“Se meus pais não estabelecem uma hora para eu
voltar para casa, é porque não se importam comigo. ”
Essa curiosa frase de um adolescente deixa
clara a necessidade que as crianças têm de que mostrem a elas o que podem e o
que não podem fazer.
Se
estabelecermos uma lista com as dez principais razões por que você precisa
impor regras ao seu filho, e ele precisa cumpri-las, chegaríamos à esta lista:
NÚMERO UM - Porque, com as regras, ele aprenderá o que
pode e o que não pode fazer. A pílula mágica não existe, e as crianças não
nascem sabendo o que “é certo e o que não é.” Nascem com todo o potencial para
aprender isso, desde que alguém lhes ensine.
A
aprendizagem do adequado/inadequado não vem de fábrica, e é tarefa,
principalmente dos pais, que esses conceitos sejam incluídos no dia a dia da educação
das crianças para que, no futuro, elas venham a se beneficiar dele/.
Como os carros, as crianças podem funcionar
sem manutenção, mas, depois, passarão muito tempo na oficina.
Quando
os pais estabelecem limites para seus filhos, dão a eles referências que os
ajudam a ter claros determinados critérios sobre a vida.
“Minha mãe disse que não devo fazer isso”,
responde um menino de quatro anos a um amigo que insiste em que ele roube
doces em uma loja.
Quando se educa com regras, fica claro desde
muito cedo que a criança estabelece a própria escala de valores e aprende a
respeitar os outros.
Carla
tem cinco anos e é alérgica a nozes. Desde pequena, seus pais lhe explicaram o
que aconteceria se as comesse. Chegou a época em que Carla começou a ir à
escola, e seus pais tiveram que confiar que a menina se encarregaria de evitar
nozes.
Na escola, Carla sempre pergunta se o que vai
comer tem nozes e nunca as comeu, mesmo que apareçam em forma de doces
atraentes.
E o mais curioso é que Carla nunca sofreu as
consequências de comer nozes, ela nunca teve a experiência de comê-las e passar
mal.
Esse exemplo é muito útil para se entender
como uma regra, “Você não pode comer nozes”, é interiorizada e respeitada.
Isto é, não é necessário ser alérgico a algo
para se aprender a respeitar as regras, mas o caso de Carla mostra que as
crianças são capazes de assimilar as regras e colocá-las em prática. Desde que
alguém as guie na aprendizagem.
NÚMERO
DOIS - Porque os limites fazem com que a criança se sinta segura e protegida.
Elimina-se a incerteza de: “O que tenho que fazer agora, o que esperem que eu
faça?”, e dão à criança a sensação de que, se não sabe como lidar com alguma
situação, papai e mamãe irão ajudá-la a resolver.
“Eles
são meus super-heróis favoritos porque podem tudo”, um menino falou quando lhe
pediram que falasse dos pais.
Em
outra ocasião a pergunta foi: “Por que você acha que seus pais amam você?” e
uma menina de 7 anos foi muito clara ao responder:
"Porque, por mais que eu grite e chute,
eles não me expulsam de casa” As crianças se sentem protegidas à medida que
somos firmes e convincentes.
Sem
incerteza, não há ansiedade; com segurança, a criança sente que obedecer as
regras é o melhor para ela. Por isso é importante que as regras sejam justas.
NÚMERO TRÊS - Porque é a melhor vacina contra a agressividade
e a ansiedade. Colocar limites é dizer à criança: “Até aqui você pode ir,
mas depois, NÃO.”
Um NÃO
maiúsculo, sem complexos e seguro de que estamos ensinando a criança a
lidar com a frustração é um importante aliado na educação de seu filho.
Aprender a renunciar aos seus desejos os
ensina a tolerar a frustração: “É, não foi meu melhor jogo; tenho que me
esforçar mais nos treinos se quiser melhorar”, diz uma criança que já
experimentou o erro, desejou algo e ouviu um “não” como resposta.
É dizer “Melhorar depende do meu esforço.” Por
outro lado, “Esse time é uma porcaria, não vou mais voltar a jogar, o campo
estava ruim, os jogadores do outro time fizeram faltas, e o juiz não apitou.
Não vou mais jogar com esse time!”, é o que
diz uma criança que escutou poucos “nãos.” O que é o mesmo de dizer: “O
treinador, o time, os jogadores e as condições estavam ruins”, logo, a culpa é
sempre dos outros.
Nós,
adultos, sabemos que as coisas não saem sempre como queremos e que, na maioria
das vezes, temos que nos esforçar muito para conseguir realizar nossos desejos.
As crianças não sabem. Elas ainda não
aprenderam isso. Se permitirmos que tenham experiências em que as coisas não
saem como querem (que se entediem em uma festa sem que possam
ir embora,
calcem sapatos em vez de tênis, esperem até depois do almoço para
comer um doce, durmam na hora certa, só ganhem a bicicleta se cumprirem com
seus horários de estudo, economizem para comprar as figurinhas da moda...), se
as incentivamos a superar as dificuldades
(deixamos que lutem um
pouco com o casaco antes de ajudá-las com os botões difíceis, lembramos a elas
que estão correndo muito,
mas
que devem continuar a jogar, elogiamos quando se esforçam nos estudos) e se
estamos inclinados a comemorar cada um dos seus' sucessos, a criança aprenderá
a lidar com sua ansiedade e agressividade.
