tristeza.

 Não que seja possível permanecermos jovens e sadios para sempre, mas podemos envelhecer com alegria e  com a capacidade sublime de acompanhar o fluxo da vida.

Quando entramos em sintonia com a mudança conseguimos perceber o paradoxo que a maioria de nós vive.

Costumamos ter atitudes individualistas, independentes e talentosas, tentando mudar o destino. Entretanto, ao mesmo tempo tememos parecer diferentes dos outros.

Embora seja muito bom nos encararmos como indivíduos independentes, na verdade resistimos a novas maneiras de enxergar as coisas, o que é o verdadeiro sinal de individualidade e de independência.

 Gostamos de pensar que somos diferentes dos outros e mais autodeterminados que eles — e até podemos sê-lo. Mas, para algumas pessoas, esse sentimento pode mascarar uma necessidade de aprovação social — ou seja, de igualdade.

No mundo material, esforçamo-nos para nos destacar e ficar mais ricos, mais “autorrealizados” do que os outros; mas, à medida que subimos na vida, lá estamos nós procurando nos ajustar às normas de outros ricos.

Claro que quem tem dinheiro tem mais liberdade para satisfazer suas vontades, mas os ricos podem ficar tão entediados com sua vida de luxo quanto nós podemos nos cansar de tentar ganhar dinheiro. A mudança não ocorre em pessoas que alteram apenas suas características exteriores.

PREPARANDO A MENTE
Há quatro aspectos a ser considerados na preparação da mente para a cura por meio de visualizações. Os dois primeiros fazem parte de todo exercício de visualização.
 Eu os chamo de intenção e tranquilidade. Os outros dois elementos fazem parte da experiência de visualização como um todo. Eu os chamo de limpeza e mudança.

Intenção
A visualização de imagens está direta e crucialmente ligada à intenção, que é a ação mental que direciona nossa atenção e rege nossas ações. Todos sabemos o que é intenção. “Pretendo tirar férias no próximo mês”, dizemos, e planejamos de modo adequado.

A intenção nos guia nas grandes e pequenas questões. A intenção é a expressão ativa dos desejos, canalizada através do sistema psicológico. Frequentemente ela se manifesta como ação — física ou mental. Colocando de maneira simples, ela é o que desejamos conseguir.

O que isso tem que ver com visualizações e cura? Quando executamos um exercício de visualização, sempre começamos definindo e esclarecendo nossa intenção — o que desejamos conseguir com tal exercício.

 Por exemplo: se deseja curar um osso quebrado, você diz a si mesmo, antes de começar o exercício, que vai fazê-lo para recuperar o osso. Você dá a si próprio uma instrução interior. Experimente pensar nisso como uma espécie de programa de computação, só que para a sua mente, de modo a fazê-la concentrar-se apenas no processo em que está trabalhando.

Se você diz a si mesmo que vai atingir uma meta específica com determinação, seu sucesso no emprego da visualização será maior.

A intenção depende da vontade, que é simplesmente o impulso da força vital que nos capacita a fazer escolhas. Todas essas ações são atos da vontade.

Quando direcionamos nossa vontade temos uma intenção. A intenção é a vontade dirigida, e é essencial para todo o trabalho de autocura gerado por meio da visualização. Usando a visualização, direcionamos a vontade para dentro de nós, a fim de encontrarmos novos caminhos, que nos levem a uma saúde melhor e a uma vida mais rica. Tornamo-nos os mestres conscientes da vida.

Esquecemos que podemos direcionar essa mesma vontade, essa mesma força, para nós mesmos a fim de mudarmos e tomarmos as rédeas da vida. A vontade alerta, a intenção consciente, é o cerne da cura pela visualização.

 Muitas vezes, direcionamos o esforço que deveria nos ajudar para os outros, estamos programados para servir, cuidar do outro,  porque fomos condicionados a não usar nossa vontade em proveito próprio.

 Tranquilidade
A segunda exigência na preparação da mente para a cura pela visualização é o que chamo tranquilidade.

 O ambiente de cura requer dois tipos de tranquilidade: exterior e interior. A tranquilidade exterior nos ajuda a fixar a atenção na tarefa de voltarmo-nos para dentro. Distrações e aborrecimentos do dia a dia nos privam desse tipo de atenção.

 A cura pela visualização tem características próprias e funciona melhor em ambientes — e horários — reservados para esse fim. Em geral, recomendo que os exercícios sejam feitos três vezes ao dia — antes do café da manhã, ao entardecer e antes de dormir.

O aspecto interior da tranquilidade é relaxamento.
O estado de meditação ou, como é chamado, de relaxamento profundo não é recomendável, pois pode deixá-lo menos alerta ou até sonolento e, assim, menos sensível à experiência de visualização.

O objetivo não é relaxar, mas sim visualizar e lembrar. A atenção, ou a extrema vigilância, é o estado de espírito exigido, e a própria atividade de visualização gera mais concentração.

