terça-feira, 27 de agosto de 2013

A Mente e a Física Quântica





A Mente e a Física Quântica

O universo apresenta evidência de mente em três níveis, O primeiro nível é o dos processos físicos elementares na mecânica quântica. Nesta, a matéria não é uma substância inerte, mas um agente ativo que constantemente faz escolhas entre possibilidades alternativas, segundo as leis da probabilidade.

 Toda experiência quântica obriga a natureza a fazer escolhas. Parece que a mente, manifestada como a capacidade de escolher, é, até certo ponto, inerente a cada elétron. O segundo nível em que detectamos.. a mente, é aquele da experiência humana direta.

 Nossos cérebros parecem dispositivos aptos para a amplificação do componente mental das escolhas quânticas feitas pelas moléstias que estão dentro da cabeça. . .

 Há evidência.. de que o universo como um todo é hospitaleiro ao crescimento da mente... Portanto, é razoável crer na existência de um terceiro nível da mente, um componente mental do universo. Se acreditarmos nesse componente, então podemos dizer que somos pequenos pedaços do aparato mental de Deus.  Freeman Dyson1

“Talvez o sujeito não tenha uma alma que seja sua, mas só um pedaço de uma grande alma — a grande alma que pertence a todos”.

Henry Margenau e a Mente Universal

É fácil encontrar entre os poetas, místicos e filósofos apoio para a natureza anímica, não-localizada, da mente; pode-se até acrescentar à lista alguns cientistas que de quando em quando se entretiveram com a idéia.

 Mas é extremamente raro encontrar um cientista contemporâneo, respeitado entre seus colegas por suas contribuições fundamentais a sua área, que tenha declarado em público que a mente é universal.


Um tal indivíduo é Henry Margenau, Professor Emérito de Física e Filosofia Natural da Universidade de Yale. Completando uma carreira como eminente teórico tanto em física molecular quanto em física nuclear, o professor Margenau começou a investigar as bases filosóficas da ciência natural.

Hoje, a maioria dos físicos levam vidas um tanto curiosas. Eles vêem a física de maneira completamente utilitária — como uma ferramenta, como um meio para um fim. Esse modo de enxergar a ciência conduz a uma clara duplicidade existencial.

 A visão de mundo da física é radicalmente diferente daquela em que o físico — e nós — vivemos fora do laboratório. Quando ele guarda suas ferramentas no final do dia, deixa atrás de si aquela visão de mundo necessária ao uso desses instrumentos no laboratório, e assume outra, dominada pelo senso comum.

E claro que todas as pessoas possuem múltiplas visões de mundo que as orientam em diferentes circunstâncias, como no caso do homem de negócios que, no domingo, é um devoto, mas nos outros dias é cruel e impiedoso em sua conduta profissional.


E a razão de elas serem coerentes, sugere Margenau, não é porque nossos cérebros sejam semelhantes ou funcionem do mesmo modo, mas porque nossas mentes são unas.

E preciso uma única consciência para fazer uma única imagem do mundo, especialmente quando essa imagem é compartilhada por uns cinco bilhões de cérebros neste planeta. Só a Mente Una, uma Mente Universal, poderia fazer tal coisa.

 Para funcionar dessa maneira, ela deve ser não-localizada, no sentido de estar além dos cérebros e corpos individuais.

 Se a Mente Una não estivesse operante, moldando a grande quantidade de dados sensoriais processados a cada momento pelo mar de cérebros que há na Terra, poderíamos esperar a formação de imagens de mundo tão díspares quanto incomunicáveis.

Alguns rebatem essa proposta, dizendo que as imagens que fazemos do mundo são uma só porque há apenas um mundo para imaginar.

Essa concepção é a do realismo ingênuo. Margenau e a física moderna nos pedem que sigamos além, pois na realidade não há um “lá fora” totalmente exterior, objetivo e igual para todos.

