domingo, 1 de fevereiro de 2015

A UNIDADE






 Como há o reino da alegria, exis­te também um mundo onde a diversidade não existe; onde só há a unidade. É superior ao reino da alegria, pois se a alegria é o reino das ideias universais, a unidade está atrás das ideias. Não podeis falar com nenhuma exatidão acerca deste reino, porque as palavras são diversidades.

Portanto, só uma palavra serve para a denominação deste reino: é o reino da unidade. Não somente não há neces­sidade ali de outras palavras; não existem outras pala­vras, pois só a palavra “unidade” expressa tudo. Analisar é perdê-la, sintetizar é perdê-la; a unidade não pode ser analisada nem sintetizada: é una.

O que se há de utilizar então nos mundos inferiores? Isto: obtendo-lhe o sabor. O sabor da unidade pode ser provado pela mente, e ainda pode expressar-se em ação como esforço mútuo. Sempre que há um esforço mútuo ...nos mundos inferiores, é que os homens captam o sabor da unidade. A unidade das Almas, das Mônadas, dos anjos...

 Nos mundos superiores; acima da mente, ne­nhuma outra coisa existe, oque nossa consciência alcance – o mundo sem formas; porque eles se acham mais pró­ximos do mundo da unidade: a unidade é sua verdadeira vida. Sobre ela, talvez uma sentença a exprima com acerto; é a incorporação da vontade de Deus.

 Desta vontade irresistível nada pode saber o homem dos mundos inferiores. Que ela manifesta todas, que mantém todas coisas em existência, que é o poder impulsionante por trás de toda a vida, estas coisas se podem saber, mas são seus atributos e não a vontade em si.

 Pela vontade o homem pode elevar-se através do pensamento, através do reino das ideias e ainda através da unidade, até o puro Eu, ou Eu superior, ou Mônada.  Então ele pode conhecer a vontade de Deus.

Este é um caminho que todo homem pode tomar imediatamente, um caminho que algum dia ele tomará irremissivelmente. Se quer abreviar a jornada no mundo da forma, se sua alma está farta de forma e separação, volte-se, ponha-se no caminho por onde veio, o antigo e bem trilhado caminho, o caminho que tantos de sua raça e da nossa têm palmilhado.

Este caminho está a seus pés; ponha-os nele. Passa por seu coração, terá de pagar pedágio com o sangue de seu coração. Conduz por meio de sua mente; ele tem de estar disposto a deixar de lado sua mente inferior e alcançar o mundo da Alma, da mente superior.

 Então ele encontrará a ponte, a ponte tão difícil de atravessar, porque o caminho é muito estreito ali; porém, cada passo dado, alarga-o.

A raça humana se encontra hoje nas proximidades desta ponte. A etapa seguinte na evolução da mente hu­mana levará à travessia da ponte; conduz do concreto ao abstrato,  do pensamento à ideia, da separação à união,  da forma à informidade, do impermanente ao permanente,

 do mortal ao imortal, do ilusório ao real, do temporal ao eterno, do que fenece ao que é imperecível; do homem natural ao espiritual, do Não-Eu ao  verdadeiro Eu ou Espírito.

É a ponte que foi atravessada por todos os santos, é a linha divisória entre espírito e mente. Não é um lugar, é um estado; não é exterior, está dentro.

Atravessada a ponte, os lugares desaparecem; restam apenas estados de consciência. Quem quer atravessá-la, deve deixar-se ficar atrás; primeiro, porque nenhum eu separado pode entrar no estado de união com o Uno; 

e segundo, porque o eu deve permanecer nos mundos infe­riores como mensageiro e embaixador entre ambos os reinos separados pela ponte.

Tendo pago pedágio com o sangue do seu coração, sacrifício da personalidade ou do ego estando disposto a deixar de lado sua mente, avance intrepidamente o bravo peregrino para a ponte, e imediatamente se encontrará do outro lado.

A ponte não mais o sustentará; só ao atravessá-la pode utilizar-se do seu apoio. Atravessada a ponte, encontra-se no reino da alegria, onde a dor é deixada atrás para sempre, onde a separação é desconhecida, onde reside o conhecimento.

 Chegou ao primeiro lugar de repouso. Aqui encontrará a paz; aqui renovará sua coragem e sua força para as sucessivas etapas de sua peregrinação; aqui inspecionará o caminho percorrido:

 o passado e o presente serão aqui unificados; aqui poderá apreciar o futuro, reco­lher os numerosos arroios de energias que libertou no pas­sado, e reuni-los num só.

