sexta-feira, 18 de abril de 2014

o segredo da saúde dos pés







"O Segredo dos PÉS"
 Pesquisado por dharmadhannyael

Agora, olhe para seus pés. É isso mesmo, pare de ler esta página e fique um minutinho olhando bem atentamente os seus pés.

Pegue um espelho, se quiser, e dê uma olhada em regra nos pés. Quem são eles? Com que se parece sua forma? Qual a sensação que têm?

 Fornecem a estrutura apropriada sobre a qual você pode erigir o resto de seu Corpomente?

É saudável a aparência de seus pés? Seus artelhos estão dobrados para dentro? Os pés são mais frios do que o resto do corpo?

Eles lhe fornecem prazer ou apenas dor? Você cuida bem deles? Do que eles gostam?

Pés saudáveis, desbloqueados, não torcidos, são plataformas com três pontos distintos de contato e com um arco metatársico suficiente. Se você tem pé chato, significa que você tem uma só superfície continua de contato entre cada pé e o chão. Se tem arco exagerado, significa que seus pés fazem contato com a terra em somente dois lugares.

Os pés, e a maneira como a pessoa os usa para ter apoio e equilíbrio, são excelentes indicadores de quanto a pessoa está estável e grounded, pois pude observar que o modo como a pessoa está fisicamente grounded é, com frequência, idêntico ao modo como está emocionalmente grounded.


 Por este motivo, existe muita coisa a ser aprendida observando-se os pés. Segundo Willian Schutz, "os pés são de importância vital em termos psicológicos porque são o contato com a realidade, com o chão e com a gravidade. Em nível físico, um desequilíbrio nos pés compromete o equilíbrio da totalidade da estrutura."

 Como resultado de sua estrutura e função, os pés indicam a postura e a atitude crônica que uma pessoa precisa assumir a fim de enfrentar confortavelmente os desafios de sua vida.

 Por exemplo, quando falamos de alguém que "tem o pé no chão", queremos em geral nos referir a alguém que tem um bom senso da realidade, ao passo que ao qualificarmos alguém de "avoado" estamos indicando que está fora de contato com a realidade.

A maneira mais fácil e mais óbvia de discutir a estrutura do pé e seu relacionamento com a personalidade é através de exemplos: porém, conforme eu for descrevendo estes tipos de pés, por favor lembre-se de que cada um de nós é uma totalidade organísmica.

Pés saudável , mostrando três pontos de contato com o solo.



Criamo-nos como uma unidade completa e os pês que criamos estão intimamente vinculados ao resto de nós mesmos.

 É necessário, porém, apresentar muitas das partes antes que os "todos" tornem-se mais óbvios a você e conforme formos nos envolvendo cada vez mais com essa noção de que o corpo é o reflexo direto do caráter, os inter-relacionamentos entre as várias partes do Corpomente e suas regiões irão tornar-se mais visíveis.


Pés chatos
Meus pés são chatos desde que me entendo por gente, de modo que sei bem o que vem a ser isso. Pés chatos indicam uma maneira semgrounding, "achatada", de se relacionar com o mundo, tanto física quanto psicologicamente.

 A pessoa de pé chato escorrega e desliza pela superfície do planeta, sem jamais deitar propriamente
raízes, nem jamais ficar parada. Este tipo de pé garante uma grande facilidade de movimentação mas não permite a fluidez e a estabilidade que tornariam eficiente aquela facilidade.

A desvantagem desta combinação psicossomática· é que uma pessoa assim terá dificuldades em manter uma constância quanto a outras pessoas e responsabilidades, sendo motivada a se pôr em movimento por uma necessidade nervosa, ao invés de sê-lo por algum motivo especifico.

 Tende também a ter costas, pescoço e cabeça superdesenvolvidos, a fim de psicossomaticamente acomodar a falta de estabilidade e de apoio por parte do segmento inferior.

Para este  tipo de peixe, a quietude não é água natural em que possa ficar confortavelmente nadando.



Pés em garra
Existe um teste simples por meio do qual você pode logo saber que tipo de pé é o seu. Primeiro, arrume um amigo para ajudá-lo.

Fique em pé e numa posição natural e confortável. Agora, peça ao amigo que apoie as mãos em seu peito e que comece a empurrar você.

 A força deste empurrão deve ser forte o bastante pata que você tenha que enrijecer seu corpo em resposta a este "ataque"; mas não deve ser forte demais para não derrubá-lo. A seguir, faça com que ele fique atrás de você e empurre de novo, desta vez pressionando nas costas, no meio das espáduas.