 Há um aspecto da realidade que é mais profundo que o dos objetos “exteriores”, e que deve incluir a mente. Em última instância, essa é a realidade da Mente Una, Universal, que em sua expressão mais abrangente é Deus.

Mesmo admitindo nossa participação na Mente Universal de Margenau, ainda estaremos tentados a nos colocar à parte dessa concepção.

 Persistimos em nossa tendência de pensar sobre o Uno do mesmo modo como pensamos nos objetos — uma árvore, uma rocha, ou o pôr-do-Sol.
É provável que o Uno torne-se para nós uma coisa como outra qualquer. E assim agarramos o conceito de Mente Universal e o reificamos como A Grande Coisa Una.

 Mas o Uno não pode ser equivalente à Coisa Una. Esse é um exemplo de “pensamento particulado”. Nas antigas mensagens dos Vedas e dos Upanishades, às quais se referem Margenau e Schrodinger, o Uno nunca é mencionado como se ele sugerisse A Maior Coisa do Mundo. E usado metaforicamente. A idéia de Ken Wilber é útil e clara sobre este ponto:

Falar da Realidade como o Uno.. sem dúvida é útil, pois metaforicamente a coloca como espaço “singular” e absoluto de todos os fenômenos — [mas] é útil contanto que lembremos que trata-se de uma metáfora... Assim, sempre que... as tradições [espirituais] falam do “uno”, elas.. . não se referem literalmente ao “uno”, mas ao que melhor seria expresso como “não-dual”. Esta não é uma teoria do monismo ou do panteísmo, mas uma experiência da não-dualidade.13

A idéia de Mente Una é coerente com a física moderna e com muitas das grandes tradições espirituais da humanidade. E se de fato o Uno é isso, se ele é Uno, então somos parte dele — mas não apenas uma “parte”, pois senão violaríamos a relação não-dual, contra o que Wilber nos adverte.

Em última instância, devemos ir além da idéia de que nossa mente faz parte de alguma outra coisa — reconhecendo, como disse o físico Schrodinger, que em algum nível somos a Mente Una. Pois se algo estivesse fora dela, incluindo nós mesmos, ela não poderia ser o Uno — total, completo, fundamental.

 Margenau, como Schrodinger, percebe claramente as implicações espirituais da absorção da “parte” no todo. Trata-se, nada menos, que da relação da humanidade com Deus.

 Conforme ele disse,
Se minhas conclusões forem corretas, cada indivíduo é parte de Deus ou parte da Mente Universal. Uso a frase “parte de” com hesitação, lembrando a sua imprecisão e inaplicabilidade mesmo na física recente. Talvez uma forma melhor de colocar a questão seja dizer que cada um de nós é a Mente Universal, porém com limitações que obscurecem tudo menos uma pequena fração de seus aspectos e propriedades.14

A Mente como um Campo

Nas ciências da vida, como a biologia e a medicina, os cientistas não estão acostumados a lidar com entidades não-materiais. A própria expressão evoca idéias de fantasmas e espíritos. Mas na física moderna a situação é diferente.

 Nela os cientistas têm conceitos para várias entidades não-materiais, muitas das quais são chamadas campos. Embora estes não sejam materiais, a maioria deles não obstante está associada à matéria.

 Incluem, por exemplo, o campo de fluxo de um fluido em movimento, os campos elétrico e magnético envolvendo os corpos, o campo de temperatura da atmosfera, o campo de tensão num sólido comprimido.

Mas há alguns campos que não requerem a presença da matéria para serem significativos. Não estão ligados a coisas materiais e nunca poderiam ser chamados de materiais — por exemplo, o campo métrico na relatividade geral, os campos de radiação, e vários campos abstratos que ocorrem na física nuclear.

 Além disso, há os campos de probabilidade, que estão entre os “observáveis” fundamentais da física quântica, diz Margenau, juntamente com quantidades como posição, velocidade, massa e energia.

 Os campos de probabilidade caracterizam a essência da física quântica, desempenhando um papel chave no modelo de Margenau da Mente Universal.

