Depressão
é principal doença da adolescência
Muitos jovens ficam sem diagnóstico,
pois sinais se parecem com problemas típicos da idade, dizem especialistas
POR FLÁVIA
MILHORANCE 25/05/2014 6:00-
Jornal O Globo.
Fico muito
triste de repente. Para aliviar essa tristeza, cortava a pele, me queimava, me
mordia. Fiz isso várias vezes”. O relato é de uma jovem de 16 anos, a caçula da
família. Ela vive uma rotina difícil, com pai alcoólatra, além de mãe e irmã
mais velha dependentes de drogas. No colégio, a delicada situação familiar
serve de motivo para o bullying, o que a levou a se isolar na biblioteca durante
o recreio. Diz não ter amigos. Passa o intervalo lendo, gosta de romances como
os de John Green, mas não consegue se concentrar, e seu rendimento escolar
caiu.
O psiquiatra
que a atende na Santa Casa de Misericórdia do Rio, Gabriel Landsberg, conta que
ela sofre de depressão e ansiedade. Embora seu ambiente desestruturado
colabore, as crises depressivas são comuns nesta fase. Um novo relatório da
Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que esta é a principal causa de
doença entre jovens de 10 a 19 anos. O tratamento precoce é a melhor forma de
prevenir problemas graves no futuro, não apenas de adolescente, mas de adultos,
e por isso foi tema de mais uma edição da série Encontros O GLOBO Saúde e
Bem-Estar, na Casa do Saber O GLOBO.
A
automutilação não ocorreu para chamar atenção nem foi, de fato, uma tentativa
de suicídio. É que a dor física era mais suportável do que a emocional -
explica Landsberg ao falar sobre a menina. - Há muitos adolescentes sem
diagnóstico porque não pedem ajuda. Os pais acham que os sinais são típicos da
idade.
Uma dor que
permanece oculta
Isolamento,
irritabilidade, rebeldia, melancolia. Características consideradas típicas da
adolescência podem ser indícios de uma depressão. A psicanalista Sara Kislanov,
palestrante dos Encontros, acrescenta que o jovem passa por modificações
hormonais, está em busca de uma identidade e tem a perda de idealizações, por
exemplo do corpo ideal, que podem se transformar em conflitos mais sérios.
- É um momento muito sofrido, de muitas perdas, que
provavelmente contribui p“Fico muito triste de repente. Para aliviar essa
tristeza, cortava a pele, me queimava, me mordia. Fiz isso várias vezes”. O
relato é de uma jovem de 16 anos, a caçula da família. Ela vive uma rotina
difícil, com pai alcoólatra, além de mãe e irmã mais velha dependentes de
drogas. No colégio, a delicada situação familiar serve de motivo para o
bullying, o que a levou a se isolar na biblioteca durante o recreio. Diz não
ter amigos. Passa o intervalo lendo, gosta de romances como os de John Green,
mas não consegue se concentrar, e seu rendimento escolar caiu.
O psiquiatra
que a atende na Santa Casa de Misericórdia do Rio, Gabriel Landsberg, conta que
ela sofre de depressão e ansiedade. Embora seu ambiente desestruturado
colabore, as crises depressivas são comuns nesta fase. Um novo relatório da
Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que esta é a principal causa de
doença entre jovens de 10 a 19 anos.
O tratamento precoce é a melhor forma de
prevenir problemas graves no futuro, não apenas de adolescente, mas de adultos,
e por isso foi tema de mais uma edição da série Encontros O GLOBO Saúde e
Bem-Estar, na Casa do Saber O GLOBO.
- A
automutilação não ocorreu para chamar atenção nem foi, de fato, uma tentativa
de suicídio. É que a dor física era mais suportável do que a emocional -
explica Landsberg ao falar sobre a menina. - Há muitos adolescentes sem
diagnóstico porque não pedem ajuda. Os pais acham que os sinais são típicos da
idade.
Uma dor que
permanece oculta
Isolamento,
irritabilidade, rebeldia, melancolia. Características consideradas típicas da
adolescência podem ser indícios de uma depressão. A psicanalista Sara Kislanov,
palestrante dos Encontros, acrescenta que o jovem passa por modificações
hormonais, está em busca de uma identidade e tem a perda de idealizações, por
exemplo do corpo ideal, que podem se transformar em conflitos mais sérios.
- É um
momento muito sofrido, de muitas perdas, que provavelmente contribui para o
aumento do índice de depressão - afirma.
