A Realização do Self, Atma
Paramahansa Hariharananda
Deus é único, absoluto e sem
dualidade. Antes da criação, Deus existia como Brahman Absoluto ou Alma
Impessoal. Foi Seu desejo manifestar-se sob várias formas de existência. Assim,
Brahman Absoluto se transformou na existência relativa e converteu-se no universo
visível.
Por isso, tudo aquilo que podemos perceber e
reconhecer e que existe em forma de matéria ou vida, é uma manifestação de
Deus. De acordo com o Katha Upanishad, o Self que habita o interior de
todas as criaturas é esse Brahman, que é apenas um, apesar de manifestar-se sob
diferentes formas.
Essa transformação no eternamente mutável
universo é o conceito de Jagannath, o Senhor do mundo. Na palavra jagannatha,
jagat significa o mundo eternamente mutável, e natha, o Senhor. Essa
noção de Deus é venerada por todos os hindus no Templo de Jagannath em Puri, no
estado de Orissa, na índia.
Entre todas as criaturas,
apenas os seres humanos são racionais e dotados de discernimento. Consequentemente,
somente os seres humanos podem realizar Deus, espírito onipresente que se
encontra no corpo humano e em tudo que existe.
O homem possui a capacidade de perceber que
ele é o próprio Deus vivo e que o cosmo como um todo nada mais é do que a
manifestação de Deus. Na prática, porém, não temos essa realização a partir da
experiência direta. Apesar disso, a única coisa que existe é a presença de
Deus, e nada mais.
Por que não experimentamos
essa verdade? De acordo com a vontade de Deus o homem atua sob a influência de
duas poderosa forças — centrípeta e centrífuga.
A força centrífuga é uma força de expansão natural
que atrai o homem para o mundo exterior e, com isso, dissipa toda sua energia,
induzindo-o à ilusão, à decepção e ao erro.
Essa força centrífuga é apenas uma
manifestação diferente da força centrípeta, o atma (Self). É errado,
porém, pensar na força centrífuga como uma entidade separada. O Self que
habita o corpo é quem governa a pessoa. O Self é sempre puro, pleno de
felicidade, eterno, imutável e não é outro senão Brahman.
Self é como um espelho que reflete o universo inteiro. Apesar de refletir a
imagem de milhares de objetos, não retém nenhuma delas. Na verdade, ele não
possui qualquer ligação com os objetos que reflete e é indiferente a eles.
De forma semelhante, mesmo que o homem esteja
envolvido por amor, luxúria, raiva, orgulho, arrogância, avareza e ilusão, o Self
permanece imune a esses sentimentos, mantendo-se sempre puro, luminoso,
imaculado e incorruptível.
Dentre todas as criaturas, o
homem é a única capaz de reverter o poder da força centrífuga por meio da
meditação. Com esforço sincero ele poderá perceber que Deus é tudo que existe,
inclusive ele próprio.
Assim como o universo inteiro
é uma manifestação de Deus, a meta final da vida é a realização do Self
no corpo, na mente e no espírito. Por causa da ilusão, da má interpretação dos
fatos e do apego aos objetos externos, não somos capazes de perceber que Deus
existe em nós como o Self e que toda pessoa é um Deus vivo.
O Deus que habita o corpo é o
Self e o Self, em sua natureza onipresente e onipotente, é Deus.
Deus governa o corpo físico por meio dos seis centros cérebro-espinhais e dos vasos sanguíneos, que atuam como força
de defesa, preservação e sustentação do corpo.
Apesar de ser invisível e impessoal,
por meio de suas inumeráveis manifestações o Self produz uma sensação de
contentamento divino. Completamente envolvidas pelas paixões, raivas, ilusões
e estímulos sensoriais, as pessoas ignoram essa bênção.
O Rig Veda declara que
a Verdade é uma só, embora os sábios a chamem por diferentes nomes. Essa
Verdade representa o Ser Supremo, o purusha, a quem percebemos, através do
passado, presente e futuro, como a existência que a tudo permeia.
O Yajur Veda afirma que Ele é a alma do
universo e que o homem só pode alcançar a imortalidade depois de conhecê-Lo.
Ele é Brahman, a Unidade Suprema, independente, imperecível, indivisível, que
tem brilho próprio e é autossuficiente e indescritível.
