MEDITAÇÃO - Eu Sou Brahma - Unidade
Unindo-se a Brahma
Chegamos agora ao ponto em que
podemos iniciar a meditação no estilo ioga, isto é, descansado, relaxado, após
alguns minutos de exercício.
Devemos, mais uma vez, sentar-nos,
com as pernas cruzadas à frente. A postura do lótus, na qual os pés ficam
colocados sobre as coxas, é impossível à maioria dos ocidentais.
Não parece
que tenhamos sido feitos para ela. O sentar-se com as pernas confortavelmente
cruzadas é igualmente bom.
O importante na meditação ioga é manter o corpo à
vontade, embora alerta, de modo que possamos ignorá-Io e esquecê-lo.
Se não
conseguirmos manter a posição com as pernas cruzadas no meio de um aposento,
poderemos sentar-nos perto de uma parede, de modo a conseguir certo apoio para
as costas.
Mas, se nos sentimos - incômodos ou julgamos impossível achar
posição dessa maneira, podemos usar uma cadeira.
A ioga insiste que o corpo deve ser
mantido ereto. Dão para isso razões esotéricas, relativas à “serpente”
supostamente enroscada na base da coluna vertebral, mas suspeito que a razão
está no clima quente da índia, onde é muito fácil dormir dão logo nos
recostamos.
"E ali sentado”, aconselha
Krishna a Arjuna, “ereto e imóvel, com os; sentidos e a mente perfeitamente
controlados e a alma unipolarizada, pratica o homem a ioga a fim de conseguir
a purificação da sua alma divina.”
“Mantenha o corpo, o pescoço e a
cabeça eretos, fazendo os olhos convergir na base do nariz, pelo poder da
visão interna.”
"Esteja firmemente estabelecido
no espírito de Brahmacharya, livre de qualquer solicitude,
todo focalizado em mim e a mim devotado com todo o seu ser.”
“Assim, em permanente contemplação do
Ser Supremo, torna-se o iogue um poderoso soberano no seu próprio reino e entra
na paz e no gozo supremo do nirvana.”
Assim começa a meditação ioga. Talvez
a palavra mais importante do trecho acima seja “unipolarizado”, Krishna, aliás,
já explicara êsse ponto a Arjuna:
"A mente resoluta é una e
unipolarizada; os objetivos da mente irresoluta, porém, são ramificados e
infindáveis.” Refrear a mente para que ela não salte de um objeto a outro
constitui o primeiro passo da meditação. Numerosos meios foram sugeridos para
conseguir-se isso.
1. Comecemos simplesmente observando os pensamentos
que fluem espontaneamente pela mente. Com a prática, esse fluxo pode ser
rapidamente estancado de modo a permitir à mente descer para nível mais
profundo.
2. Inicialmente, porém, o fluxo deve
continuar para que o observemos e, sem agitação, deixá-lo-emos correr, como
algumas vezes deixamos o ar escapar de um cano d’água. Após algum tempo,
devemos interromper o fluxo por alguns momentos e observar de relance a
quietude que almejamos atingir.
3. Capturemos uma das ideias que fluem e
usemo-la para uma meditação efetiva.
4. Concentremo-nos em um objeto colocado em
posição conveniente, talvez uma flor, um quadro, um vaso, ou algum outro objeto
belo. Focalizemo-nos sobre ele e, se a mente começar a vaguear, devemos
refreá-la.
5. Examinemos o objeto com todos os nossos
poderes de percepção. Fechemos os olhos e tentemos “vê-lo” com a visão
interior, recordando todos os detalhes. Meditemos sobre ele — sobre a significação
de sua forma, configuração, ou significado. Concentremo-nos sobre a sua
essência — a significação do seu ser.
6. Vejamo-la, em seguida, no grande
contexto da criação de que é parte. E também em relação a nós. Vejamos Eu e
objeto como seres ligados pelo grande oceano do ser. Penetremos nele por meio
desse oceano comum e unificador até que sejamos unos com ele.
