Estabelecer Objetivos - Metas e Pensar
Positivo
Nanci Azevedo Cavaco
Como estabelecer objetivos
corretamente e por que o pensamento positivo pode não funcionar
Se você pretende
ter um cérebro turbinado, é porque possui planos para ele. Nesse caso, é
preciso saber se empregará de maneira certa todo o potencial que adquiriu.
Pensar positivo,
imaginar-se fazendo o que gostaria (estar trabalhando em um cargo público, por
exemplo) é o que todos aconselham. Mas será que isso é o suficiente? Se fosse,
bastaria pensar no objetivo alcançado e tudo estaria resolvido.
Quando se
estabelece um objetivo, é comum ter dúvidas quanto à possibilidade ou não de
alcançá-lo, e já sabemos que quanto maior a dúvida maior a dificuldade de
realização.
As dúvidas são
traiçoeiras e nos impedem de alcançar nossos objetivos pelo simples fato de
gerarem conflito (capacidade x incapacidade). A tendência da sensação de dúvida
é nos imobilizar. Talvez você não tenha muita noção do quanto isso o prejudica.
Para ter uma
melhor percepção dos prejuízos que a dúvida pode causar, pense sobre isso: se
for pedido para que você caminhe sobre uma tábua de 02 metros de largura por 06
metros de comprimento, estando essa tábua apoiada no chão, sabemos que você
será absolutamente capaz de concluir a tarefa.
Contudo, se a mesma tábua em questão estiver a
uma altura de 04 metros, apoiada de um prédio a outro, seu desempenho será o
mesmo? Possivelmente, não. Talvez você nem se "atreva" a iniciar a
travessia. Apesar de ser a mesma a tábua e a mesma distância, sua competência
em atravessá-la estará comprometida pelo medo gerado pela dúvida de conseguir
ou não.
Se você resolver
cumprir essa tarefa, provavelmente a imagem mental que se formará em seu
pensamento será a de estar caindo. A ideia de não conseguir acaba criando
bloqueios que, muitas vezes, o impedem até mesmo de tentar, não por falta de
capacidade (manancial de recursos internos para realizar algo), mas por falta
de competência (condições internas para colocar em prática as capacidades
existentes).
O que ocorre é
que você está mantendo um padrão mental de quem não consegue, quando deveria
ter um padrão mental de quem consegue.
Para resolver
este problema, relembre uma ocasião em que teve a convicção de que poderia
resolver algo e de fato resolveu. Identifique suas sensações internas (qual era
o seu padrão de pensamento, o que sentia, o que ouvia e visualizava
internamente).
Intensifique esta sensação e a transfira para
a situação atual (passar no concurso). Repita esta ação várias vezes em
momentos diferentes para fixá-la e torná-la automática.
Estabelecer
objetivos e pensar positivo requerem outras providências.
Vamos começar pelo objetivo.
Objetivo
Saiba acertar o
alvo
Você pode ter um
objetivo, mas para que consiga realizá-lo, ele deve ser:
1.
Específico.
2.
Estabelecido de modo positivo.
3.
Monitorado e no padrão mental
adequado.
Agora, vamos
explicar passo-a-passo.
1. Específico
Há um objetivo
específico quando se vai direto ao ponto. Se você tiver como objetivo ganhar
dinheiro, isto não é ser específico, por uma razão muito simples:
se alguém lhe der R$ 0,01 (um) centavo, você
já terá ganhado dinheiro. Da mesma forma, isso pode acontecer hoje ou somente
daqui a alguns anos.
Nesse objetivo
não está estabelecido quanto, quando e de que maneira você
deseja que seu êxito aconteça. Desse modo, você não terá como monitorar os
resultados.
Nosso cérebro, no estado inconsciente, sempre
buscará alcançar as condições necessárias para a realização do que desejamos,
mas é preciso saber estabelecer o que se quer.
Se você estiver no meio do oceano apenas desejando sair e não souber em
que direção deve seguir, permanecerá no mesmo lugar.
2.
Estabelecido de modo positivo
Freqüentemente,
as pessoas estabelecem seus objetivos com base no que não desejam que aconteça.
Desse modo, acabam realizando exatamente o que evitar.
Exemplo: não quero ficar reprovado.
Esse é um objetivo, mas como está estabelecido negativamente, o resultado
fatalmente será a reprovação.
A explicação é simples e bastante óbvia: para
que algo deixe de acontecer, primeiro precisa estar acontecendo. Entendeu?
Não?
Então faça uma
experiência: não pense numa laranja. Observe que mesmo sendo orientado a
não pensar numa laranja, automaticamente ela surgiu na sua mente.
Assim sendo, quando estabelece como objetivo
NÃO FICAR REPROVADO, seu cérebro criará recursos para que você se reprove.
Ao invés de pensar que não quer ser reprovado,
seu pensamento deve ser o de ser aprovado.