Agora começará a dirigir esta única corrente de ener­gia. Não flutuará sobre as ondas à mercê da correnteza; daí por diante terá domínio sobre si mesmo. Conhecendo o passado, estará de posse do futuro.

Aqui juntará os produtos de suas inúmeras vidas e calculará o seu valor; aqui equilibrará as causas e efeitos; aqui começará a ser o governador de ambos, reconhecendo-os como um; aqui resumirá num todo as experiências zodiacais de suas muitas vidas.

 Assim, somente assim, pode o homem inferior regene­rar-se nos mundos inferiores. Esse é o significado da nova vida. O homem deve morrer para o seu eu inferior, a fim de poder alcançar novo nascimento no eu superior.

Assim como ao morrer na terra, ele encontra nascimento nos mundos do sentimento e do pensamento, pode-se também dizer que ele morre ao retrair-se da soberania da forma.

Não o colocam numa sepultura nem seu corpo desaparece da vista dos homens; porém, em verdade, ele morre. Este é o significado da crucificação: a morte, essencial ao nascimento. Todo homem tem de percorrer o caminho que o Salvador percorreu.

Há uma ordem cíclica neste nascimento e morte. A crucificação no final do ciclo conduz ao nascimento no começo do seguinte. Nas espirais sem fim deve repetir-se o grande drama, ascendendo sempre o homem ao representá-lo.

 Pode-se bem chamar de crucificação, porque a morte na cruz dos mundos materiais tem de ser repeti­da dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, por quem quer trilhar a Senda.

Não creia o homem que pode ocultar-se atrás de um texto ou dar um passo na escada em espiral, confiando nas aflições dos outros, embora sejam grandes personagens.

 Esta ilusão é que tem retardado o progresso do mundo ocidental: que pelos sofrimentos de outrem possam ser es­quecidos os seus pecados, com os quais, no entanto, ele é autoindulgente; que, banhando-se no sangue alheio, possa chegar aos pés de Deus. Ensinamentos tais podem trazer conforto às massas, pois em seu bojo subsiste uma verdade, conquanto muito distorcida.

Mas quem quer salvar as massas tem que pôr de lado esses ensinamentos; confian­do só na força de sua divindade inerente, pode encontrar e trilhar a Senda.

Quando a grande determinação houver nascido den­tro de seu coração; quando tiver dado o primeiro passo, com ele estará e partilhará generosamente seu sangue o auxílio de muitos Salvadores.

 Esta é a verdadeira unifi­cação que um dia será aprendida. Eles, os Homens Liber­tos, os Grandes Seres da Terra, os Santos Perfeitos, os San­tos Seres de Deus, os Guias e Mestres das grandes hostes angélicas, os Governadores Internos do mundo, as Senti­nelas que jamais adormecem;


Aqueles cujas mãos nunca se cansam, não obstante estarem sempre cheias de traba­lhos pelo mundo e cujos olhos estão plenos de compai­xão, poder, amor e infinita bondade... Eles permanecem, ordens sobre ordens, vivendo em reinos além do reino de paz e alegria, em perfeita unidade com Aquele de Quem nasceram.

 Eles e Suas hostes angélicas saúdam o pere­grino; enviam-lhe força, carinho e conforto em suas provas. Eles lhe emprestam anjos para guiá-los na Senda. Eles sorriem a cada uma de suas quedas, sabendo que seus próprios êxitos cresceram em grande parte de suas quedas.

 Eles lhe escondem dos olhos o esplendor de seus próprios sucessos, receosos de que o orgulho o dispa da humildade. Se de Suas esplêndidas alturas Lhes fosse possível sentirem um toque de medo, este medo seria em relação a quem tentasse a Senda sem haver ainda morrido para o orgulho.

Ajudado pela luz dos Grandes Seres, seus grandes precursores, tendo se afastado da ignorância e superstição das massas, potente na força de sua divindade, o peregri­no sobe a montanha, aprendendo a morrer continuamente, crucificando-se voluntariamente nos mundos da forma para nascer nos mundos sem forma.

Mortifica sua carne, porém não na cova do ermitão nem na cela monástica, nem em penitências que destroem a beleza pura da carne. Mortifica-se pela inteligência e vontade;

 seu ascetismo é o auto- refreamento em tudo; sua penitência é o sacrifício de modo o que possa embaraçar seu progresso na Senda; porém, não conhece tortura, e rara vez, em seus primeiros dias, sente angústias da alma*.