Ele é a origem de todos os
nomes e formas e o sustentáculo de toda a criação. Ele permeia todo o universo
e, ainda assim, o transcende. Apesar de conter em Si toda a criação, Ele é
completamente separado dela.
Ele é a testemunha silenciosa
dos três estados — vigília, sonho e sono profundo. O atma é a porção imortal
da pessoa e transcende corpo, mente, tempo, espaço e causalidade.
Não tem começo, fim ou causa.
É Conhecimento Absoluto, Existência Absoluta, Felicidade Absoluta. A realização
desse conhecimento espiritual, ou Brahma jnana, liberta o ser humano dos
ciclos de nascimento e morte.
Subjacente a esse mundo, a
todos os fenômenos físicos, a todos os nomes e formas, aos sentidos, pensamentos,
emoções e sentimentos, existe a Verdade.
Como é possível que algo sem existência
permanente possa ser verdadeiro? A Verdade é eterna; somente a ilusão pode
fazer o que é irreal parecer real. Essa Verdade é o Self, testemunha
única e silenciosa que governa o indivíduo, promove sua felicidade e o liberta
definitivamente.
A realização do Self
não é uma tarefa para o fraco e medroso, mas para o forte e corajoso, capaz de
enfrentar todas as tormentas e sacrificar o ego no altar da Verdade.
O Bhagavad Gita também ensina
que o Self é indestrutível, eterno, invisível, incorruptível,
onipresente, intemporal, não se manifesta e é impossível de ser compreendido.
Como não está sujeito a nascimento ou morte, o
Self não adere ao corpo. Da mesma forma que alguém joga fora suas roupas
surradas e veste roupas novas, a. alma incorporada também se livra do corpo
deteriorado para habitar um novo corpo.
O Infinito sustenta e anima a existência
finita e por ser o Self essencial - mente um com o Infinito, não é
afetado por nascimento e morte, crescimento ou decadência, limitação ou
mudança, apesar do corpo voltar ao pó de onde foi retirado.
Deus a tudo permeia e suas
mãos, pés, olhos, face e cabeça estão por toda parte. Embora desprovido dos sentidos,
Ele reconhece todos os sentidos e os objetos dos sentidos. Livre e sem
atributos, Ele ainda assim preserva e dispõe de tudo. Ele constitui o universo
animado e inanimado.
De natureza sutil, é impossível de ser
compreendido. Ele está próximo e, ao mesmo tempo, distante; é a Luz de todas as
luzes, o conhecimento e o objeto do conhecimento.
Ele é o atma transcendental
que habita o corpo físico. Consequentemente, Ele é a testemunha, o guia, o
sustentáculo, o conhecedor e o Senhor Supremo.
O
SONHO DE DEUS
Um famoso provérbio afirma que
todo o sistema advaita-vedanta pode ser resumido por metade de um verso — brahma
satyan jagan mithya jiva brahma iva naparam — que significa: Brahman é a
única Realidade.
O mundo é totalmente ilusório e a alma
individual não é diferente de Brahman. Brahman e o atma são idênticos. O mundo
é uma criação de maya. A alma encarnada, graças à ignorância ou avidya,
imagina-se diferente de Brahman, e por isso vive em um mundo de multiplicidade,
acreditando ser uma entidade independente.
Na verdade, tudo é Brahman. Somente a ilusão
faz com que Brahman pareça não ser Brahman, da mesma forma que um pedaço de
corda pode ser confundido com uma cobra. Avidya desaparece com o despertar do
conhecimento — a união com Brahman conduzindo à libertação.
Maya, a natureza ilusória do
mundo, é percebida após o estágio de realização. Por ter vivido com grande
intensidade essa experiência, Sri Shankara deu-lhe grande importância.
Maya é o jogo cósmico de Deus, ou lila.
De acordo com Sri Aurobindo, a palavra lila engloba e transcende a ideia
de Maya. Deus é um só, mas essa unidade não o limita. Parece ser
muitos, porque assim deseja. Não-manifestado,
Ele transcende qualquer definição
e não se pode dizer que é um ou muitos, ensinam os Upanishads, que dizem
ainda ser Ele limitado e ilimitado, o primeiro que não tem segundo.