3.
Monitorado e no padrão mental adequado
Para saber se
está indo para a direção certa de seu objetivo, é importante monitorar o que
tem conseguido em relação ao prazo que estabeleceu.
Se você estabelece ir em determinada direção,
é importante checar os sinais que indicam que está na direção certa.
Quanto ao padrão
mental, vamos relembrar que para cada ação é importante ter o padrão mental
adequado.
Uma maneira de facilitar a criação do padrão
mental específico é usar a visualização, mas você conseguirá um melhor
resultado se também produzir as sensações compatíveis de quem já alcançou o
objetivo desejado.
Numa projeção ao
futuro, tenha como base seus sentidos. Nessa projeção, procure imaginar o que
você verá, ouvirá e sentirá no momento em que realizar o que almeja.
Casos em que o pensamento
positivo pode falhar
O pensamento
positivo pode falhar se você:
Pensar sem imaginar - Cada pessoa possui um modo específico de pensamento. Algumas pensam
com palavras; outras, com imagens.
A imaginação é mais poderosa do que a razão.
Lembra-se da experiência de imaginar uma fruta azeda? Mesmo racionalmente
sabendo que não há fruta alguma, o sistema glandular produz salivação.
Um outro exemplo: o medo surge porque
imaginamos. Sem imaginação não há medo. Portanto, é importante pensar
positivamente com imagens.
O Pensar sem emoção - Pensamento sem emoção é um pensamento "frio", muito
racional. Diriamos que é um pensamento apenas com o hemisfério esquerdo
(consciente).
Para que haja
impressão no inconsciente, de modo a favorecer a ação de um comportamento que
desejamos, é preciso pensar com carga emocional (permitindo a impressão no
inconsciente - pensamento também com o hemisfério direito).
Um bom exemplo do potencial da emoção é o
trauma, recheado de carga emocional e que permanece durante anos, mesmo quando
conscientemente desejamos nos livrar dele. Imagine se utilizamos esse recurso
de modo a nos favorecer.
O Pensar com dúvidas - É importante que você não tenha dúvidas quanto à realização do que deseja.
Se você deseja algo e imagina o contrário do que quer, estará produzindo
situações opostas.
Já vimos que a imaginação sempre ganha da
razão, então, se não houver uma unidade entre seu pensamento e seu sentimento,
ocorrerá conflito que bloqueará suas competências e, conseqüentemente, impedirá
a realização do seu objetivo.
Se o seu
objetivo consciente for passar em concurso, mas seu objetivo subjacente for
manter-se ao lado de seus amigos atuais, saiba que aí haverá um conflito.
Nessa disputa, seu objetivo consciente será
derrotado e a arma que ele utilizará contra você (no seu objetivo consciente)
será a auto sabotagem, que pode aparecer mascarada de diversas maneiras:
sonolência na hora de estudar, dores de cabeça, esquecimento etc.
Inimigas de qualquer pessoa que deseja
ser produtiva e eficiente, as faltas de concentração e atenção são os
pesadelos de quase todos os concurseiros.
Quando se preparam para concorrer
a uma vaga no serviço público, pelo menos 90% dos concursandos sabem o quanto
tais faltas atrapalham o seu desempenho. Mas muitos acham que atenção e
concentração são as mesmas coisas.
Você sabe qual é a diferença entre atenção
e concentração? Saber a diferença é importante para que os exercícios de
correção do problema sejam compatíveis com a situação que se quer corrigir.
A falta de atenção é quando não se
consegue perceber detalhes, então algumas nuances da informação passam
desapercebidas.
Já a falta de concentração é quando
durante em um mínimo de tempo, seu pensamento viaja para outras situações
que nada tem a ver com o que você esta fazendo, mais comumente acontece
com interferências de outros pensamentos no momento dos estudos.
Alguns se queixam de falta de atenção,
outros de concentração e muitos acreditam que atenção e concentração são a
mesma coisa. Você pode até não saber a diferença entre uma coisa e outra,
mas com certeza deve conhecer a sensação de “ausência momentânea”, que faz
surgir pensamento do tipo: “não me lembro de ter ouvido o professor falar
sobre isso”, ou, ainda, enquanto estuda, percebe que seu pensamento viaja
para bem longe do assunto no qual deveria prestar atenção. Parece que uma
força estranha e invisível sequestra sua mente no momento em que você mais
precisa dela.
No dicionário Aurélio, entre outras
definições, encontramos o fenômeno da atenção definido como “aplicação
cuidadosa da mente a alguma coisa” e concentração como “aplicação da atenção da
mente de modo interno e exclusivo”.
Segundo o psicólogo e neuropsiquiatria russo
Alexander Romanovich Luria, que estudou as relações entre o sistema nervoso e o
comportamento humano, a concentração é a condição responsável por extrair os
elementos essenciais para a atividade mental a que se vincula a seletividade do
processo mental.