A idéia de que a mente pudesse ser um campo não-material capaz de operar mudanças físicas no mundo não foi recebida com muita simpatia pela biologia moderna.

 Os biólogos só com relutância começam a perceber, se tanto, que a mente não depende, em termos físicos, do cérebro e do corpo, e que ela não será entendida de forma cabal pela química e anatomia do cérebro.

Segundo o físico britânico Paul Davies, “a física, que tem ido à frente das outras ciências, agora segue na direção de uma concepção mais condescendente em relação à mente, enquanto que as ciências da vida, seguindo o caminho dos físicos do século passado, estão tentando aboli-la por completo”.’15

 Davies cita a observação do biocientista Harold Morowitz sobre esta “curiosa inversão”:

O que aconteceu é que os biólogos, que outrora postularam um papel privilegiado para a mente humana na hierarquia da natureza, vêm seguindo de modo inflexível na direção do materialismo radical que caracterizou a física do século XIX.

 Ao mesmo tempo, os físicos, em face de irresistíveis evidências experimentais, vêm se afastando dos modelos estritamente mecânicos do universo para uma concepção em que a mente desempenha um papel integral nos eventos físicos. E como se as duas disciplinas estivessem em trens em alta velocidade, indo em direções opostas, sem notar o que está acontecendo nos trilhos.16

Embora heréticas quando vistas contra o pano de fundo do moderno materialismo biológico, as idéias de Margenau sobre a natureza não-material da mente seriam recebidas com simpatia por alguns dos maiores físicos deste século.

Niels Bohr declarou que, “reconhecida- mente, não podemos encontrar nada na física ou na química que tenha qualquer relação, mesmo remota, com a consciência’.17

 E seu contemporâneo, Werner Heisenberg, o criador do Princípio da Incerteza na física moderna, também colocou a questão claramente.

 “Não há qualquer dúvida”, disse ele, “de que a consciência não ocorre na física e na química, e não consigo ver como ela poderia resultar da mecânica quântica.”8

Cada um a seu modo, estes físicos — Bohr, Heisenberg e Margenau — ocupam essencialmente a mesma posição: a consciência não pode ser plenamente explicada pelas ciências físicas, conforme elas são entendidas na atualidade.

Muitos biólogos foram além da versão radical de materialismo enunciada em 1750 pelo influente cientista francês Julien de la Mettrie. “Concluamos com coragem, então”, instou ele, confiante, “que o homem é uma máquina.”19

 Hoje, uma das formas favoritas de transcender essa posição extrema é por meio do materialismo emergente, teoria segundo a qual a mente “emerge” num certo nível de complexidade da função cerebral.

 Mas este é ainda um modo materialista de pensar, pois a mente continua dependente do cérebro quanto à origem, como um bebê, depende da mãe. A teoria da “emergência” permite essencial- mente à biologia retornar ao materialismo pela porta dos fundos.

Mesmo se a mente, em certo sentido, de fato “emergiu” do cérebro, pode-se questionar o que, em última análise, é explicado pela palavra “emergiu”. Os problemas que envolvem a teoria emergente são explicados com clareza pelo filósofo da ciência Sir Karl Popper.

 “De um ponto de vista evolutivo”, declara ele, “considero a mente autoconsciente como um produto que emerge do cérebro... [mas] quero enfatizar quão pouco é dito ao se falar que a mente é um produto que emerge do cérebro. Isso não tem nenhum valor explanatório, e de certo modo equivale apenas a pôr-se um ponto de interrogação num certo lugar da evolução humana.”20

Muitos biólogos e filósofos colocam restrições às idéias de Margenau sobre a natureza não-material da mente. Como uma entidade não-material, totalmente independente da matéria, poderia fazer alguma coisa?

Podem “coisas” não-materiais agir sobre coisas materiais? Margenau sugere a possibilidade irracional de que coisas espirituais possam mover coisas materiais. Mas na mecânica quântica, o irracional de fato tem ocorrido: interações entre o não-material e o material são comuns.