Tudo que percebemos Ele é. Em seus infinitos
aspectos, o mundo visível é o jogo da consciência Divina que, portanto, é real.
Tudo o que existe é Deus.
Onipresente, Deus é cada alma
incorporada, dotada aparentemente de individualidade e independência. Ele é o
ser primordial em união com para-prakiti, simbolicamente denominada raãha.
Enquanto os seres humanos são escravos de prakiti
ou maya, Deus é o Senhor e, se assim o desejar, pode contê-la dentro de
Si ou projetá-la para fora. De acordo com uma das escolas de pensamento, maya
e Deus são idênticos;
segundo outra escola, maya
e Deus são separados e maya existe perpetuamente, em estado latente ou
manifestando-se. As dúvidas a esse respeito só podem ser esclarecidas quando
se realiza Deus.
Brahman não pode ser
representado por meio de palavras nem pode ser percebido pela mente. Não pode
ser descrito, pois está além de qualquer descrição. Pode apenas ser designado
pelo termo sat-chit-ananda, ou seja, existência, consciência e
felicidade. É tanto pessoal como impessoal.
Como governante supremo
interior, Brahman é denominado antaryami, a Alma das almas — e também a
Alma de prakiti. Sendo transcendental, está além do universo, que Ele
cria, mantém e destrói, sendo simbolicamente representado por Brahma, Vishnu e
Shiva, respectivamente.
Ele é a origem e o desfecho de tudo. Ele é o objeto de
devoção e o inspirador dos preceitos morais. Em resumo, Ele é tudo em tudo.
Brahman, ou atma, é a
única realidade, o Absoluto sem atributos. Nele não existe dualidade, nem
diversidade. Qualquer dúvida sobre o Self permanece no próprio Self e
todos os meios de cognição fundamentam-se Nele.
Para aquele que obteve o conhecimento não
existe mudança, sua verdadeira natureza é a eterna existência. Quem conhece
Brahman se torna Brahman, que não pode ser apreendido pelo intelecto limitado.
Erradicando a avidya, ignorância, é possível perceber que nada existe
separado de Brahman.
O Self invisível habita
em cada um de nós e é a divindade pessoal que nos governa, guia, mantém e
preserva. Os hindus reverenciam o Self invisível sob a forma de diversas
deidades como Shiva, Kali, Durga, Krishna, Ganesha e Surya. Não se trata de
idolatria, mas de prestar culto ao Self sob a forma de imagens.
Além do mais, como Deus é onipresente, não é
preciso dotar as imagens de divindade; Deus já se encontra presente nelas.
Mesmo que o ego e o Self da pessoa sejam aparentemente contraditórios,
a base da existência do ego é o Self. Nada existe sem o Self.
A
IMORTALIDADE DO SELF
Quando transcendemos o mundo
da relatividade e chegamos ao reino do Absoluto, encontramos dois seres,
aparentemente diferentes, que são imortais: o Self e Deus. Na realidade
eles são iguais.
A imortalidade do Self é o tema tratado nos
Upanishads, na Vedanta e no Bagha- vad Gita. A imortalidade é a preocupação
central de todas as religiões do mundo e, de fato, a meta suprema de nossa
existência
O Gita ensina que matéria e
espírito não têm princípio, nem fim. Iodas as modificações e atributos
pertencem à natureza. A matéria produz o corpo físico denso, enquanto o
espírito interior nos faz sentir prazer ou dor.
É o espírito inerente à
matéria que se serve de todos os objetos da natureza. A natureza, por sua vez,
é constituída de três qualidades ou gunas: satva (pureza), rajas
(atividade) e tamas (inércia).
O nascimento em ambientes favoráveis ou
desfavoráveis é atraído por essas qualidades. O Self, mesmo quando
habita o corpo, é transcendental, estando além dessa natureza tríplice. Para
realizar o Self, é necessário transpor essas qualidades.
Essas qualidades da natureza
estão sujeitas a modificações sendo, portanto, irreais. Como ensina o Gita
(2:16), o irreal não existe, enquanto o real jamais deixa de existir. A
existência eterna, a única Verdade, está além da natureza e de suas três
qualidades.
