Memória - É PERMITIDO ESQUECER
Neurologista esclarece as verdades e os mitos sobre a
memória da redação
Todo esquecimento é sinal da doença de Alzheimer? Afinal,
como deve ser a alimentação para deixar a memória afiada? Será que os
exercícios físicos realmente fazem bem para o cérebro? Quando o assunto é
memória fica difícil conseguir guardar tanta informação, e mais complicado
ainda é saber quais dessas informações, de fato, são verdadeiras.
Por exemplo, lembra daquela velha história de que esquecer
faz parte do envelhecimento. Esqueça. De acordo com a neurologista e membro do
Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira
de Neurologia (ABN), Sônia Brucki, isso não passa de um mito. “A ideia de que
com o passar dos anos a diminuição da memória seja normal não é verdade. O
envelhecimento saudável propicia a preservação de nossas funções cognitivas,
inclusive da memória”, afirma ela.
A seguir, a neurologista esclarece o que é verdade e o que
não passa de mito.
A diminuição da memória na terceira idade é normal.
Mito. O ideal é que todos nós envelheçamos de forma saudável
e com nossas funções cognitivas intactas. Os idosos quando comparados a
indivíduos jovens apresentam escores menores em testes de aprendizado, demoram
mais a aprender, mas uma vez ocorrido o processo o restante é normal. Existe
uma diminuição na velocidade de processamento psicomotor, porém, estas
alterações não levam a comprometimento no dia a dia.
O estresse e a ansiedade podem comprometer a memória.
Verdade. O indivíduo com estresse crônico pode apresentar
alteração na retenção de novas informações, estando relacionada tanto a
alterações de atenção quanto no próprio processo de aquisição e formação de novas
memórias. Também a ansiedade pode alteração neste processo, principalmente, por
comprometimento da atenção.
Os exercícios físicos fortalecem a memória.
Verdade. Em animais sabe-se que a atividade física aumenta o
número de sinapses no hipocampo (estrutura intimamente ligada à formação de
memórias). Entre as pessoas, o exercício tem beneficiado de forma inegável o
controle de colesterol, diabetes, hipertensão arterial, que são fatores de
risco para doenças vasculares, portanto, também diminuem os riscos de
alterações vasculares cerebrais. Em alguns estudos a atividade física melhorou
o desempenho cognitivo dos participantes, em geral, em tarefas envolvendo
atenção e velocidade psicomotora.
Atividades mentais como jogo de xadrez, dama, palavras
cruzadas retardam a perda de memória.
Verdade. O hábito de fazer atividades cognitivas faz com que
exista um decréscimo na perda de memória, não em todos os estudos, mas a
realização de atividades intelectuais está ligada a criação de novas sinapses
e, de qualquer modo, é um bom modo “de exercitar o cérebro”. Manter-se ativo é
o melhor remédio, seja fazendo novos cursos, leitura, ir ao cinema, exposições,
apresentações, etc. O ideal é não ficar em frente à televisão, assistindo com
passividade.
Todo esquecimento é sinal da doença de Alzheimer.
Mito. A queixa de memória é muito comum entre a população,
variando entre 15 a 70%, dependendo do estudo. A doença de Alzheimer, é uma
doença degenerativa do sistema nervoso central que inicia-se, em geral, com
comprometimento de memória, porém, este vai piorando com o tempo. Sua
frequência aumenta com o avançar da idade. É importante prestar atenção nos
indivíduos com queixas de esquecimento, se o mesmo se acompanha de dificuldades
nas atividades diárias que não existiam anteriormente. Além disso, várias
condições associam-se a alterações de memória, como ansiedade e depressão. Ou
mesmo o uso de vários tipos de medicações.
O nível de escolaridade influencia as funções cognitivas,
como a memória.
Verdade. De um modo geral, quanto maior a escolaridade maior
a reserva cognitiva que o indivíduo tem, quer dizer, tem mais substrato para
lidar com futuras perdas e se adaptar às alterações cerebrais que possam
ocorrer. Mas não só o nível de escolaridade alcançado é importante, se o
indivíduo teve pouca escolaridade formal, porém, sempre teve o hábito de
leitura, de se informar das mais diversas formas, também retarda
comprometimentos futuros.
Com o passar do tempo, a capacidade de memorização diminui.
Verdade. Se compararmos idosos a jovens, sabemos que existem
diferenças durante o processo de aprendizado, porém, uma vez aprendida a
informação, esta diferença desaparece.
A memória remota é a mais preservada durante a terceira
idade.
Verdade. Se considerarmos que o indivíduo que se lembrou da
mesma situação, informação mais vezes durante sua vida, teve maior chance de
fortalecê-la e, por isso, uma maior facilidade em relembrá-la. Este mecanismo
ocorre com todas as pessoas, lembramos com maior facilidade do que já
relembramos mais vezes e com o que tem mais importância emocional.
Uma alimentação rica em carnes, gorduras, açúcar e com alto
consumo de álcool prejudicam a memória.
Verdade. Estes fatores todos aumentam o risco de doenças
cerebrovasculares. As lesões cerebrais após insultos vasculares (sejam por
isquemias – falta de sangue; ou hemorrágicos) causam alterações cognitivas numa
porcentagem significativa dos pacientes. A alimentação saudável (rica em
cereais, legumes, verduras, peixes, azeite), associada ao exercício físico, à
atividade intelectual, consumo leve de bebidas alcoólicas são os melhores
fatores para termos uma vida e envelhecimento saudáveis.
A sociabilização favorece o bom funcionamento da memória.
Verdade. Vários estudos já demonstraram que indivíduos
solitários, isolados da convivência social têm mais chance de evolução para
demência, e também têm maior risco de desenvolver depressão. Por isso, manter
uma rede de amigos e atividades sociais é muito bom em qualquer idade.
Fonte: Maisde50.com.br
Enviado por: José Amancio Neto por e -mail
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