Há pouco
mais de um ano, Vinícius Brandão teve a doença. Mudou-se de cidade, ficou
desempregado, tinha saudade da vida anterior. Sentia-se sozinho e isolava-se
cada vez mais. Conseguiu sair desse ciclo vicioso com a ajuda médica.
- Na terapia
acabei descobrindo que tive depressão desde bem novo. Era tímido, gordinho, me
sentia excluído, sofria muito bullying - comenta o jovem, que hoje planeja
realizar um documentário sobre a doença. - Descobri que há muita desinformação
sobre o tema, muitos acham que é uma frescura.
Chefe da
psiquiatria infantil da Santa Casa, Fábio Barbirato destaca que 12% dos jovens
de 12 a 18 anos sofrem de depressão, enquanto esse índice não chega a 10% entre
adultos. Além disso, 77% dos adultos com depressão tinham histórico de sintomas
também na infância ou adolescência.
- Há riscos
graves de uma depressão não tratada, entre eles, evasão escolar, abuso de
álcool e até suicídio, a terceira maior causa de morte entre adolescentes -
exemplificou o psiquiatra que está reestruturando o ambulatório da Santa Casa
para receber até 80 crianças e jovens com depressão. - A doença pode ser grave,
mas às vezes é vista como um mal menor.
“Fico muito
triste de repente. Para aliviar essa tristeza, cortava a pele, me queimava, me
mordia. Fiz isso várias vezes”. O relato é de uma jovem de 16 anos, a caçula da
família.
Ela vive uma rotina difícil, com pai alcoólatra, além de mãe e irmã
mais velha dependentes de drogas. No colégio, a delicada situação familiar
serve de motivo para o bullying, o que a levou a se isolar na biblioteca
durante o recreio. Diz não ter amigos. Passa o intervalo lendo, gosta de
romances como os de John Green, mas não consegue se concentrar, e seu
rendimento escolar caiu.
O psiquiatra
que a atende na Santa Casa de Misericórdia do Rio, Gabriel Landsberg, conta que
ela sofre de depressão e ansiedade. Embora seu ambiente desestruturado
colabore, as crises depressivas são comuns nesta fase. Um novo relatório da
Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que esta é a principal causa de
doença entre jovens de 10 a 19 anos.
O tratamento precoce é a melhor forma de
prevenir problemas graves no futuro, não apenas de adolescente, mas de adultos,
e por isso foi tema de mais uma edição da série Encontros O GLOBO Saúde e
Bem-Estar, na Casa do Saber O GLOBO.
- A
automutilação não ocorreu para chamar atenção nem foi, de fato, uma tentativa
de suicídio. É que a dor física era mais suportável do que a emocional -
explica Landsberg ao falar sobre a menina. - Há muitos adolescentes sem
diagnóstico porque não pedem ajuda. Os pais acham que os sinais são típicos da
idade.
Uma dor que
permanece oculta
Isolamento,
irritabilidade, rebeldia, melancolia. Características consideradas típicas da
adolescência podem ser indícios de uma depressão. A psicanalista Sara Kislanov,
palestrante dos Encontros, acrescenta que o jovem passa por modificações
hormonais, está em busca de uma identidade e tem a perda de idealizações, por
exemplo do corpo ideal, que podem se transformar em conflitos mais sérios.
- É um
momento muito sofrido, de muitas perdas, que provavelmente contribui para o
aumento do índice de depressão - afirma.
Há pouco
mais de um ano, Vinícius Brandão teve a doença. Mudou-se de cidade, ficou
desempregado, tinha saudade da vida anterior. Sentia-se sozinho e isolava-se
cada vez mais. Conseguiu sair desse ciclo vicioso com a ajuda médica.
- Na terapia
acabei descobrindo que tive depressão desde bem novo. Era tímido, gordinho, me
sentia excluído, sofria muito bullying - comenta o jovem, que hoje planeja
realizar um documentário sobre a doença. - Descobri que há muita desinformação
sobre o tema, muitos acham que é uma frescura.
Chefe da
psiquiatria infantil da Santa Casa, Fábio Barbirato destaca que 12% dos jovens
de 12 a 18 anos sofrem de depressão, enquanto esse índice não chega a 10% entre
adultos. Além disso, 77% dos adultos com depressão tinham histórico de sintomas
também na infância ou adolescência.
- Há riscos
graves de uma depressão não tratada, entre eles, evasão escolar, abuso de
álcool e até suicídio, a terceira maior causa de morte entre adolescentes -
exemplificou o psiquiatra que está reestruturando o ambulatório da Santa Casa
para receber até 80 crianças e jovens com depressão. - A doença pode ser grave,
mas às vezes é vista como um mal menor.