Como afirma Margenau, “sabe-se que interações entre [o] imaterial e [o] material acontecem, na verdade são abundantes [na física moderna]. Todo motor elétrico depende disso.., entidades evasivas tais como os campos de probabilidade, um constructo puramente matemático.. . afetam o comportamento de entidades atômicas.21

Como poderia ocorrer essa interação mútua entre mente não-material e cérebro material? Na situação típica, quando algum trabalho se realiza entre duas entidades interagentes, uma certa quantidade de energia é transferida entre elas.

 Mas nem todas as interações do mundo físico são trocas de energia. Há mecanismos de controle e direção, por exemplo, em que não se realiza nenhum trabalho e, portanto, não se transfere energia.

 Outro exemplo citado por Margenau é o de um trem fazendo uma curva: os trilhos fazem pressão contra as rodas do vagão, aplicando uma força, mas esta é exercida em ângulos retos ao deslocamento e, assim, nenhum trabalho é realizado.
 Aqui é fundamental perceber que as noções ordinárias, comuns, do que significa um sistema “realizar trabalho” sobre outro, podem sucumbir.

Quando entidades interagem na natureza, a energia total do sistema permanece a mesma antes, durante e depois da interação (a energia é “conservada”). Mas, no mundo da física quântica, afirma Margenau, isso nem sempre é verdadeiro:

Há casos em que o princípio de conservação de energia na sua forma habitual não se aplica: como exemplos podem-se citar a passagem de elétrons através de barreiras... e talvez o mais miraculoso de todos: uma massa física pode ser criada do nada sem contradição às leis da física.22

Isso dá uma grande abertura para a ação da mente não-material sobre o cérebro material, sem que aquela precise apresentar algum quociente de energia para despender no processo.

 O quadro que emerge das observações de Margenau, portanto, é o seguinte: a mente não-material pode ser livre e independente do cérebro físico, sendo porém capaz de influenciá-lo sem ter que fornecer qualquer parte da energia necessária à interação entre ambos.

 Esta possibilidade, por muito tempo, negada na biologia, é plenamente admissível na física moderna, afirma Margenau, estando em perfeita concordância com os princípios conhecidos, sem violar qualquer lei.
 Ele discorre longamente sobre como a interação mente-cérebro poderia efetuar-se:

Em sistemas físicos muito complexos, tais como o cérebro, os neurônios e os órgãos dos sentidos, cujos constituintes são suficientemente pequenos para serem governados por leis quânticas probabilísticas; o órgão físico está sempre pronto para um grande número de possíveis mudanças, cada qual com uma probabilidade definida; se ocorre uma mudança que requer energia... o intrincado organismo a fornece automaticamente.

 Por conseguinte, mesmo que a mente tenha algo a ver com a mudança, isto é, mesmo havendo uma interação mente-corpo, aquela não seria exortada a fornecer energia.23

Assim a resposta ao eterno enigma de como a mente não material fornece energia para afetar o cérebro ou o corpo material pode ser a seguinte: ela não fornece. A energia vem do cérebro.

 Em todo caso, visões múltiplas da realidade são absolutamente necessárias para se permanecer vivo e operante neste mundo, conforme demonstrou o psicólogo Lawrence LeShan em seu livro Alternate Realities [Realidades Alternadas]2

 A tarefa é sempre escolher o modo de encarar o mundo que melhor se ajuste à situação. Seria impossível, e bastante insensato, viver coerentemente de acordo com uma só visão de mundo.

 Sabemos disso intuitivamente, e ninguém tenta aferrar-se à mesma visão da realidade o tempo todo. Quando trabalhamos, brincamos e sonhamos, estamos constantemente assumindo e abandonando diferentes pressuposições sobre a realidade, embora possamos não fazê-lo conscientemente.


