"Prana - alento
vital"
“O Senhor
prove todas as nossas necessidades”
Meditar sobre
o Prana, na respiração é entrar em
contato com a consciência da essência da vida de Brahma, do Criador de muitos
nomes, da generosidade e abundância da
vida.
Se o Divino mora no coração, e tudo é Brahma, então
eu Sou Brahma e respiro e inspiro como Brahma.
Eu sou o que sou. DharmadhannyaEL
"'Prana'
é o nome com que se designa um princípio universal, a essência de todo
movimento, força ou energia, que se manifesta na gravidade, na eletricidade, na
revolução dos planetas ou em todas as formas de vida, desde a mais elevada até
a mais baixa. Podemos chamá-lo a alma da Força e da Energia, em todas as suas
formas; o princípio que, operando de certo modo, produz a forma de atividade
que acompanha a vida". (2)
Já foi
afirmado que ninguém sai de uma escola hindu conhecendo o que a ciência e
filosofia da Índia afirmam como certo, sem que tenha passado demoradamente pela
análise das afirmações dos mestres sobre prana e a respiração.
Se estas duas
palavras não são as mais importantes para o hindu, elas tornam, no entanto qualquer
tema de grande e imprescindível importância. Notemos que qualquer exposição da
sabedoria dos Rishis esta filiada à respiração e Prâna, no homem e no espaço;
exemplo frisante temos em Rama Prasad:
“O universo
compreende todas as manifestações que nos são familiares, ao mesmo tempo sobre
o plano mental e o plano físico. Todas saíram
dos tattvas. Os tattvas são as forças que se prendem à raiz de todas as manifestações:
— a criação, a conservação e a destruição, ou mais estritamente a aparição, a conservação
e a desaparição dos fenômenos de que somos advertidos e das mudanças táttvicas
de Estado.”
Em seguida nos
mostra que os tattvas são as modificações, em termos de energia de Svara,
reflexo de Parabrahma - ou alentos
Ora, o homem é
uma repetição em miniatura do Cosmos. Diz—se mesmo (para repetir o vulgar) que é o microcosmo.
Se o alento ou
“grande respiração” movimento permanente do universo em termos de infinito a respiração
no homem toma o atributo — na penetração de prana — como o movimento vital de
suas forças intrínsecas.
Daí dizer o mesmo sábio citado acima:
“Os Tattvas são
as cinco modificações do Grande alento”. Agindo sobre Prakriti (a matéria cósmica
não diferenciada), esse “Grande Alento” lança—o em cinco estados que tem
movimentos vibratórios distintos e que desempenham funções diferentes.
O primeiro
estado Akâsa-Tattva. Vêm, em seguida, na ordem respectiva Vayu, Tejas, Apas e
Prithivi. Eles são também conhecidos pelo nome de Mahâbhutas.”
Rama Prasad
nos oferece um conhecimento que nos acompanhara muito na compreensão do
funcionamento dos fenômenos vitais: os cinco Tattvas são manifestações
diferenciadas da energia conhecida como Prakriti em si (energia não diferenciada).
Estamos, pois
unidos ao cosmos pela respiração. Como poeta talvez possamos nos expressar
melhor:
Prana
Em tua face as
janelas
Da respiração
Estão sempre
abertas.
O ar, asas de
prâna,
Traz do
pássaro da vida
Sua canção.
Ele não pára, vem
e vai
Só que prâna
Alma do ar,
Penetra e não
sai...
Deixa o corpo
fugir na exalação
E fica para
morrer,
Dando—te vida,
Esperando as
asas de nova inalação.
O todo a ti se
irmana
No ritmo do
vento.
Prâna a alma
do pássaro
Que faz o
ninho alento
Em teu coração.
No altar de
teu corpo,
vives do
sacrifício
Da respiração.
No mais
distante mundo sideral
O mesmo sopro
do senhor
Insufla o
mesmo hálito vital
Que dá beleza
à tua forma,
dando à tua alma
O ósculo do
amor.
" 'Prana',
termo sânscrito que significa 'Energia Absoluta'. Muitos eruditos em esoterismo
ensinam que o princípio denominado 'Prana' pelos hindus é o princípio universal
de energia ou força, e que toda energia ou força deriva deste princípio, ou
melhor, é uma forma particular da manifestação deste princípio... Podemos
considerá-lo como o princípio ativo de vida Força Vital, se assim lhes agrada.
Ele é encontrado em todas as formas de vida, desde a ameba até o homem desde a
forma mais elementar de vida vegetal à mais elevada forma de vida animal.
'Prana' é onipresente.(2)
De fato, quer
no espaço como no homem, o importante o movimento motivado pela respiração.
Não fora o
movimento, quer no micro como no Macrocosmo, nada possuiria vida. Esse
movimento oriundo da grande respiração ou alento, é o modo de agir de Deus.