 Você poderá fazer com que ele também experimente derrubá-lo, empurrando-o de cada um dos lados.

 O empurrão deverá ser lento e gentil para que, conforme for crescendo a pressão deste movimento, você precise ir lentamente enrijecendo os músculos e reorganizando sua postura a fim de fazer frente a este confronto.

 Enquanto estiver respondendo à pressão física, preste atenção a que partes de seu corpo resistem de modo ativo a este ser empurrado, em como tais partes praticam essa resistência.

 A atitude que você assumir com seu corpo inteiro, e principalmente com seus pés, provavelmente demonstrará o tipo de postura psicológica que você assume quando outros aspectos de sua vida (tais como emoções e crenças) são confrontados de maneira semelhante.



Por exemplo, pessoas de pé chato perdem rapidamente seu ponto de equilíbrio e serão facilmente derrubadas, independente do quanto possam parecer pesadas ou grandes e fortes.

Os indivíduos de pé em garra, por outro lado, responderão a esse confronto "agarrando" com o corpo todo e, mais exageradamente, com os pés.

 Os artelhos irão enrolar-se para dentro e o arco mais se curvará ainda, numa tentativa de firmar-se ao chão e de deter as forças de estabilidade e de auto apoio.

 Frequentemente, os pés de "agarradores" terão assumido, com o passar dos anos, uma atitude crônica de garra.

Quando isto acontece, os músculos dos pés tendem a se tornar rígidos e tensos, de forma crônica.

 Em muitos casos, a tensão dos pés está relacionada a uma crise emocional não solucionada que envolveu a possibilidade de movimento ou de fuga.

 Se o impulso de fugir não foi concretizado, os músculos dos pés irão registrar o conflito agarrando espasticamente a terra.

Esta postura antinatural de garra tende a enrijecer ainda mais e a distorcer mais profundamente os músculos dos pés, assim aprisionando o conflito dentro do próprio tecido.

 Esta possibilidade foi observada por William Schutz enquanto massageava pela técnica do rolfing um homem de meia-idade, com pés rígidos:

Um outro homem sentia fortes dores em seus pés, enquanto eu trabalhava neles [na segunda sessão de rolfing], e precisava mantê-los em movimento.

Pedi-lhe que os mantivesse em movimento até que descobrisse o que é que queriam fazer. "Fugir", disse ele, "quero fugir".

 Imediatamente lhe vieram à mente duas de suas situações que presentemente o deixavam infeliz: seu casamento e a situação do início de sua infância, quando seu pai forçava-o a ser médico quando crescesse.

Evidentemente os pés se haviam preparado muitas vezes para fugir mas nunca haviam sido capazes de ir até o fim, com o ato. O resultado era uma severa tensão nos músculos e aponeuroses do pé.

Quando as pessoas são forçadas a manter uma atitude forçando exageradamente pernas e pés, o resto do corpomente acompanha na mesma tonalidade desenvolvendo uma completa postura corpomental que se enquadre no estilo "agarrante" de auto apoio.

Tais pessoas apresentam em geral coxas hiperdesenvolvidas e uma espécie de racionalidade exagerada e de excessivo autocontrole, como forma de compensar a ausência de estabilidade fluente e de
contato descontraído com a terra.

 Os "agarradores" têm músculos frequentemente tensos na parte de trás do corpo, especialmente na barriga das pernas e região lombar das costas, partes essas associadas a uma necessidade excessivamente desenvolvida de reter e de proteger a si mesmo.

Peso no calcanhar
Esta espécie de postura psicossomática parece expressar um sentimento exagerado de determinação, que frequentemente vem acompanhado por uma falsa sensação de estabilidade.

 Fique de pé mais uma vez e peça ao amigo que tente novamente empurrá-lo até cair. Se sua resposta for a de "afundar os calcanhares", é provável que você se encaixe nesta categoria social.

 Segundo Alexander Lowen: "Quando o peso do corpo está diretamente acima dos calcanhares, a posição ereta pode facilmente ser desarticulada por um ligeiro empurrão para trás.

 Mais uma vez, a expressão popular descreve bem a situação. Dizemos de uma tal pessoa que é uma 'galinha-morta'".

 Uma vez que tal pessoa é tão facilmente persuadida e manipulada, responderá, para manter-se estável e grounded pelo desenvolvimento de uma atitude crônica de determinação e de controle, apesar de tal atitude vir acompanhada por sentimentos profundos de medo e de instabilidade.

 Quando afundo os calcanhares, observo que também tenciono involuntariamente o queixo e a barriga, algo que parece encurtar minha respiração.

 Quando sustento esta posição um pouco, começo a sentir-me ansioso e levemente amedrontado.

