segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Segurança da Empatia na sua vida e na vida da criança.




A Segurança da Empatia  na sua vida e na vida da criança.

Bruce está mal-humorado e sua mãe diz: “Vá para o seu quarto, até que possa ser agradável aos outros.” Ela lhe permite que fique irritado, mas evidentemente não o quer por perto nessas condições. Em suma, ela deixa claro que o seu mau humor é um convite à rejeição.

As emoções negativas fortes criam tensão interior; no entanto, muitas vezes recusamos a ajuda construtiva quando as crianças mais necessitam dela. Dizemos que queremos a confiança de nossos filhos, mas nossas reações, muitas vezes, os afastam. E se não podemos aceitar os sentimentos de uma criança, também ela aprende a rejeitá-los.

Necessidade de empatia
Pense, por um momento, em você mesmo. Quando você comunica um sentimento não quer ser desaprovado ou encontrar razões que o façam negar o que sente. Você quer ser ouvido com compreensão. Quando você espera ser compreendido, sente-se seguro para falar.

Imagine por um momento que está profundamente preocupado com uma operação a que sua filha deverá se submeter proximamente. e conta suas preocupações a uma amiga.

 Se ela responde: “Ora, não se preocupe. Tenho certeza de que tudo correrá bem”, você dificilmente se sentirá compreendido. Essa tentativa de tranquilizá-lo não representa absolutamente nada. Muito provavelmente, você pensará:

“Grande ajuda dizer isso. Aposto que ela nunca teve uma filha que precisasse ser operada.”

Mas suponhamos que, em lugar disso, ela tivesse dito com ênfase:

 “Meu Deus, são dias de preocupação para você!” Essas palavras e esse tom mostram que ela compreende como você está se sentindo no  momento. Você não expressa seus receios para que lhe digam que são infundados;
você quer compreensão para diminuir o peso da preocupação. Sofrer sozinho é sempre mais difícil do que saber que os outros “estão” com você. A compreensão humana provoca conforto e segurança e vence a distância da alienação.

O que é a empatia

Há uma palavra especial para esse tipo de compreensão que todos desejamos. E empatia. Algumas pessoas confundem simpatia com empatia.


 Mas a primeira expressa uma atitude de Ah, coitadinha de você!”. Embora em certas ocasiões possamos necessitar de piedade, esta nunca pode ser tão útil quanto a verdadeira compreensão.

A empatia é ser compreendido de acordo com nosso ponto de vista.

Significa que outra pessoa entra em nosso mundo e mostra que compreende nossos sentimentos, refletindo de volta a nossa mensagem. Ela deixa, temporariamente, o seu mundo para estar conosco em todas as sutilezas de significados que uma determinada situação tem para nós.

 Como Cari Rogers observou, a pessoa empática está conosco, não para concordar ou discordar, mas para compreender sem julgamento.

Nós nos comunicamos com os outros, normalmente, por dois caminhos: as palavras e a expressão corporal. Em geral, as palavras contêm os fatos, enquanto nossos músculos e tons revelam nossos sentimentos em relação a esses fatos.

 O significado total de nossas mensagens está combinado e nossa esperança é que as outras pessoas compreendam integralmente. Mas essa compreensão se baseia no seguinte:
as atitudes e sentimentos são mais importantes do que os fatos.

Quando seu filho conversa com você, só encontrará um entendimento autêntico se você lhe refletir de volta a totalidade do seu significado. Se, por exemplo, Ted se deixa cair na poltrona da sala de estar e diz, num tom desanimado: “Finalmente terminei aquele trabalho da escola”, suas palavras indicam que o projeto foi completado.

Mas seu tom e sua postura revelam como ele se sentiu a respeito: está deprimido e desanimado.
Se o pai de Ted responde apenas às palavras do filho, reflete de volta apenas o conteúdo ao dizer:

 “Bem, você terminou o trabalho.” Ao ouvir suas palavras repetidas como por um papagaio, Ted sente que foi ouvido num nível, mas certamente não se sente compreendido em termos do que aquela experiência significa para ele.