A imortalidade que transcende
a natureza denomina-se sat, uma das definições de Brahman. Simplesmente
existir é vegetar; é essencial que tomemos conhecimento do que seja existir.
O conhecimento que transcende
a inteligência denomina-se chit. Não tem nenhum sentido uma vida
infeliz. Reconhecer a imortalidade da alma conduz à felicidade infinita que
está muito além do prazer e da alegria. Essa felicidade denomina-se ananda. Brahman
é categoricamente sat-chit-ananda.
O mundo é simplesmente o teatro de Deus. A matéria, por si só, não é
real, sendo apenas uma forma de consciência. A matéria, a vida, a mente e tudo
o mais são apenas modificações de Brahman brincando com o mundo como sat-chit-ananda.
Quando realizamos isso, percebemos
a verdade contida nos Upanishads: quem possui a felicidade de Brahman nada mais
teme nesse mundo. Sua visão muda e, para ele, o mundo todo se assemelha a um
oceano de beleza, luz e bem-aventurança. Depois de alcançar essa realização,
ele perceberá Deus em tudo e em todos os lugares.
Os Upanishads transmitem a
mais sublime filosofia da identidade do Self e de Brahman e, assim, eliminam todas as barreiras que
separam o homem de Deus. Não se trata apenas de teoria, mas da experiência vivida
pelos profetas dos Upanishads, que não é monopólio de ninguém, pois pertence a
todos os seres humanos.
Na realidade não somos ondas
individuais de consciência separadas do oceano de consciência Cósmica, mas sim
o próprio oceano. Somente nos consideramos como ondas individuais de
consciência em razão da ignorância, ou, avidya.
O espírito de Deus se transformou no homem e
esse homem é o oceano de consciência cósmica, o próprio Deus. A verdadeira
natureza do homem é o Self
onisciente, a testemunha imutável do corpo, da mente e do mundo exterior,
sempre sujeitos a mudança.
O Self
é o único fator constante no homem. Ele integra todos os elementos físicos e
psíquicos num todo coerente, coordenando as diversas funções do corpo, da
mente e dos outros órgãos.
Apesar de todas as mudanças internas e
externas que ocorrem, é ele que mantém a identidade do homem cuja essência é o
espírito luminoso e autossuficiente. O Kena Upanishad (1:2) afirma: “Ele é a
Vida da vida”.
O Self é real e faz com que cada pessoa reconheça sua própria
individualidade e a diversidade do mundo. Essa capacidade de perceber distingue
os seres sencientes.
O Self não precisa provar que existe, ele é sua própria
evidência. A imortalidade do Self,
(atma), é descrita com minúcias no Gita. O reconhecimento da
imortalidade do Self
elimina completamente o medo da morte.
O medo da morte existe porque nos aferramos
ao ego e por isso vivemos dominados pela ansiedade, covardia e sofrimento. É o
desejo pelos prazeres do mundo que faz o Self reencarnar.
O desejo pode ser superado pelo conhecimento e
a morte dos desejos conduz à imortalidade. A imortalidade do Self pode ser realizada na
meditação por meio da técnica científica de Kriya Yoga. Este é o paraíso
interior.
A
HISTÓRIA DE DOIS PÁSSAROS
Em razão da ignorância, a pessoa
desenvolve uma consciência subjetiva de seu próprio eu em relação ao corpo e ao
meio em que vive.
Esse “eu” é o ego. O Self, por sua vez, é
essencialmente espírito — eterno, onisciente, com alegria sempre nova. O
Bhagavad Gita afirma que assim como o sol dissipa a escuridão ao nascer, o
conhecimento do Self dissipa
a ilusão.
Para ilustrar esse fato, o
Mundaka Upanishad (3:1:1) utiliza a imagem de dois belos pássaros que viviam na
mesma árvore. Um deles, num ramo perto da copa e o outro mais embaixo.
Este último ocupa-se provando
os frutos da árvore, enquanto o de cima, tranquilo e majestoso, simplesmente
observa, absorto em sua própria glória.
Quando, ocasionalmente, o primeiro pássaro
prova algum fruto amargo, ele salta imediatamente para um galho mais alto e
nota o desprendimento do outro, que não se interessa nem pelas frutas doces,
nem pelas amargas.