7. Concentremo-nos de modo semelhante sobre uma
luz. Comecemos com uma vela ou luz elétrica, encoberta, com uma estrela ou a
Lua, e mantenhamos a vista fixa sobre ela, esvaziando a mente de tudo o mais.
8. A mente deve iluminar-se de modo que,
ao fecharmos os olhos, ela pareça inundada de luz. Quando a luz aprofundar-se
em nós, e luz, fonte e observador se tornarem unos, conseguiremos o dhyana.
9. Os iogues dizem que tal período de
realização deve durar 12 segundos. Se tal estado puder manter-se por 12 vezes
12 segundos, atingir-se-á o samadhi — estado em que o Eu
absorve-se, além da autoconsciência, na consciência universal.
10. Concentremo-nos sobre um som. Todos nós tivemos
a experiência de sermos aquietados por um regato, uma cascata, ou a carícia das
ondas sobre a praia do lago ou do mar.
11. Se tivermos oportunidade, devemos
meditar ao ouvir um desses sons, ou o som da chuva e do vento nas árvores.
Talvez mesmo até o distante rugido do tráfego urbano sirva como substituto
moderno! Ou o tique-taque de um relógio.
Podemos, também, concentrarmo-nos
sobre a recordação de um desses sons, até que ele se torne o epítome de todos
os sons, até pensarmos na música que ressoou no interior dos átomos e pode
agora ser captada e transformada eletrônica-
mente em som audível, e na unicidade
de todos os sons que, fundindo-se no infinito, tornam-se unos com o ouvinte.
6. Uma variedade do preceito anterior, consiste
em concentrarmo-nos sobre uma luz brilhante situada no interior do nosso
coração. Esta luz, pela concentração, aumentará também de intensidade até o Eu
ser absorvido, através dela, pelo infinito.
7. Podemos começar também meditando na glória divina
manifestada em personalidades sagradas — Jesus, São Francisco, o Irmão"
Lawrence, Krishna, Ram, Buda. Eu Sou tudo aquilo que é. Eu e o Pai somos Um.
Gosto de Meditar visualizando no meu coração a compaixão do divina, na gloria
divina manifestada em Buda, ou Cristo...
8. Podemos concentrar-nos em esvaziar a mente e
desligar-nos dos 'Sentidos, impressões, pensamentos, e meditação ativa.
9. Supõe-se que apenas alguns segundos desse
vazio seja suficiente para dar-nos uma ideia do aspecto amorfo de Brama, que
está usualmente além do nosso alcance, porquanto tratamos principalmente do
finito, este um dos aspectos mais insignificantes do divino.
10. Meditemos sobre Brama, ou ser divino, como se
ele fosse um oceano sem limites, e imaginemo-nos nele nadando.
11. Pense no seu corpo como se ele fosse um
cálice e na sua mente como água pura, refletindo o Sol da presença divina.
12. Tente fazer o exercício recomendado por
Krishna, de fixação da vista na ponta do nariz, e contemple a significação do
Eu.
13. Os exercícios iogues incluem longas ladainhas
de frases repetidas, amiúde revolvendo em torno da palavra OM (símbolo
da totalidade de Brama, incluindo o seu aspecto in- corpóreo).
14. Este tipo de meditação dificilmente
ganhará popularidade no Ocidente, mas, ainda assim, darei dele um curto
exemplo.
15.
Quem sou eu?
Não sou o meu corpo físico — Om, Om,
Om, Om, Om.
Não sou os meus sentidos corporais —
Om, etc.
Tampouco sou os objetos apreendidos
pelos sentidos
Não sou a mente
Não sou a vontade
Sou Brama, o Criador
Sou Vishny, o Provedor
Sou Shiva, o Destruidor
Sou o Deus dos deuses Sou a Luz das
luzes Não tenho doenças
Nem medo, desejo sensual, ou
irritação
Sou o Supremo Brama, imortal e
imutável
Sou eterno e infinito — Om, Om, Om,
Om, Om.