Deste poder que surge a manifestação de Prakriti que, por sua vez, emite os Tattvas.
Explica melhor
Rama Prasad:
“Esse grande
poder o Parabrahma dos vedantinos, a primeira mudança de estado que se encontra
no ápice da evolução. É a primeira fase positiva da vida. Todos os Upanishads
estão de acordo a este respeito. No princípio Tudo era Sat (a fase positiva de
Brahma).”
É importante
sabermos que Sat equivale à realidade em si mesma, como também é o Absoluto. No
princípio, pois, só havia o absoluto. Não se imprimira ainda a manifestação do
movimento, ou seja, não surgira o Impulso da Grande Respiração. Foi portanto
este impulso que deu nascimento e continuidade à vida.
Prossegue Rama
Prasad:
“Desse estado
vieram, por graus, os cinco éteres, tattvas ou mahâbhûtas, como também se lhes
chama. “Dele vem o akâsa e assim por diante”, diz o Upanishad.
Esse Estado de
Parabrahma chama-se-lhe, no texto, “não Manifestado”. A manifestação para nós, não
principia se não com o Ego, o sexto princípio da nossa constituição - muito além
do que naturalmente Manifestado.”
Por fim vemos
que de fato o hindu empresta a Prana absorvido pela respiração todo o poder e
continuidade vital do homem. Tanto assim que o autor ditado destaca o poder de
Vayu, dizendo:
“ O processo
inteiro da criação, em qualquer que seja o plano da vida é provocado, muito naturalmente, pelos tattvas nas suas
duplas modificações positivas e negativas. Não há nada no universo que a lei
táttvica universal da respiração não abranja.
A ciência da respiração
assume na Índia a mais minuciosa complexidades basta dizer que os Rishis chamam
nossa atenção para as duas principais correntes que operam em a natureza. Uma de
prâna, diretamente vinda do sol e outra que se faz da energia solar rebatida na
Lua. Isto quanto á natureza. No homem, como sabemos, a Corrente solar se mescla
à irradiação de Marte e a corrente lunar (igualmente como o rebatimento solar)
se mescla à irradiação de Mercúrio.
Teríamos Sol e
Marte para Pingala e Sol, Mercúrio e Lua
para Idâ. A ideia de uma corrente lunar somente própria da magia negra. Como
este tema foge a nosso propósito, passemos adiante.
Em sentido
geral, pelo hábito adquirido, as escolas orientais comuns passaram a referir-se
somente ao Sol-Sûrya e Lu-Chandra, quanto às correntes de ar penetradas por
nossas narinas. Assim temos:
Pingala-nadi
ou Surya-Nadi
Idâ-nâdi ou chandra-ndi
A primeira,
penetrando pela narina direita (reconhecida como solar), a segunda, pela narina
esquerda (reconhecida como lunar).
Vimos que o
homem e o Cosmos se encontram interligados pela respiração. Por isso o ar que respiramos
não é somente canal de prana.
É necessário
afirmar que o prâna faz parte do primeiro alento de Parabrahma, quando
respiramos, absorvemos parte do primeiro impulso que foi dado pelo grande
alento. A vida que nos anima sob a forma de prâna nasceu, para os orientais, do
hálito Sagrado de Parabrahma ou Deus Cósmico.
O mundo todo e todas as coisas nele existentes são feitos dessa substância
primordial universal.
Os conhecimentos da índia, em sua profundidade científica e filosófica,
são comumente sintetizados, para maior entendimento ou retenção mental dos
chelas. Principalmente em se tratando de chelas (discípulos adiantados)
ocidentais. Exemplo do que afirmamos está na síntese apresentada em três nervos
(ou nâdis) do mecanismo vital do ser Idâ, Pingalâ Sushumnâ.
Ora, estes três nâdis são somente parte dos dez nâdis
principais. Dizem até que 72.000 nâdis saem do umbigo ramificando-se pelo corpo. Todos eles, afirmam,
conduzindo a força vital ou prâna, em seguida, explicam que os nâdis — de dois
a dois — se cruzam até formarem um número de 24 e destes destacam os 10 mais
importantes, dos quais três são os conhecidos Idâ, Pingalâ e Sushumnâ.
De qualquer forma todos os nâdis são canais de prâna, dizem,
quer seja através deles, em cima ou embaixo dos mesmos.
Os nâdis ligam-se ao
chakras que, por sua vez, suportam as cargas maiores da energia vital ou prâna.
De qualquer modo, a síntese apresentada nos três elementos
básicos no ato do prânâyâma ou respiração dirigida, há de, por certo, atingir
todos os nâdis que possui o corpo. O importante, para os mestres, é a ligação
que fizermos entre respiração, atitude do corpo (ou asâna) e pensamento.
Nunca é demais recordarmos que prânâyâma - domínio respiratório
do alento vital pela respiração encontrou seu maior desenvolvimento em Patanjali.