Quando
esse aprendizado não corre bem, a criança pode se tornar apática e passiva,
ou, no outro extremo, impetuosa ou tirana; atitudes que revelam a insegurança
que a criança experimenta.
NÚMERO QUATRO
- Porque uma criança sem limites
se transformará em um adulto com as seguintes características:
•
Nunca estará
satisfeito, seus sucessos parecerão pequenos, e, quando conseguir algo, já
estará pensando no que poderá conseguir depois.
.
Reagirá muito mal cada vez que ouvir um
NÃO: começará com reclamações, depois jogará coisas longe, logo estará batendo
portas, virão as ameaças e os insultos, porque vale tudo para conseguir o que
se quer.
.
Não vai saber esperar. Como sempre esteve acostumado a receber tudo o que
desejava, terá de receber o que quiser, na hora em que desejar.
Não saberá como lidar com a ansiedade da
espera e desconhecerá o esforço necessário para obter êxito. Só saberá agredir
para gerar medo, e gostará disso, embora no fundo tudo o assuste e o deixe
ansioso.
•
Sua
autoestima dependerá das coisas materiais que tem. É como se medissem seu
valor pelo que possui. Pensa “tenho tanto; valho tanto. ”
NUMERO CINCO
- Porque facilita sua vida e
melhora a convivência.
“Ele
é tão pequeno que não vai saber
fazer isso” “Eu faço e termino
mais rápido.
As
crianças tem que brincar, e não se preocupar com os problemas dos adultos.
São
as razões mais usadas para explicar por que as crianças não assumem
responsabilidades em casa. Inclusive, já ouvimos um pai dizer: “Fazer com que
meus filhos limpem a mesa e lavem os pratos me parece vergonhoso.
No meu caso, acredito que essa
responsabilidade é dos pais, e acho que, quando as crianças nos virem
permitindo que desfrutem de sua infância, elas nos tratarão com respeito e
cumprirão suas obrigações.”
É certo que a imitação é uma das melhores
formas de educar, mas imitar implica e que a criança faça o que vê e não só
veja como se faz.
Manter
essa filosofia de ensino tem consequências para as quais os pais deverão se
preparar:
.
Ter muito menos tempo para passar com os filhos, porque são muitas as tarefas e
as responsabilidades em uma casa. Entre os numerosos afazeres, estão colocar e
tirar a mesa, limpar o banheiro, arrumar os quartos, arrumar a roupa e a
mochila para o dia seguinte.
O adulto em breve estará se sentindo mais
cansado, com menos paciência e querendo que as crianças vão para a cama cada
vez mais cedo.
.
A autonomia das crianças demorará a se desenvolver, pois elas têm menos
oportunidades de fazer coisas sozinhas: “Já vesti você, já lavei seus pratos,
já arrumei a sua roupa de amanhã, já guardei seus livros na estante.”
.
As crianças perdem a possibilidade de viver experiências que desenvolvam suas
habilidades no que tange à atenção, à frustração e ao controle da
impulsividade:
“Não se preocupe, continue com o que estava
fazendo. Eu aviso quando o jantar estiver pronto.”
.
A família perderá a oportunidade de aprender a trabalhar em equipe e o valor da
colaboração: “Tiramos a mesa juntos e colocamos os pratos na lava-louças,
assim todos teremos um pouco de tempo de lazer depois do jantar.”
•
Em situações novas não saberão como se comportar. Não aprenderam um código de
conduta porque não têm um em casa e se sentirão inseguros e desconfiados.
NUMERO SEIS -
Porque seu filho deve ser
ensinado a seguir as regras. Se
a criança foi criada sob regras justas e claras, verá a vida desta forma.
Os
soluços dizendo que será a última vez que acontece, os choros pedindo os mesmos
patins que todos os colegas de classe têm, as batidas de porta acompanhadas de
“Vocês são os piores pais do mundo”, fazem com que as intenções mais firmes
vacilem.
Ter a certeza de que as regras são justas faz
com os pais mantenham a constância, já que realmente é sempre mais fácil ceder
aos desejos e exigências das crianças e evitar o conflito.
NÚMERO SETE -
Porque seu filho deve aprender
a esperar e esforçar-se para ter/conseguir sucesso. Essa frase não fala de sucesso econômico, mas do
que fará a criança triunfar com um adulto no âmbito social, emocional e
pessoal.
Esse êxito depende da constância e da
tolerância à frustração nas diferentes situações que a criança enfrentará em
sua vida.