Seus sentimentos com relação ao projeto são consideravelmente mais importantes do que o significado literal de suas palavras. Mas a resposta do pai deixa os sentimentos de Ted intocados.

Se, porém, o pai de Ted ouvir a mensagem total de seu filho, será sensível tanto à mensagem verbal quanto à não-verbal. Demonstrará sua compreensão se disser: ‘Embora esteja terminado, você está completamente desanimado”. Nesse caso, ele capta todo o conteúdo do mundo de Ted; seu filho, por sua vez, sente o calor da compreensão humana.

Quando você é empático, não procura mudar os sentimentos da criança. Simplesmente tenta aprender como ela sente a parte do elefante, por assim dizer.

 Você não procura ver porque ela sente dessa maneira, apenas tenta perceber todas as nuances de seus sentimentos naquele momento. Você consegue ver como a criança vê, sentir como a criança sente.

A empatia é o quinto ingrediente da segurança psicológica.



Como o homem é um ser social, ele procura superar a solidão criando a intimidade psicológica. Para isso, porém, ele deve saber que será ouvido empaticamente.

Os seres humanos são criaturas sensíveis e para que tenham um respeito próprio autêntico precisam que seus sentimentos sejam aceitos e compreendidos.

Como parte do processo de socialização, a criança aprende que nem todos os sentimentos podem ser transformados em ações.

Mas aprender que pode revelar suas reações íntimas, e que as pessoas importantes na sua vida compreenderão, ajuda a criança a aceitar aquilo que realmente é — um ser humano, com todos os tipos de emoções.

Você já pensou que pode conhecer todas as estatísticas e todos os fatos relacionados com uma criança, e ainda assim não a conhecer realmente — ou seja, como pessoa — enquanto não compreender o ponto de vista dela?

Você não a conhece enquanto não compreende a maneira que ela tem de organizar pessoalmente o que lhe acontece. Você não pode conhecê-la enquanto não penetrar no seu mundo interior, privado.

E na arena dos sentimentos que os seres humanos vivem, respiram e morrem psicologicamente. Quando fechamos a porta aos sentimentos, tornamos impossível a vida, o crescimento e a essência da individualidade. Quando fechamos a porta ao entendimento empático, acabamos com a intimidade, a segurança e o amor.



Vejamos uma situação típica tratada primeiro de maneira a enfraquecer a segurança e, em seguida, de maneira a estimulá-la:

Karen, uma menina de três anos, fica com medo do barulho supersônico de um avião e corre chorando para a mãe.
Reação típica:
Sua mãe diz: “Ora, minha filha, é apenas um barulho supersônico feito por um avião. Você não precisa ter medo.”

Essa tentativa de tranquilizar a criança diz, em essência: ‘Não tenha esse sentimento de medo. Não há necessidade de ter medo do barulho dos aviões.” Evidentemente a mãe de Karen tenta acabar com o medo por meio de uma explicação lógica.

Mas os barulhos muito fortes são realmente assustadores para as crianças pequenas, qualquer que seja a sua causa. A lógica acaba com a empatia. E Karen não se sente compreendida. As explicações são mais úteis depois de ter-se lidado com os sentimentos. No momento dos sentimentos fortes, a primeira necessidade é de compreensão. As explicações devem ficar para depois.

Reação empática:
- A mãe de Karen abraça a filha e diz: ‘Meu Deus,foi um barulhão. E terrível!”
Nesse breve momento, a mãe de Karen entra no mundo atemorizado da filha e mostra que a compreende. A resposta empática diz a Karen, primeiro: “Mamãe está comigo; ela sabe como me sinto”. Quando a criança sabe que seu medo é compreendido, ela é mais capaz de ouvir a razão lógica para esse som.
A empatia é ouvir com o coração e não com a cabeça. Se a resposta empática é dita em tom frio, neutro, a criança não se sente compreendida.