E assim por diante. Isto é apenas um
pequeno exemplo. Aconselhamos o interessado a repetir a fórmula vez por vez,
com intenso sentimento, como se todo seu corpo e mente estivessem repletos do
divino, procurando mantê-lo na mente durante todo o dia.
Recomendamos, em seguida, meditação
sobre a insignificância do mundo visível — que é apenas uma entre milhões de
gotas transitórias no oceano cósmico intemporal.
"Mas eu sou Brama, cuja natureza
é ser, saber, felicidade. Nada pode enfraquecer-me se as coisas efêmeras não
me tocam. Eu sou o Espírito Supremo.”
Eu Sou um ponto de luz no coração de
Brama, do Logos solar, do Criador... A consciência do Espirito está mergulhada
na Consciência de Brama. A divina consciência da Divina Presença espelha a
Unidade Monádica.
Eu e Brahma somos Um-a só consciência.
Numerosos mestres iogues possuem
alunos que devotam toda ou a maior parte da vida à doutrina. Os exercícios
recomendados demonstram esse fato. Contam eles com a incansável iteração e
reiteração, hora após hora, dia após dia, ano após ano, até a chegada à meta —
o que constitui talvez a principal razão por que os ocidentais provavelmente
jamais se tornarão iogues.
16. Sente-se em um lugar de onde possa ver todo o
firmamento. A Alma Suprema, que habita também em você, encontra-se em toda
parte — mais perto ainda de você do que o ar que o envolve, mais profunda do
que os recantos mais remotos do espaço, eterna, infinita, imutável.
17. Ainda assim, nada no universo está separado
de Brama, que habita também no seu Eu. O poder do Eu é, por conseguinte, infinito.
Mas, para realizá-lo, cumpre viver vida de absoluta simplicidade e pureza.
18. Eu Sou tudo que há. Eu e Pai somos Um-a só
consciência.
19. Escolha uma passagem favorita de algum autor
e medite sobre ela. Vejamos alguns exemplos. O primeiro é extraído de uma obra
de Albert Schweitzer:
“O importante é fazermos parte da
vida. Nascemos de outras vidas e possuímos a capacidade de criar novas vidas.
. . Nas fibras mais íntimas de nosso ser constituímos testemunhas de
solidariedade da vida.”
Do Bhagavad-Gita:
.... "O Senhor habita no coração
de todos os seres, fazendo com que todos eles revolvam, como se estivessem
presos a uma roda... Refugia-te nele com todo o teu Coração: através de Sua
graça, alcançarás a paz Suprema e o Repouso Eterno.”
Do Svetasvatava Upanishad:
“Tu és mulher, tu és homem; tu és
moço, tu és donzela; tu, velho, cambaleias amparado em teu bordão; tu que nasceste
com o rosto voltado para todas as coisas. . .
“Aprende, então, que natureza é arte,
e que o Senhor é o Criador; o mundo está repleto daquilo que são os seus
membros. . .
“Aprende que Deus, o criador de todas
as coisas, o grande “Eu” habita o coração do homem e é percebido pelo coração,
pela alma e pela mente: aqueles que o conhecerem alcançarão a imortalidade.”
15. Imagine a essência do eu interior como raios
de luz a subir ao longo da espinha dorsal e que a vida revigorante brota de
dentro de você.
16. Concentre-se sobre a mente que era antes do
pensamento. Deixe a mente encher-se como se fosse com a essência da
respiração até que ela transborde da parte superior da cabeça sob a forma de um
chuveiro de luz.
17. Mergulhe em um som contínuo, tal como o de
uma queda d’água, da chuva, ou no som que ouve quando você fecha os ouvidos.
18. Entoe um som, tornando-o cada vez mais suave,
até que o sentimento se aprofunde e se torne uno com a harmonia do silêncio.
19. Imagine-se cercado e invadido pelo espírito e
que todo o universo se transforma em espírito.