Em consequência desta vigilância constante, a pessoa que afunda os calcanhares terá muita dificuldade para se descontrair e para se sentir confortável em situações espontâneas.

A necessidade hipertrofiada de afundar o pé e de reter pode se refletir também num peito constrito, num estômago nervoso e especialmente numa pelve rígida e em região lombar das costas tensa.

Na ponta dos dedos
Todos conhecemos pessoas que andam na ponta dos pés. Quando andam, parece que o fazem principalmente com os artelhos sem pôr quase peso nos calcanhares.


As pessoas que andam e ficam paradas em pé deste modo sempre me parecem príncipes ou princesas de contos de fada. São pessoas que, se tivessem só mais um pouco de ímpeto imaginativo, iriam subir aos
céus e ir embora voando.

 Com certeza, terão grande dificuldade em fazer contato, físico ou psicológico, com as forças da terra. Parecem estar constantemente resistindo às exigências da racionalidade, dos “pés no chão” e do que denominamos "realidade".

São pessoas fantasiosas, sonhadoras e, em geral, altamente imaginativas, dotadas de aptidão artística.

Pé-de-chumbo
As pessoas com "pé de chumbo" criaram vidas e psicossistemas para si mesmas que as mantêm pesadas, pregadas nó chão.

 São pessoas quase que inteiramente opostas às da descrição anterior, fantasiar significa-lhes um excesso total de incertezas e de instabilidades.

A pessoa "pé de chumbo" tem uma forte necessidade de estar grounded, de ser estável, de conhecer a posição de alguém na vida.

 Concomitante a esta exagerada ênfase na estase vem uma dificuldade em lidar com a mobilidade e com a mudança. São em geral pessoas mais confiáveis e firmes do que criativas e ativas - Podemos pensar em Saturno em Capricórnio, ou em signo de Terra.

Gostaria apenas de mencionar aqui que acho de uma arte admirável ser capaz de plantar seu peso e sua energia embaixo de você a fim de ter raízes e de se proporcionar apoio.

 Existem muitas estórias maravilhosas de T'ai Chi e Aikidô, onde os mestres conseguem plantar sua energia de um tal modo que não há como movê-los dali ou erguê-los do chão.

 Da mesma forma, existe uma grande vantagem em se ter a capacidade de sustentar a própria posição intelectual ou emocional quando o exige a situação.

Contudo, desenvolve-se a doença quando esta sustentação foi gerada por um medo constante e crônico; quando a pessoa houver exagerado na necessidade de se manter segura e estável a tal ponto
que o resto do corpomente assume uma atitude forçada, resistente e dogmaticamente fechada, em relação ao fluxo da vida.

 Neste caso, os pés de chumbo manterão pelo peso a pessoa fixa no lugar, encorajando a estagnação e a auto decadência.

A maioria das pessoas argumenta que seus pés têm esta ou aquela forma devido a fatores hereditários ou a atividades físicas nas quais se envolveram.

Conquanto estes componentes da estruturação do corpomente sem dúvida afetem a natureza e o funcionamento dos pés, tenho observado que os componentes psicoemocionais da vida da pessoa também parecem ser formativos em termos da recriação contínua desta parte do corpomente.

 Se isto não fosse verdade, não haveria explicação para o fato de a personalidade poder ser em muitos casos lida com facilidade e confiança a partir do modo como as pessoas estruturam e usam seus pés.

Por exemplo, no início deste texto mencionei que tinha pé chato. Sempre acreditei que meus pés chatos fossem hereditários, porque meu pai também os tinha assim e ainda os tem.

 Conforme fui tomando mais e mais consciência de meu corpomente, porém, comecei a notar que meus pés chatos se haviam desenvolvido como resultado do modo pelo qual eu acabara enfrentando sempre os desafios que continuamente me encaravam;

 percebi também que a única maneira de eu conseguir modificar os arcos dos meus pés consistiria em modificar também o modo como eu me posicionava psicologicamente ... o modo como era.

Portanto, ao longo dos últimos três anos, venho tentando um frounding diferente, tornando-me mais responsável em minhas Interações interpessoais e sendo menos dispersivo em meus interesses e atividades.

 Inicialmente, era algo absolutamente contrário a minha natureza ser desta maneira e senti a pressão que toda uma existência exercia com sua inércia emocional, forçando-me a continuar de pé chato.

Desde então passei a ter um respeito mais profundo pela necessidade de equilíbrio e de estabilidade em minha vida e recentemente descobri que era bastante fácil descer um pouco e providenciar-me apoio mais com minhas raízes e bases.