Você provavelmente já relatou urna experiência a outra pessoa, que respondeu muito naturalmente: “E, deve ter sido difícil.” Você não se sentiu compreendido. Se, por outro lado, essa pessoa disser:

“E, deve ter sido difícil!”, como se realmente pensasse assim (seu tom e a expressão de seu rosto lhe mostra que ela realmente “está” com você, então você se sente compreendido.

 O tom de voz e os músculos indicam se a outra pessoa entrou no seu mundo com compaixão e compreensão, ou se simplesmente disse alguma coisa. Os tons dão as chaves quanto à sinceridade do entendimento. (Voltaremos ao assunto no Capítulo 14).

Pré-requisitos para a empatia

A verdadeira empatia é o casamento das atitudes com a habilidade. Esta última implica a capacidade de se penetrar no mundo da outra pessoa com compreensão. O pai ou a mãe, que se sente relativamente tranquilo  no íntimo, tem mais facilidade para entrar no mundo de seu filho do que se estivesse envolvido em conflitos intensos.

“Eu mal consigo ouvir meus filhos”, diz o sr. G., “porque há tanto barulho dentro de mim. Todas as vezes que falam comigo, eu fico envolvido com minhas próprias reações íntimas.” Esse pai deve controlar as suas emoções antes, para poder ser realmente empático com seus filhos. Ele precisa ser capaz de soltar os seus próprios sentimentos para estar com os filhos.

A empatia vem mais facilmente quando somos sensíveis aos tons de voz e às inflexões, às posturas corporais, aos gestos e às expressões faciais. Muitas pessoas não prestam atenção a esses indícios; não estão habituadas à expressão não-verbal. Mas o psicólogo Albert Mehrabian afirma que apenas 7% de uma mensagem é transmitida pelas palavras, enquanto o resto é expresso pelo tom e pelos músculos.

A sensibilidade à expressão corporal é essencial à empatia. Ela pode ser aumentada pela prática e pelo esforço. A sua possibilidade de ser empático é afetada pela sua atitude oi seja, pelo papel que você desempenha como pai ou mãe.
 A empatia vem mais facilmente quando esse papel é visto como o de um estimulador, com uma grande margem de confiança na capacidade de auto- direção de seu filho. A empatia é mais difícil quando você acredita que deve dirigir e guiar os filhos; quando você acha que sempre sabe mais.

Com muita frequência, em lugar de tentar compreender, nós argumentamos, ou ralhamos, ou pressionamos para que as crianças organizem suas reações tal como nós mesmos teríamos feito se estivéssemos no lugar delas.

Mas a questão é que nós não somos os nossos filhos. Eles têm as suas próprias maneiras de organizar as experiências e essa individualidade deve ser respeitada. Uma atitude que tolera as diferenças e respeita a integridade da outra pessoa torna mais fácil a empatia.

Finalmente, a sua atitude para com as emoções, em geral, é muito importante. Se você tem medo delas, será difícil, talvez impossível, ser totalmente empático. A empatia implica em ouvir e aceitar os sentimentos como realidades autênticas e não como “tolices”. Ser sincero com os seus próprios sentimentos e recusar a julgá-los, ajudará você a dar segurança empática aos seus filhos.

Vantagens da empatia

A empatia é uma prova vigorosa de interesse. Quando você deixa de lado, temporariamente, o seu ponto de vista para estar com seu filho, você demonstra um respeito fundamental por ele, tratando-o como um indivíduo à parte, cujo ponto de vista pessoal tem importância.

A empatia diz: “A maneira pela qual você vê as coisas é importante para mim. Vale o meu tempo e esforço para estar com você em seus sentimentos. Eu realmente quero compreender como você é, porque eu me importo.”