A atenção funciona como filtro da
percepção. Ela é uma função cognitiva básica. Quando está comprometida, todas
as outras funções decorrentes dela funcionam precariamente. Um bom exemplo é o
que ocorre com a memória.
A
falta de atenção e concentração tem um efeito direto sobre a capacidade de
lembrar.
É importante mencionar que existe a
falta de atenção e concentração em função de alguns transtornos neurológicos. A
desatenção e a desconcentração também podem ser geradas por um nível alto de
ansiedade. Nesse caso, entre outras coisas, o exercício de relaxamento pode
auxiliar bastante.
O relaxamento é uma prática
psicossomática que ajuda a aliviar as tensões físicas e a adquirir equilíbrio
mental.
Para a atenção, você também pode adotar
exercícios como os jogos de 7 erros, além de desenvolver o hábito de
observar os detalhes em fotos, lugares etc. Todos esses exercícios não lhe
exigem muito tempo para a execução, apenas devem ter continuidade.
Por mais estranho que possa parecer, é
possível ter concentração sem atenção e vice versa.
Em situações comuns, para promover
estimulação nas áreas do cérebro (córtex pré-frontal e parietal),
envolvidas na tarefa da atenção e concentração, os exercícios são muito
importantes.
Além disso, devemos evitar a tendência à
superficialidade, muito comum atualmente sob a justificativa de não se
perder tempo. Corrigindo essas deficiências, seu desempenho na
aprendizagem e memorização será infinitamente melhor.
Como no treinamento de um atleta que
participa de uma competição, entendemos que o concursando também necessita de
um preparo (fitness mental), inclusive emocional, já que terá de aprender a
lidar com a pressão de concorrer com milhares de “atletas” disputando a mesma
vaga.
Podem ser adotados vários exercícios de
variadas metodologias, com a finalidade de corrigir as diversas
dificuldades cognitivas (desatenção, desconcentração, falta de memória,
falta de percepção etc.).
Você pode pensar que existem obstáculos
entre você e o seu objetivo. Essa ideia pode imobilizá-lo fazendo com que você
nem tente alcançá-lo, ou você pode pensar que existem desafios entre você e o
seu objetivo e desse modo aumentar os seus recursos, sua vontade de superação.
A
simples conotação que uma palavra tem para você é o suficiente para impedi-lo
ou impulsiona-lo. Portanto, a linguagem influencia o seu sistema nervoso
e, consequentemente, afeta a sua reação.
Pensar é usar os sentidos
internamente. Já que o que você diz é um reflexo do que você pensa,
dependendo das palavras que você habitualmente utiliza, sem saber, você
pode estar se sabotando.
Alimentação
Manter uma
alimentação que aumente as reservas energéticas é fundamental. Uma boa
alimentação refere-se à qualidade e não à quantidade.
Uma dieta
saudável deve ser bem distribuída durante o dia. O ideal é que se façam
diariamente pelo menos três refeições, sendo as primeiras (café-da- manhã e
almoço) as mais importantes.
Para quem
necessita de um bom desempenho mental, é bom ingerir:
Ferro - encontrado no milho, fígado de boi,
beterraba, espinafre, alface, cerejas, pera, uvas, maçãs, lentilha, amendoim.
Silício - encontrado no arroz integral, aveia,
cevada, cenoura, espinafre.
Fósforo - encontrado no grão-de-bico, caju,
avelã, leite, amendoim, mel de abelha, castanha de caju.
Complexo vitamínico do tipo B (B12), (B2),
(Bl) - encontrado nas hortaliças, frutas, leguminosas.
Vitamina C - encontrada na acerola, goiaba,
abacaxi, agrião, tomate, repolho.
Vitamina A - encontrada na cenoura.
Proteínas - encontradas na carne em geral,
gelatina, soja e peixes.
Vale lembrar que
é importante ingerir bastante água, evitando fazê-lo durante as refeições.
Para manter e
aprimorar a memória é importante:
Manter dieta balanceada, com legumes, frutas e
verduras.
Consumir vitamina A, C, E e selênio e
suplementos nutricionais e fosfolipídios.
Acabar com a tristeza e o estresse.
Fazer exercícios cardiovasculares. Se não
tiver tempo de frequentar uma academia, pedale, pule corda ou faça polichinelos
antes do banho, que são excelentes para promover a oxigenação do cérebro.
Quanto menos oxigênio, menor funcionamento
cerebral. Comece exercitando- se 3 vezes por semana pelo menos por 20 (vinte)
minutos.
Evite substituir
as refeições por sanduíches ou salgadinhos. Se por qualquer razão não puder
almoçar, coma frutas e troque o refrigerante por sucos ou vitaminas.
Então, aproveite e “boas práticas
Nanci Azevedo Cavaco
Psicopedagoga e Psicanalista.
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