sexta-feira, 23 de maio de 2014

O INCONSCIENTE É O DIVINO





O INCONSCIENTE É O DIVINO
A superfície consciente da nossa natureza é o nosso pe­queno ego humano — as profundezas inconscientes são o nosso grande Eu divino.

A Realidade Universal é o grande Inconsciente, não o Inconsciente da vacuidade, mas Inconsciente da plenitude.

 O Inconsciente da plenitude é o Oniconsciente, mas esse Oniconsciente se apresenta ao nosso ego consciente como sendo o Inconsciente. Os extremos se tocam.

 Quem olha para dentro da treva nada enxerga; quem olha direta­mente dentro da luz solar, nada enxerga. Aquela escuri­dão é a ausência da luz, esta é a pleni-presença da luz.

Treva total e luz total são, para a nossa percepção finita, a mesma coisa — o Nada, o Vácuo, a Treva, a Ausência. Nós, os Finitos, só enxergamos o Todo quando êle é reduzido a Algo, mas não o enxergamos como o Todo, que nos parece o Nada.

A Luz Incolor da Realidade Total não é objeto da nossa percepção finita; só a Luz Colorida da Realidade Parcial, isto é, do Algo Finito, é que pode ser percebida por nós.

Os nossos sentidos e o nosso Intelecto — o nosso ego humano — funcionam como “válvulas de redução”, diz Aldous Huxley; se assim não fosse, não poderíamos existir como indivíduos.
O impacto da Reali­dade Total nos aniquilaria, desindividualizando-nos, universalizando-nos; deixaríamos de existir finitamente, contianuando a ser universalmente.

Mas esse “ser universal” não sou eu, não és tu, não é nenhuma criatura finita, isto é a Realidade Infinita do puro Ser. Nós, os finitos, existimos gra­ças à nossa finitude; existimos mercê das nossas limitações. Se não fôssemos limitados, não existiríamos como indivíduos.

Por isto, o Inconsciente do Todo, do Ser, do Infinito, é percebido por nós como um Inconsciente. O ontologicamente Inconsciente é, para nós, logicamente consciente, uma vez que “o conhecido está no cognoscente segundo o modo do cognoscente”.

Quando nos abismamos em profunda contemplação es­piritual, estabelecemos ponto de contato entre o nosso finito consciente e o Infinito Inconsciente.

 E, quando o Incons­ciente do Infinito sobrepuja o nosso consciente finito, então perdemos a percepção dos sentidos e a concepção do intelecto; tudo “desmaia”(3) diante do nosso consciente, nada mais sabemos de tempo e espaço, que são criações do ego cons­ciente, e temos a impressão de submergirmos no eterno e no infinito, que são a negação de tempo e espaço.

Quando entramos profundamente no sagrado “Aum”, e quando expira a derradeira vibração sutil do “m” final, então, dizem os orientais, entramos no grande “nada(4) que é a derrota do nosso consciente pelo Inconsciente. Estamos no “terceiro céu’’, no “samadhi”, no “ekstasis” (extasis), expres­sões várias para designar a absorção do consciente pelo In­consciente.

(3)           A palavra “desmaiar” não vem do latim. Provavelmente* os portugueses a trouxeram do oriente, em séculos pretéritos. Maya é a palavra sânscrita para “natureza”; quem desmaia, perde a noção' de Maya; está fora de tempo e espaço, ambiente da natureza perceptiva-conceptiva." Huberto Hohden
(4)           Como a palavra “desmaiar”, também o vocábulo “nada” não é de origem latina. Na língua sânscrita, o termo “nada” quer dizer o Infinito, o Vácuo, o Incognoscível. Quando o homem atinge o auge da sua contemplação mística, depois de esgotar todas as vibrações do sacro trigrama “AUM”, abisma-se no grandioso “Nada” da Inconsciência de Brahman.

(5)            Esse Nada do existir é o Todo do Ser O Nada da Imanência de Deus é o Todo da Transcendência da Di­vindade. Da Divindade nada pode o homem saber, de Deus ele sabe um pouco.

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