Embora morra assim continuamente e sofra todas as angústias da morte, não é infeliz. Está cheio de alegria, porque sabe que toda angústia que sente, todo espinho ou lança que o fere, aumentam seu poder; quanto mais sangue verte de suas feridas para o mundo inferior, tanto mais sangue lhe flui.

Assim chega ele a conhecer o mistério das mãos, pés e lado lacerados. Sabe que só quando suas mãos forem atravessadas por espinhos, poderá estendê-las e salvar o mundo; que só quando seu corpo estiver curvado sob a cruz, poderá sustentar seu peso e seguir o seu caminho; que só quando levar a coroa de espinhos, poderá emanar de si o régio poder.

Sabe que só quando seu lado tiver sido lanceado, só quando a lança do soldado (símbolo da contenda, separação e dor) lhe tocar o coração, poderá pagar o pedágio para percorrer o caminho; que dando o sangue de sua vida, vai se aproximando mais do reino da alegria, onde a luta, a separação e a dor já não o podem ferir.

No próprio ato de dar, ouve o eco das vozes dos cantos dos anjos naquele reino. Em meio de sua obscuridade e dor, lhe vem um raio de luz, como de uma vela acesa na janela de seu lar espiritual.

Assim, sempre que ele morre ou se crucifica nos mundos da forma, os homens se assombram de sua firme­za, de que mesmo em meio do sofrimento sorria, de que mesmo nas trevas da agonia, seus olhos brilhem.

Os ho­mens não sabem, nem podem saber, que ele ouve a músi­ca e tem a visão do mundo superior, e que, ante esta música e alegria, a dor desaparece. Embora a Senda esteja cheia de dor, também poderá chamar-se Senda da alegria. Pode-se acrescentar que a alegria é maior do que a dor; a luz maior que a obscuridade. A lua, antes de ocultar-se, estampa em sua face os primeiros raios do sol nas­cente.

Tratei de expor a história do homem imortal, que voluntariamente se submeteu à reclusão na forma, o terrí­vel fardo da carne. Tendo suportado a prisão da carne por muitas vidas, através de muitos séculos, agora cuida de colher os frutos. 

Para isso terá de separar sua parte imortal da mortalidade em que andou encerrado; terá de modificar ao hábito de um milhar de vidas e de se liber­tar da forma. O Salvador o chamou pródigo.

Assim percorre a Senda, suspirando sempre pelo em­belezamento, cultivo e refinamento de seus veículos, seus instrumentos, para que, depois de morto para eles e para o seu domínio, e obtido seu nascimento em outros mundos, ele possa usá-los e neles encontrar um diamante de muitas facetas que pode polir mais ainda;

 cujas muitas facetas pode agora aperfeiçoar, para que, através de sua beleza transluzente a nova glória que é sua, possa brilhar para auxílio de seu próximo. Tal é a sua atitude para com o corpo e a forma; sempre os vê como material para aper­feiçoar e embelezar.

Este é o quadro de seu crescimento interno e exter­no. Dentro, percorre a Senda, encontra a ponte, atraves­sa-a e identifica-se com aquilo de que é um fragmento;

 e reconhece-se como parcela encarnada, um raio isolado da luz dos mundos da luz que ilumina uma porção do mundo inferior. A parcela se converteu agora no todo; o raio se retirou para a sua origem, a luz.
 O trabalho exter­no do peregrino consiste em polir a matéria que usou desde que se manifestou como parte separada; em dar-lhe uma translucidez perfeita.

Este é o significado da morte e nascimento espirituais. Não é uma morte segundo o homem a considera, porque evidentemente a forma continua, vive e respira, porém, simbolicamente, ele morre, porque se retira da forma.

 Entre o que os homens chamam morte e a morte simbólica há uma diferença: na morte da carne, esta se desinte­gra, e na morte simbólica, conserva-se.

 Esta morte se refere antes ao poder da forma e ao seu domínio sobre a vida. Para isto ele verdadeiramente morre. Na morte efêmera há um momento em que os homens podem dizer “vive”, outro em que podem dizer “morre”, e outro em que podem dizer “morreu”; porém na morte de quem renasceu, a morte é contínua.

 Este é um mistério que só aquele que percorre a Senda pode resolver. Se quiserdes compreendê-lo, buscai a estrada.
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