O professor Margenau ampliou a visão de mundo do laboratório de física, sugerindo que esta ciência alude a uma realidade significativa não apenas quando se faz física, mas também ao se fazer um lance no recinto da bolsa de valores, atravessar a rua ou limpar a geladeira. Esta concepção é de longo alcance e a tudo inclui, contendo em si todas as visões de mundo auxiliares e utilitárias que assumimos e abandonamos em nosso dia-a-dia.

Recentemente, têm aparecido muitos livros sobre a “nova física” e sobre como este conhecimento pode relacionar-se com os assuntos humanos. Mas a contribuição de Margenau é singular.

 Sua obra, The Miracle of Existence [O Milagre da Existêncial , é a mais vigorosa e excitante exposição surgida nos últimos anos, talvez desde as propostas de Schrõdinger.

 As implicações espirituais revelam-se inequivocamente, pois não se trata apenas de um livro sobre física, mas de um livro sobre Deus.

Margenau usa o termo “Mente Universal”, que é equivalente à nossa mente não-localizada. Empregamos este último do começo ao fim deste livro por conter ele uma neutralidade que “Mente Universal” não possui, devido às conotações religiosas que têm pesado sobre esta denominação.

 Mas, na análise que segue, utilizaremos fundamentalmente a própria terminologia de Margenau. O leitor pode trocar livremente o termo “universal” por “não-localizado”, sem cometer nenhuma injustiça para com as elevadas concepções desse cientista.
“Unidade” e “unicidade” são a base da dieta diária do poeta e do místico. Mas por que os físicos, hoje, falam desses assuntos? Nossos físicos “viraram místicos”?

Uma das razões que justificam os físicos voltarem-se para essas questões é um “fato tão banal, conquanto peculiar, que não é capaz de causar espanto ao cientista moderno[:j . . . a igualdade das propriedades dos constituintes elementares da matéria”.4

 Todo estudante de escola primária sabe que há uma espantosa coerência e unidade na natureza. Todos os átomos de oxigênio, e todos os átomos de uma dada espécie, têm a mesma massa ou peso.

Todos os elétrons têm a mesma massa, spin e carga, o que reflete uma precisão que nunca poderia ser atingida nas coisas feitas pelo homem. E isto é verdadeiro para todas as propriedades dos constituintes elementares conhecidos da matéria.

Quando encontramos esta igualdade e unidade no mundo macroscópico do dia-a-dia — como, por exemplo, no fato de as moedas e as cédulas serem do mesmo valor e os automóveis serem da mesma fabricação, ou na uniformidade do maquinário de uma linha de montagem —, de imediato supomos que foram planejadas pelo homem e, portanto, refletem a mente do homem.

 “Não deveríamos fazer uma suposição semelhante, e não somos compelidos a fazê-la com respeito às entidades fundamentais da física atômica e nuclear. . . [embora] a inteligência que há por trás delas não seja a do homem[?]”5

Margenau admite a resistência óbvia, emocional e racional que os cientistas ocidentais sentem em postular uma Mente Universal, da qual fariam parte todos os seres conscientes e “talvez todas as entidades que compõem o mundo”.6

Com o intuito de tomar esta idéia “menos repulsiva ao físico moderno”, ele faz uma série de observações adicionais para atenuar o choque.

Há um aspecto na física nuclear recente, contido na atual teoria da medida, que implica algo como uma unicidade no mundo físico. Ao explicá-lo, Margenau faz uso do termo onta, que ele emprega para designar “qualquer entidade seja lá qual for, especialmente quando ela desafia a intuição comum”.7

(Onta é o plural de on, palavra grega que significa “ser”.)

As descobertas da física nuclear sugerem que, em certas situações, diferentes ondas conseguem juntar-se, perdendo a sua identidade — uma clara sugestão de que a unicidade existe nos níveis mais fundamentais da natureza.

 Mas esta forma de unicidade é complexa; pois, embora haja uma perda de identidade, os onta não se fundem numa total indistinguibilidade; eles ainda conservam o seu “número”. Assim, a individualidade persiste, paradoxalmente, no movimento que conduz à unidade deste nível da natureza.