Para mim, estas mudanças vêm sendo bastante realistas e rotineiras; envolveram passos tais como me mudar de meu furgão para uma casa, manter um mesmo projeto por três anos e tentar uma maior focalização nos meus relacionamentos com familiares e amigos.

Como resultado destas mudanças de vida básicas, não me surpreendo ao descobrir que os arcos dos meus pés aumentaram de maneira considerável e que não são mais chatos.

De maneira aparente, minha forma de ser e estar no mundo sempre "encaixava" na forma e nas capacidades funcionais de meus pés, que eram chatos e sem grounding.

Ao modificar meu estilo de vida, alterei minha forma de ser/estar no mundo, liberando desta maneira muitos dos conflitos e tensões que eu costumeiramente experimentava.

Conforme fui me tornando mais grounded, meus pés começaram a se modificar, a fim de refletir com mais propriedade o modo pelo qual eu entrava em contato com a terra: também me tornaram mais grounded.

Nessa tentativa de aperfeiçoar meu grounding, eu poderia ter escolhido reestruturar meus pés de duas maneiras diferentes:

 por meio de exercícios e massagem, esperando que novos pés permitiriam uma forma nova de ser, ou modificando meu estilo de vida, na expectativa de que meus pés gradualmente se remodelassem para acomodar meus novos padrões psicoemocionais.

Neste caso específico, adotei a segunda possibilidade e deparei-me com um êxito gratificante.

Percebi finalmente também que tanto meu pai quanto eu tínhamos pés chatos, não por causa de nossos genes, mas porque compartilhávamos das mesmas formas de viver a vida.

 De modo que, ao invés de reclamar dos genes de meus pais pela minha estrutura, comecei a assumir responsabilidade pela minha maneira de ser/estar e isto dotou-me do poder de mudar e de reestruturar-me.

Enquanto eu localizava a responsabilidade por minha condição em algo ou em alguém que não eu, havia pouca possibilidade de mudança. Mas assim que tornei-me dono de mim mesmo, consenti-me o poder de mudar conscientemente e de desenvolver-me criativamente.

Gostaria de discutir brevemente uma forma de diagnóstico e de cura do corpomente que se relaciona especificamente com a saúde e o bem-estar dos pés.

A "reflexologia dos pés" ou "terapia por zona", como às vezes é chamada, tem-se tornado uma prática cada vez mais popular ao longo dos últimos anos. A "reflexologia dos pés" admite que os pés são indicadores importantes da saúde/ doença de todo o corpomente.

 A teoria que sustenta a reflexologia é que para cada órgão ou principal área muscular no tronco e na cabeça existe uma pequenina área correspondente nos pés. Se essa óu aquela parte do corpo está saudável e funcionando bem, a área correspondente no pé também está saudável e funcionando bem.

 Se a parte do corpo em questão está intoxicada ou doentia, o ponto correspondente no pé irá apresentar-se similarmente intoxicado, tornando-se muito sensível ao toque.

Gaste um tempinho agora examinando seus pés, explorando-os devagar com seus dedos, pressionando com firmeza em todos os lugares, prestando atenção à dor ou sensação de dolorido, num ou noutro ponto.

Depois, examine os mapas reflexológicos a seguir para ver exatamente que partes do corpo relacionam-se com essas áreas sensíveis e doloridas que você descobriu.

 Acredita-se, que  dentro do sistema reflexológicos, que a maneira de restituir a vitalidade e a saúde para qualquer órgão ou região do corpo em particular consiste em massagear regularmente as áreas correspondentes nos pés.

Quando aquela determinada parte do corpo recuperou sua saúde, a sensibilidade dolorosa do pé desaparece; por outro lado, depois de haver eliminado pela massagem toda a dor de seus pés, as partes do corpo que são correspondentes deverão estar bem.

Portanto, um corpo saudável reflete-se em pés saudáveis, dotados de vitalidade.

Existem diversas teorias complementares que explicam por que isto é verdade. Uma teoria enfoca o fluxo da linfa pelo corpo.

A linfa é um fluido que purifica o sangue, fortificando a saúde geral do corpo. O fluido linfático circula por todo o corpo recolhendo resíduos e células mortas, e deposita esta carga no coração.

 Frequentemente, este "lixo" fica amontoado e bloqueado nas áreas

que são chamadas de nós linfáticos". A estimulação destes nós estimula a ruptura e a separação dos detritos, facilitando a vitalização do corpo.

Existem inúmeros nós linfáticos no~ pés e por este
motivo acredita-se que a reflexologia abrange basicamente um trabalho em cima do sistema linfático.