Satisfeito, não procura nada
fora de si mesmo. Na tentativa de aproximar-se desse pássaro, ele então pula
para um galho acima, mas, por força do hábito, começa a provar os frutos
daquele galho.
Depois de experimentar outro fruto amargo, ele
olha para o alto e, mais uma vez, observa a autossatisfação do outro pássaro.
Ele então salta para um galho superior e, por força do hábito, novamente
começa a provar os frutos que ali se encontram.
Prossegue dessa maneira, saltando de galho em
galho, até chegar bem perto do segundo pássaro. Nesse instante, a luz que emana
das plumas do segundo pássaro reflete-se nas suas plumas, que começam a
dissolver-se.
Quando finalmente ele alcança
o mesmo galho em que o segundo pássaro se encontra, sua percepção muda
completamente, e ele se dá conta de que, durante todo o tempo, o segundo
pássaro era ele mesmo.
A aparente dualidade existira somente porque, para
saborear os frutos da árvore, ele havia se transformado num reflexo distorcido
de seu verdadeiro Self.
A natureza humana é assim. O
homem vive em busca de satisfação sensorial e da enorme variedade de prazeres
oferecidos pelo mundo. Assim como o primeiro pássaro, ele deseja saborear os
frutos doces dos prazeres mundanos por meio dos sentidos.
Quando, ocasionalmente, é forçado a
experimentar os frutos amargos dos golpes infligidos pelo mundo das sensações,
ele começa a refletir profundamente e, assim tem um vislumbre de seu verdadeiro
e majestoso Self.
Os velhos hábitos, porém, são
difíceis de extinguir e mais uma vez ele se perde no mundo dos sentidos. Depois
de repetidos golpes, ele volta para seu mundo interior em busca da felicidade
e, finalmente, descobre o Self que está presente em tudo que existe e é
a essência de todas as coisas. Deus revela-se e, livre de todas as amarras,
ele imerge no oceano da suprema felicidade.
O Self não pode ser
visto pelos olhos, nem é reconhecido pela mente ou sentidos. Não pode ser
realizado por meio de penitências ou boas ações.
Não pode ser revelado pelo
estudo dos Vedas, pelo intelecto ou por qualquer tipo de aprendizado. Também
não pode ser realizado por alguém desprovido de força moral ou que tenha medo
de fazer sacrifícios.
Somente quando uma pessoa tem
sua natureza purificada pela luz do conhecimento é que o Self se revela
em toda sua glória na meditação. Ela então funde-se na consciência de Brahman e
se estabelece no Self
Esta união absoluta (yoga)
significa o mesmo que liberdade absoluta (kaivalya). O indivíduo sabe que
todas suas faculdades alcançaram a total plenitude e que obteve o perfeito
conhecimento.
Experimenta o estado no qual não há mais nada
a fazer, no qual não mais existe desejo algum. O Bhagavad Gita também descreve
este estado que, ao ser alcançado, faz com que o universo pareça algo
totalmente sem importância.
Quando alguém obtém a visão interior do Self
e experimenta a percepção direta do Absoluto, uma alegria inefável invade todo
o seu organismo. Uma sensação de expansão e plenitude é observada em cada dimensão
de seu ser.
Esse contato com o Absoluto
torna a pessoa plena e perfeita. A experiência direta é a única maneira de
alcançar o verdadeiro conhecimento.
O Bhagavad Gita ensina que
Brahman é a harmonia perfeita. A sensação de aprisionamento surge em virtude do
desconhecimento da verdadeira natureza do Self que, no entanto, pode ser
realizado por meio do discernimento.
Quando nossos olhos, cegos pela ideia da matéria,
se abrirem para a luz suprema do conhecimento, descobriremos que nada é
inanimado. Tudo é uma manifestação de Brahman que é prana (vida), manas
(mente), vijnana (conhecimento), ananda (felicidade), chit
(força divina) e sat (existência).
O mundo inteiro e cada um de seus objetos
foram criados para ser a morada do Senhor. Realização significa a habilidade de
vê-Lo em todos os acontecimentos, ações, pensamentos, no nosso próprio Self
e nos outros, por toda a criação — porque Deus se manifesta em tudo. Deus
pode ser comparado a um círculo cujo centro está em toda parte e a
circunferência, em parte alguma.
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