Como exemplo, considere o comportamento dos nêutrons e dos prótons. Quando estão separados no espaço e, portanto, não interagem, um deles é neutro e o outro carrega uma carga positiva.

Ao chegarem suficientemente próximos entre si, “suas identidades desaparecem, suas propriedades se fundem, tomando-se então impossível uma distinção entre eles. Mas são ainda dois onta”.5

Além disso, Margenau mostra que os cientistas de hoje admitem a existência de três forças fundamentais distintas entre os constituintes do mundo nuclear.

 A potência dessas forças depende da energia das entidades interagentes. A baixas energias de interação, sua potência difere enormemente.

 “Estranhamente, porém, valores das três forças quase equivalem-se em energias extremamente altas, se as teorias atuais estiverem corretas.”9 Mais uma vez, uma indicação de unicidade.

O que concluímos dessas observações? Átomos não são seres humanos e elétrons não são mentes. Há algum ponto de comparação entre as “unicidades” existentes nos níveis físico e mental?

 Margenau está convencido de que é possível falar, como físico, sobre a unicidade que abrange níveis distantes da natureza, devido às relações da ciência moderna. Como evidência de que não está sozinho nesta convicção, ele arrola os pontos de vista de duas figuras centrais da física moderna, Werner Heisenberg e David Bohm.

 Pouco antes de morrer, Heisenberg publicou um artigo que continha a proposta de que certos conceitos fundamentais e mecanicistas do senso comum, tais como “ser composto de” e “ter partes distintas e designáveis”, podem não ter sentido para as realidades extremas com as quais a física procura lidar.

 E o físico Bohm expressou a mesma opinião. “Assim”, disse ele, “chega-se a uma nova noção de totalidade ininterrupta, que nega a idéia clássica de analisabilidade do mundo em partes separadas e independentes.” E como o “pensamento particulado” desaparece no nível dos átomos.

 Margenau faz uma pergunta fundamental:

Não seria esse tipo de negação [a negação da separabilidade em partes] necessária também para a consciência, para a mente, de modo que a questão das mentes separadas, contribuindo para ou formando a mente universal, pudesse tomar-se significativa?

 Alguns filósofos que contribuíram para os Vedas e os Upanisbades responderiam afirmativamente, sem dúvida; e as afirmações dos místicos que fundiram-se em êxtase com Deus fornecem evidências adicionais para a natureza a-numérica das almas.11

Esses grandes cientistas sugerem que o conceito de totalidade não está limitado ao domínio atômico. Se o “pensamento particulado” é ineficaz ao nível atômico, também é inadequado ao nível mental.

 E o que é uma mente sem partes? E a Mente Una ou Mente Universal, o “Tao, Logos, Brahman, Atman, o Absoluto, Mana, Espírito Santo, Weltgeist, ou simplesmente Deus”.

Para Margenau, o fato de percebermos o mesmo mundo evidencia a existência da Mente Universal. Sim, a concepção que as pessoas têm das coisas não é precisamente idêntica, fato este documentado por décadas de experiências em psicologia da percepção.

Contudo, há uma equivalência aproximada entre nossas percepções, de que ninguém pode duvidar; podemos comunicar experiências partilhadas sobre o mundo sem muita dificuldade.

 Então, que conclusão tiramos do fato de compartilharmos coletivamente um quadro coerente do mundo? Este fato é de grande importância, diz Margenau.

Depois de recebermos os estímulos que nos chegam, eles são

 transcritos... [para uma] realidade física, em essência a mesma para todos... . [Esta] unidade do todo implica a universalidade da mente, se lembrarmos que a matéria é um constructo da mente.12

Essa possibilidade significativa é sistematicamente ignorada pelos psicólogos da percepção, neurologistas e filósofos da mente.

 Se, conforme admite a neurociência moderna, nada podemos saber exceto por meio dos sentidos, então por que não um mundo diferente para cada cérebro?