Uma outra teoria lida com o conceito chinês de energia "Ki". Esta energia sutil flui por todo o corpo percorrendo trajetos denominados "meridianos"; o fluxo saudável e o equilíbrio desta energia são responsáveis pela condição de saúde do organismo.

Todos os meridianos têm pontos terminais nos pés, que correspondem aproximadamente aos nós linfáticos ali existentes. Massageando-se tais pontos, é estimulado o fluxo saudável da energia, o que então recupera para o corpo seu estímulo e vitalidade.

Minha descoberta mais maravilhosa, por meio do T'ai Chi, foi que eu tinha pernas e que elas não apenas estavam ligadas à minha pelve como ainda continuavam seu caminho em direção à terra.

Pode parecer uma bobagem o que acabéi de dizer mas, é verdade, eu mal e mal tinha consciência de minhas pernas e de como usá-las  de modo apropriado, antes de minha primeira aula de T'ai Chi.

Quase assusta perceber como foi que pude passar cerca de vinte anos andando, correndo, ficando em pé e vivendo sem ter aprendido como usar minhas pernas para me apoiar e para me motivar.

Descobri que acabara utilizando as costas para ficar em pé (eu tinha hiperdesenvolvimento dos músculos das costas para compensar a fraqueza da musculatura de minhas pernas),

 os ombros para andar (o movimento era encabeçado pelo peito e pelos ombros ao invés de pelas pernas e abdômen) e meu queixo e olhos para apoiar-me (em substituição à fraqueza que eu experimentava em meus pés e pernas).

 Por intermédio do T'ai Chi, comecei a investigar outras maneiras mais descontraídas de me movimentar, ficar em pé e ser.

Quando começamos o primeiro dos 108 movimentos tradicionais do T'ai Chi, Judith me fazia constantemente lembrar de mexer-me a partir de meu "tan tien", o que significava que eu deveria relaxar e baixar meu centro de consciência para que coincidisse
com meu centro de gravidade.

 Esta descida corpo mental de nível e de centração deslocou uma boa porção da pressão e do apoio contido em minhas costas, para minhas pernas e pés.

Após várias e frustradoras semanas durante as quais não conseguia ser capaz de fazer um uso consciente de minhas pernas, Judith apresentou-me uma imagem que para mim teve um poderoso impacto, permitindo-
me alterar e aperfeiçoar a totalidade da imagem que eu tinha de meu corpo mente.

 Ela me pediu que imaginasse que minhas pernas eram raízes e que não só me davam apoio ao corpo como ainda continuavam em seu percurso pela superfície da terra até onde eu conseguisse imaginar.

 Pediu-me que pensasse em minhas pernas como minha história, explicando-me que elas possuíam as bases históricas sobre as quais repousava a totalidade de meu ser.

Ela sugeriu que, se eu conseguisse permitir-me usar minhas pernas desta forma, eu poderia derivar energia a partir delas e a partir da terra, e que isto iria ajudar-me a relaxar todo o mecanismo de controle compensatório que eu estava praticando com a porção
superior de meu corpo mente.

Funcionou. Assim que visualizei minhas pernas nesta imagem, meu centro de consciência desceu de meus ombros até a barriga e imediatamente senti-me mais grounded e estável do que em qualquer outro momento de minha vida.

Esta poderosa imagem e os sentimentos que experimentei quando fui capaz de apreender seu significado são o mais próximo a que consigo chegar em termos da apresentação de minha forma
pessoal de conceber o grounding.

Ultimamente esta palavra tem-se tornado muito popular e assumiu toda uma variedade de significados.
Para mim refere-se simplesmente à noção de que a terra é o corpo a partir do qual evoluí e a partir do qual obtenho apoio e estabilidade.

Meu contato básico com a terra vem por meio de meus pés e pernas, os quais se constituem em meus contatos físicos com a terra e em meu substrato psicológico.

 Tal como meu corpo que se relaciona com a terra e com sua força gravitacional, também eu me relaciono com meu próprio senso de estabilidade psicológica, com meu contato com a realidade, da forma como este se manifesta em minha tendência para estar seguro e descontraído, quando em posição estática, ou centrado e flexível quando estou em movimento.

Na próxima parte deste texto estarei compartilhando algumas de minhas investigações e observações relativas aos pés, tornozelos, joelhos e pernas.

Embora estas partes todas tenham funções psicossomáticas relativamente similares, existem qualidades que são peculiares a cada uma delas.

Essa discussão  baseia-se em meus estudos pessoais e clínicos e numa variedade de áreas psicoterapêuticas afins e de disciplinas da auto investigação".


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