Limpeza
Um terceiro aspecto do trabalho de visualização é o que chamo limpeza. Nem todo exercício de visualização requer limpeza, mas ela é um dos passos iniciais mais importantes para que você se abra para a cura.

A maioria dos sistemas medicinais da Antiguidade empregava procedimentos de limpeza. Os médicos egípcios, por exemplo, fizeram do banho uma condição para a cura, assim como todas as culturas conhecidas do mundo antigo, do Ocidente e do Oriente.

A doença mental — inclusive os estados psicóticos — é caracterizada por pensamentos “sujos”, como fantasias sexuais violentas, e culpa advinda de atos como a masturbação.

 Pessoas muito deprimidas geralmente são desleixadas com a aparência e, como os psicóticos, tornam-se cada vez menos asseados porque perdem o interesse nas relações sociais e carecem da energia física necessária para limpar o corpo.

Ao afirmar que a limpeza é necessária para o trabalho de visualização, naturalmente estou falando sobre algo além da limpeza física. Sem querer ser moralista, eu diria que ser saudável é ser “limpo”, em todas as acepções da palavra.

Eticamente falando, devemos nos perguntar até que ponto somos “limpos” nas relações com os outros. Muitas pessoas esperam nunca ficar doentes, como se isso fosse um direito nato.

Contudo, iludem a si mesmas se não veem nenhuma conexão entre a doença e um comportamento inescrupuloso, e as consequentes experiências de culpa e autopunição — mesmo que exteriormente saiam impunes de seus “atos sujos”.

Quantas vezes já ouvimos a expressão “o corpo não mente”? Pela minha experiência, isso se aplica tanto à saúde moral e ética quanto aos hábitos alimentares, aos exercícios físicos e às atitudes em relação ao trabalho. Isso vale para todos: cada imprudência moral ou ética é registrada no corpo e pode influenciar adversamente a vida física e mental.

Um deslize ético não significa apenas que você está enganando ou prejudicando alguém intencionalmente. A questão é mais complexa: você pode enganar também a si próprio.

Um paciente me procurou sofrendo de câncer. A doença estava em sua família materna havia quatro gerações. Além disso, a cada geração um irmão da vítima de câncer comportava-se de modo a trazer vergonha, desonra e desarmonia à família. Todas as vítimas de câncer eram os cabeças da família e sabiam das atividades dos irmãos. E igualmente escolheram guardar os fatos para si, carregando seu pesar e preocupação em segredo.

No caso de meu paciente, o irmão ovelha negra era um jogador compulsivo que estava arruinando a família dele. Meu paciente estava tirando dinheiro da própria família para tentar pagar as dívidas do irmão.

 Seus familiares sofriam e não sabiam por quê. Meu paciente, na realidade, estava sem querer roubando deles. Além disso, estava mentindo por não contar a todos o que estava acontecendo. Sua vida moral estava comprometida (era um homem decente, íntegro) por causa de seu “apoio” ao comportamento negativo do irmão.

Em nosso trabalho terapêutico, o paciente acabou tomando consciência de que devia informar a família inteira da situação do irmão. Quando isso foi feito, o ar clareou e todos os outros familiares acudiram o irmão, confrontando-o. Depois disso ele foi se tratar, entrando, inclusive, para os Jogadores Anônimos.

Quanto ao meu paciente, foi como se lhe tivessem tirado um peso dos ombros, e ele entrou em fase de remissão.

Para chegar à cura devemos começar fazendo uma “faxina interior”. Essa é a parte do ato consciente da vontade que precede a abertura para as imagens mentais, parte da decisão de nos autoanalisarmos lucidamente e de estarmos abertos a compreender o que nosso corpo e nossos sentimentos estão nos dizendo.

 Por meio de imagens, podemos nos livrar da sensação de que algo vai mal, combater a ilusão e esclarecer os padrões destrutivos a que sempre recorremos. Só então poderemos confrontar nossos males e chegar à autocura.
A limpeza é parte da cura, e juntas elas abrem espaço para o surgimento de padrões novos e possibilitam um crescimento e uma completude inéditos e positivos.

O trabalho de visualização com o corpo e a mente é a guinada para o processo de autolibertação; com ele nos transformamos em indivíduos plenos e passamos a conviver facilmente com a mudança.

Permitindo-nos nos afastar da rigidez do mundo dos bens e das aparências, o trabalho de visualização nos ajuda a rejeitar o comportamento e as atitudes que prejudicam nossa saúde.

Intenção, tranquilidade, limpeza, mudança — esses são os componentes de um estado de ânimo que cura.

Você achará essas atividades recompensadoras por si sós. À medida que avançar neste caminho e aprender a usar esses elementos para ajudar a curar suas doenças e seus problemas, você não apenas se tornará uma pessoa mais saudável como também mais livre, pronta para experimentar algumas das infinitas possibilidades que a vida nos oferece. Epstein G.



Um comentário:

  1. Gratidão imensa por esse texto. Muito obrigada por compartilhar tamanho conhecimento. =)

    ResponderExcluir