“Não
vou deixar que você mude de escola. Seu professor só quer que se aplique mais
aos estudos”; “Vá brincar no seu quarto; nós, adultos, estamos na sala
conversando”;
“Não
me interrompa, deixe-me conversar com meu amigo e depois eu falo com você”;
“Já gastou sua mesada, espere até a próxima
semana para comprar suas figurinhas”; “Entendo que você esteja zangado, mas
não podemos conversar até que você pare de espernear”;
“Você caiu? Lembre-se que na descida é melhor
ir freando a bicicleta”; “Hoje seus primos chegam: escolha qual brinquedo não
quer emprestar para eles, e vamos guardá-lo. Os outros você terá de
compartilhar.”
Todas
essas frases são limites impostos que favorecem o aparecimento de habilidades
necessárias para seu filho:
•
Alcançar
objetivos, quando vierem precedidos de algum esforço.
.
Fazer pedidos com assertividade e não com agressividade.
.
Respeitar os outros, suas emoções, atos e opiniões, ainda que não esteja de
acordo com eles.
•
Aprender a esperar
o tempo necessário entre o que deseja e o resultado.
.
Saber errar e saber encontrar uma solução quando isso acontecer.
.
ser empático, se colocar no lugar do outro, em momentos de conflitos.
NÚMERO OITO -
Porque se as regras e os
hábitos não estiverem estabelecidos na vida de seu filho até os quatro anos,
ele terá grandes chances de desenvolver um transtorno de comportamento para transformar-se em uma criança TEA (que são
crianças tiranas, exigentes, ou agressivas.
NÚMERO NOVE - Porque ele deve aprender a ter disciplina. A mesma disciplina nos faz ir ao
trabalho todos os dias, cuidar dos que vivem conosco, economizar para comprar o
que se quer, gastar em função do que se tem, praticar esportes ou nos alimentar
de forma saudável.
A habilidade de cumprir as regras necessárias
para tornar coerentes nossos atos e nossos pensamentos, sem necessidade de que
outros nos vigiem e garantam que estamos fazendo o que deveríamos.
Se prestarmos atenção à definição que o Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa dá
à palavra disciplina “(obediência às regras, aos superiores, a regulamentos;
conduta que assegura o bem-estar dos indivíduos, maturidade emocional ou o bom
funcionamento), algumas coisas são claras:
que é necessário ser disciplinado
para estruturar valores como o respeito, a igualdade, o gosto por compartilhar,
a amizade, a justiça, a solidariedade.
Que é necessário que a criança respeite os
limites sem precisar que seus pais estejam o tempo todo vigiando cada um de
seus atos.
Por isso, o entendimento das regras acarreta
também no entendimento das consequências de seu não cumprimento.
Com isso, a
criança gradualmente entenderá que precisa se comportar de acordo com as
normas, esteja sob vigilância ou não.
NÚMERO DEZ - Porque ele aprende que pode errar, que
errar é um direito e que deve avaliar seu erro com honestidade para tentar
melhorar da próxima vez e, assim, superar-se.
E
isso não vale somente para os filhos. Um pai chega tarde em casa e percebe que
seu filho passa quarenta minutos diante de um prato de vagens, recusando-se a
prová-las enquanto chora, esperneia e grita sem parar que aquela é a pior casa
do mundo.
Depois
de alguns minutos vendo e escutando o espetáculo da criança, decide pegá-la
pelo braço e, subindo o tom ainda mais, arrasta-o até a cama, enquanto o
castiga, dizendo que ficará sem brincar com seus carrinhos até “o dia do juízo
final.”
A cena, carregada de agressividade, não deixa
de ser frequente. Esse pai sabe que está errado, mas se permite errar porque é
um direito que todos nós temos.
Assim, no dia seguinte retoma a questão e
explica ao filho: “Ontem eu estava muito cansado e não tive calma suficiente
para lidar com a situação. Perdoe-me por tratar você daquela forma. Acredito
que é justo que eu devolva seus carrinhos, mas só quando você terminar de comer
tudo o que está no seu prato hoje.”
Todos
nós erramos; a perfeição nos levaria a viver em um estado de constante pavor do
erro. Além de provocar ansiedade, a perfeição é um estado aborrecido de se
viver.
O pai que erra e se desculpa ensina ao seu
filho como pedir perdão e a reconhecer os próprios erros para poder
corrigi-los.
Em
cada casa deve haver limites. As crianças devem conhecê-los e saber as
consequências de respeitá-los ou não.
Perguntamos
o seguinte à mãe de dois adolescentes: Por que você acha que seus filhos
obedecem às suas regras?
“Porque
são regras justas. Sempre lidei assim com meus filhos. Isso não significa que,
às vezes, eu não tenha usado o típico “É assim porque eu disse que é”, nem que
eles sempre tenham me obedecido na primeira vez.
Mas, exercitando a paciência e usando o bom
senso, conseguimos estabelecer um bom relacionamento.
Acredito que uma das chaves para isso foi
entender que eu não deveria me sentir culpada ao dizer “não” e sustentar a
negativa quando necessário.
Hoje, já crescidos, vejo meus filhos maduros e
equilibrados e sou grata pelo resultado de todo aquele esforço.”
Rocio Ramos - Paul & Luis Torres.
Filhos desobedientes Pais desesperados.
Postado por Dharmadhannya
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Amem!
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