Neste insigne pensador que descobrimos a base do tema da respiração, bem como
das múltiplas manifestações de pontos importantes do corpo humano que ordenam a
circulação da vida.
Realmente Patañjali e sua escola simplificam as questões que
muitos falsos instrutores têm complica do de tal modo até torná-las incompreensíveis.
Observamos isto quando, sobre os mesmos ensinamentos de Patanjali, sentimos a
felicidade de encontrar um comentarista do valor de Ramacharaka. Temos o prazer
de transcrever alguns trechos deste autor, servindo parte do que se segue para recapitulação
e reforço de temas já estudados certamente pelo leitor:
“... Ensina-se a respirar ritmicamente,com inspiração lenta, retenção
momentânea do ar inspirado e expiração também lenta acompanhado todo ele (o
exercício) da sagrada palavra aum pronunciada mentalmente para servir de ritmo respiratório.
O seguinte período do pranayama a respiração por uma só narina.
Ensina-se ao candidato a tapar a narina direita, de modo que, ao
respirar, o ar só penetre pela narina esquerda, então o pensamento dirigido à
corrente de Ida para que chegue até o padma ou chakra da base da coluna vertebral
e atue em kundalini ali armazenado.
Uma vez feita a inspiração pela narina esquerda, a corrente de Idâ
dirigida ao centro psíquico da base da espinha, retém-se durante alguns
momentos a respiração, pensando imaginativamente que a corrente atravessa o dito
centro e passa ao lado direito da coluna vertebral por onde circula a corrente
de Pingala. Efetuada esta representação
mental se expira ou exala o alento lentamente pela narina direita, mantendo
entretanto tapada a narina esquerda.”
Ramacharaka apresenta
parte do exercício. o mesmo deve ser feito porém alternando a respiração, ora
pela narina da direita, ora pela
esquerda. Prossegue o mesmo yoguî:
“Sushumnâ canal da corrente central está fechado no homem comum,
porém quando se abre alcança o indivíduo a categoria de Yogui.
Assim que ao excitar a latente energia de kundalini ela tende a
ascender e vai abrindo caminho lenta e gradualmente a Sushumnâ, enquanto ativa
os diversos chakras situados ao longo da coluna.
Depois ensina-se ao
candidato a virtude de OHAS — nome de uma superior modalidade de energia
armazenada no Sahasrâra - que se manifesta na inteligência e na
espiritualidades”
Após estas preciosas anotaçoes à margem da obra “Filosofia e
religiões da Índia” de Ramacharaka, é indispensável que chamemos a atenção
quanto ao valor da respiração dirigida, bem como de todo o evolver dos fatos
internos e do desenvolvimento das energias latentes como tendo essa
complexidade da vida — origem no alento vital ou prâna.
Sem prâna inalado pelo
indivíduo nada pode ser conquistado quanto à sua vida psíquica, física e
mental. Esta é pois a razão por que todos os exercícios e ensinamentos, com
base na respiração, guardam tão grande prestígio entre os Rishis e yoguis.
A descoberta dos segredos do alento vital ou Prana, quer no
cosmos como no indivíduo, foi a fonte da realização mística da Índia. A própria Blavatsky - entusiasta fervorosa da
sabedoria hindu — exalta as excelcitudes de prâna de modo eloquente e até mesmo
poético:
“A vida universal, onipresente, eterna, indestrutível, e a parte
desta vida universal individualizada ou assimilada a nosso corpo é a que se
designa com o nome de Prâna.
“Encontra-se em todas as
coisas que têm vida, e como a filosofia ocultista ensina que a vida reside em
todas as coisas, em cada átomo e que a aparente falta de vida de algumas coisas
é só um grau inferior de manifestação, podemos admitir este ensinamento de que
o 'Prana' está em todas as partes e em todas as coisas.
Não se deve confundir o
'Prana' com o Ego, esse fragmento de espírito divino que há em toda alma, em
volta do qual se agrupa a matéria e energia. 'Prana' é meramente uma forma de
energia utilizada pelo Ego, em sua manifestação material.
Quando o Ego abandona o
corpo, não estando mais o 'Prana' controlado pelo Ego, só responde aos mandados
dos átomos individuais ou grupos de átomos, que formam o corpo, e quando o
corpo se desintegra e se dissolve em seus elementos originais, cada átomo leva
consigo suficiente 'Prana' para permitir-lhe formar novas combinações, e o
'Prana' não utilizado volta ao grande depósito universal do qual originou.
Enquanto o Ego controla, existe coesão, e os átomos mantêm-se unidos pela
Vontade do Ego”. (2)
Este texto é uma compilação
uma pesquisa :
(1)
Luis Goulart
(2)
(2) Ramacharaka
(3)
Postado por DharmadhannyaEL
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