No Brasil,
21% dos jovens entre14 e 25 anos têm sintomas indicativos de depressão. Entre
as mulheres, a proporção é de 28%, segundo dados do 2º Levantamento Nacional de
Álcool e Drogas, realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
- Notamos
ainda que o álcool estava relacionado ou ocorria ao mesmo tempo em que o jovem
contava que se sentia deprimido ou pensava em atos suicidas - ressalta Ilana
Pinsky, professora da Unifesp e uma das coordenadoras do estudo, que ainda
explica:
- O álcool é um depressor do sistema nervoso central, além de
estimular atos impulsivos.
Além do
abuso do álcool, outro fator que preocupa quando o tema é depressão ou
ansiedade é o uso de medicamentos. Não à toa, a FDA (agência de remédios nos
EUA) e o Instituto de Saúde Mental do país pedem maior cuidado na prescrição de
adolescentes. Na verdade, o alerta deve ser geral, defendem especialistas. O
uso de antidepressivos e ansiolíticos é recomendado para casos específicos e
pode causar dependência. Mesmo assim, uma legião de pessoas parece não se
importar com os riscos.
Medicamento
para quem precisa
Para se ter
uma ideia, na comparação entre abril de 2010 e abril de 2014, a venda do
popular ansiolítico Rivotril cresceu 25% (de 40,3 mil unidades para 50,3 mil),
segundo levantamento feito pelo IMS Health a pedido do GLOBO. Isso torna o país
o segundo maior consumidor desse medicamento no mundo. Além disso, a venda de
antidepressivos cresceu 7% na comparação entre abril deste ano e de 2013; e
atingiu o montante de R$ 2,2 bilhões só em abril passado.
- O
tratamento da depressão não se restringe à prescrição de remédios. Eles têm
efeitos colaterais sérios, e digo sempre que a cura não pode ser pior que a
doença - afirmou o psiquiatra Marco Antonio Alves Brasil, palestrante dos
Encontros.
O
psiquiatra, assim como Ilana Pinsky, admite que há casos em que os remédios de
fato ajudam. É o que também busca lembrar Karen Terahata, de 38 anos,
diagnosticada com depressão e síndrome do pânico. Ela hoje mantém o blog “Sem
Transtorno” para esclarecer “pontos negros” sobre essas doenças. E o uso de
medicamentos é um dos principais:
- Um dos
meus objetivos com o blog é quebrar preconceitos, entre eles o da medicação.
Claro que nem todos devem usá-la, mas eu mesma resistia ao uso pelos medos
criados na sociedade: de que causam dependência, são a falsa pílula da
felicidade, e por aí vai. Hoje tenho uma qualidade de vida que não tinha.
IO - Se
toda tristeza fosse depressão, não sobra
Muito além de uma simples tristeza
Médicos debatem sintomas e tratamentos de um mal que atinge 340 milhões no mundo
- As
pessoas não dizem mais que estão tristes, dizem que estão deprimidas. E, se
está deprimido, tem uma doença - critica o psiquiatra, que raciocina: - Quando
ansiedade, tristeza e medo deixam de ser condições normais do dia a dia para se
tornar uma doença? É quando as pessoas ficam limitadas no trabalho e na
atividade social, quando esses fatores comprometem sua qualidade de vida.
Melancolia,
perda da libido e do apetite, ansiedade, pensamentos suicidas, cansaço
constante, dor de cabeça, náusea, vômitos e perda de memória são alguns dos
sinais da depressão. Além disso, há o desequilíbrio do sono.
- Recebo
no meu consultório pessoas cansadas, que dormem mal, e muitas vezes esta
alteração do sono, em que a pessoa dorme muito ou pouco, pode ser uma
manifestação da depressão - lembrou o cardiologista Cláudio Domênico, curador do evento. - Esta é a principal doença incapacitante do
mundo e atinge 340 milhões de pessoas.
A depressão
tem causas ainda não muito claras. Especialistas acreditam na influência da genética,
mas não é um fator isolado. Felizmente há formas de controlá-la.
- Não
acredito que, uma vez deprimido, sempre deprimido. É possível se ver livre dos
sintomas, e não necessariamente eles voltarão - defendeu a psicanalista Sara
Kisnalov durante o debate.
Jornal O Globo
você poderá gostar de:
http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/2013/11/o-que-voce-precisa-saber-sobre.html
http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/2013/11/o-que-voce-precisa-saber-sobre.html
http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/2013/11/como-trabalhar-os-dois-lados-da.html
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