A empatia permite que seu filho se considere um comunicador competente. Ele aprende que pode comunicar-se com as pessoas que lhe são importantes. E o sucesso na comunicação é importante para o respeito próprio.

 A empatia tem importância fundamental para que as linhas de comunicação fiquem abertas. As crianças deixam de falar quando se sentem sempre incompreendidas.
Um dos padrões encontrados nos lares de crianças dotadas de elevada auto-estima é uma grande dose de conversa espontânea e despreocupada.

Essas crianças se sentem seguras para expressar sentimentos e opiniões. Embora as outras pessoas nem sempre concordem com elas, suas opiniões pessoais são respeitadas. Nada interrompe mais uma conversa do que o conhecimento de que as nossas opiniões não serão respeitadas ou compreendidas.

Não há dúvida de que a empatia comunica o amor.

Ela estimula a proximidade tema, a intimidade e elimina a solidão. Assim como a empatia aproxima seu filho de você, também aproxima você dele.

 Quando nos colocamos no lugar de outra pessoa, quando realmente conseguimos captar o seu ponto de vista, repentinamente acontece algo: o comportamento dessa pessoa passa a ter sentido. E, então, é difícil ficar com raiva ou aborrecido.

A empatia ajuda a colocar o julgamento de lado.

O relato da sra. N. é um exemplo vivo do papel da empatia na criação da intimidade e na libertação dos pais quanto aos julgamentos irritados.

 “Gladys estava sempre implicando com a irmã mais nova, que tem muito mais força do que ela. Procurei ressaltar suas qualidades e compreender, mas ela não se modificou.

Quando a estava colocando na cama, certa noite, ela começou a queixar-se novamente da irmã e tentei ouvi-la com toda a minha compreensão. Logo depois, ela começou a falar dos companheiros de escola.”

“Mamãe”, disse ela, “na escola é como aqui em casa. Todas as outras crianças são mais fortes do que eu em quase tudo lo que era verdade] e sempre vencem.

 Eu sou a última. Elas são melhores até com as palavras. O que elas dizem às vezes me magoa tanto, que fico sufocada e não consigo dizer nada.”
‘Enquanto ela falava, percebi como era o seu mundo e isso partiu o meu coração. Em toda parte ela estava com crianças que se sentiam superiores a ela. Imediatamente a sua implicância com Anne passou a ter sentido.

 Em casa, era o único lugar onde tinha uma possibilidade de igualar a situação. Não era de espantar que fosse incansável. Quando pude realmente compreender, não tive raiva. Senti apenas compaixão e carinho e resolvi tomar algumas medidas para lhe dar maior espaço para respirar.”

Incompreendida, a criança se sente posta de lado e a intimidade desaparece. Elas concluem que “Meus pais não compreendem. Eles não se importam— talvez eu não seja digna de que se importem”. Ao contrário, sempre que alguém, criança ou adulto, se sente profundamente compreendido, sente-se também amado, pois

a compreensão é a linguagem do amor.

A segurança nunca é completa se não houver empatia entre pais e filhos, embora o entendimento contínuo não seja essencial.

O entendimento periódico, porém, permite à criança dizer: “Pelo menos em algumas ocasiões meus pais compreendem o que é ser como sou.”

Verifique a sua atitude em relação a esta questão importante:
Através de que olhos você vê? Se você verificar que habitualmente vê
apenas o seu ponto de vista, provavelmente não estará dando aos seus
filhos o amor necessário.

Se pelo menos, ocasionalmente, você pode ver o mundo de acordo com o ponto de vista deles, é mais provável que seu amor se evidencie. Lembre-se dos cegos e do elefante. Não diga ao seu filho que você compreende: mostre isso pela empatia, se coloque no lugar dele. Assim, você estará provando seu amor".
Pesquisado por Dharmadhannyael

O texto está liberado para divulgação desde que seja citado a fonte:

http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/2013/09/a-seguranca-da-empatia-na-sua-vida-e-na.html

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