 Os cérebros não são iguais até em gêmeos idênticos. E o mesmo cérebro, de um momento para o outro, pode perceber os mesmos estímulos de maneira diferente, e fazer uma imagem diferente do mundo.

 Ao pensarmos quão diferentes as imagens de nossos cérebros poderiam ser, é espantoso que elas se mostrem tão coerentes.

Muitos biólogos e filósofos colocam restrições às idéias de Margenau
 sobre a natureza não-material da mente. 
Como uma entidade não-maerial, totalmente independente da matéria, poderia fazer alguma coisa?

Podem “coisas” não-materiais agir sobre coisas materiais? Margenau 
sugere a possibilidade irracional de que coisas espirituais possam mover coisas materiais.
 Mas na mecânica quântica, o irracional de fato tem ocorrido: 
interações entre o não-material e o material são comuns. 
Como afirma Margenau, “sabe-se que interações entre [o] imaterial e [o] material acontecem, na verdade são abundantes [na física moderna]. Todo motor elétrico depende disso.., entidades evasivas tais como os campos de probabilidade, um constructo puramente matemático.. . afetam o comportamento de entidades atômicas.21

Como poderia ocorrer essa interação mútua entre mente não-material e cérebro material? Na situação típica, quando algum trabalho se realiza entre duas entidades interagentes, uma certa quantidade de energia é transferida entre elas. 
 Mas nem todas as interações do mundo físico são trocas de energia. Há mecanismos de controle e direção, por exemplo, em que não se realiza nenhum trabalho e, portanto, não se transfere energia.

 Outro exemplo citado por Margenau é o de um trem fazendo uma curva: os trilhos fazem pressão contra as rodas do vagão, aplicando uma força, mas esta é exercida em ângulos retos ao deslocamento e, assim, nenhum trabalho é realizado.
 Aqui é fundamental perceber que as noções ordinárias, comuns, do que significa um sistema “realizar trabalho” sobre outro, podem sucumbir. 
Quando entidades interagem na natureza, a energia total do sistema permanece a mesma antes, durante e depois da interação (a energia é “conservada”). Mas, no mundo da física quântica, afirma Margenau, isso nem sempre é verdadeiro:

Há casos em que o princípio de conservação de energia na sua forma habitual não se aplica: como exemplos podem-se citar a passagem de elétrons através de barreiras... e talvez o mais miraculoso de todos: uma massa física pode ser criada do nada sem contradição às leis da física.22

Isso dá uma grande abertura para a ação da mente não-material
 sobre o cérebro material, sem que aquela precise apresentar
 algum quociente de energia para despender no processo.

 O quadro que emerge das observações de Margenau, portanto,
 é o seguinte: a mente não-material pode ser livre e independente
 do cérebro físico, sendo porém capaz de influenciá-lo sem ter
 que fornecer qualquer parte da energia necessária à interação entre ambos. 
 Esta possibilidade, por muito tempo, negada na biologia, 
é plenamente admissível na física moderna, afirma Margenau,
 estando em perfeita concordância com os princípios conhecidos,
 sem violar qualquer lei.
 Ele discorre longamente sobre como a interação mente-cérebro
 poderia efetuar-se:

Em sistemas físicos muito complexos, tais como o cérebro, os neurônios
 e os órgãos dos sentidos, cujos constituintes são suficientemente pequenos 
para serem governados por leis quânticas probabilísticas; o órgão físico
 está sempre pronto para um grande número de possíveis mudanças,
 cada qual com uma probabilidade definida; 
se ocorre uma mudança que requer energia... 
o intrincado organismo a fornece automaticamente. 
 Por conseguinte, mesmo que a mente tenha algo a ver com a mudança, 
isto é, mesmo havendo uma interação mente-corpo, aquela não seria 
exortada a fornecer energia.23 
Assim a resposta ao eterno enigma de como a mente não material
 fornece energia para afetar o cérebro ou o corpo matéria
 pode ser a seguinte: ela não fornece. A energia vem do cérebro".

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