20. Sinta todo o seu corpo inundado pela
unicidade da essência universal.
21. Pense em ser e não-ser, em pensar e
não-pensar, em fazer e não-fazer. Então, abandone tudo, e seja.
22. Em um momento de alegria, sinta-se saturado
por ela.
23. Torne-se o sabor do alimento que come e
deixe-se saturar por ele.
0 Detenha-se no momento de cair no sono
e descubra o ser.
24. Olhe para uma pessoa ou paisagem amada com
olhos de primeira vez.
25. Ao falar com um amigo, sinta-lhe a
consciência como se fosse sua e funda-se com ele.
26. Pense que como as ondas estão para a água e
as chamas para o fogo, assim estamos para a onda universal.
Cada uma das sugestões enumeradas
acima será suficiente para uma ou mais sessões de meditação. Experimente-as
todas. Volte àquelas que julgar mais fecundas.
Consciencia da Unidade.
O múltiplo, por conseguinte,
constitui prova do uno. As muitas aparições de Deus constituem prova permanente
de sua existência e nada há basicamente conflitante no uno e no múltiplo,
conforme fomos ensinados.
O múltiplo manifesta- se no uno. A
variedade é o drama através do qual percebemos a unidade. Deus montou esse
espetáculo magnífico diante de nós para nos mostrar seu poder - o seu
ser, sua consciência, sua felicidade.
Mas, toda essa glória que percebemos
mal passa de fragmentos da sua unicidade, da sua perfeição.
Mas o divino não apenas nos envolve;
está também, dentro de nós. É o alicerce do nosso ser. Estamos em Deus.
Diz Krishna: “Não estou neles, mas
eles estão em Mim.” Deus é o todo do qual o homem é a parte.
Gândí amava o verso do Ishopanishad, que
dizia:
“Tudo isto, tudo o que se move sobre
a terra, está saturado pelo Senhor. Quando tiveres abdicado a tudo isto, então
poderás desfrutar.”
Todos os homens são inerentemente
divinos, mas só entram de posse de sua herança legítima quando a reconhecem,
identificam-se com ela, e executam a vontade divina.
Diz Krishna novamente: “Os que Me
adoram e meditam sobre Mim sem qualquer outro pensamento, a esses fiéis
devotos, eu dou segurança e atendo em todas as suas necessidades. . .
Seja o que for que fizeres, o que
comeres, o que ofereceres como oblação, o que deres, e o que executares, Ó
filho de Kunti, fá-lo como oferenda a mim. . . Os que me adoram com devoção
estão em Mim e Eu estou neles.”
Essas palavras conduzem-nos ao
paradoxo central do pensamento religioso e à base da meditação hindu. Na verdade,
sugere a única base de meditação:
“Tu és aquilo.” Atman, a alma
individual, faz parte de Brama, a alma universal. O Eu em um, por conseguinte,
é o Eu em tudo, e o divino em um é o divino em tudo.
O Eu individual é como um copo
mergulhado na água -—- cheio e circundado pela mesma divina essência. No mundo
da significação religiosa, a luz, o luzeiro, e o alumiado são os mesmos.
Uma bela passagem no Chandogya
Upanishad repisa o argumento acrescentado justamente aquele toque de
poesia necessária para realçá-lo:
“O inteligente, cujo corpo é
espírito, cuja forma é luz, cujos pensamentos são verdades, cuja natureza é
como o éter, de onde procedem todas as obras, todos os desejos, todos os doces
odores e sabores, ele que abarca tudo isso, nunca fala e jamais se surpreende.
“Ele é o meu Eu dentro do coração,
menor do que um grão de arroz, menor do que uma semente de cevada, menor do
que uma semente de mostarda, do que um grão de alpiste ou o âmago de um grão de
alpiste.
Ele é também o meu Eu dentro do
coração, maior do que a terra, maior do que o firmamento, maior do que o céu,
maior do que todos esses mundos.
“Ele, de onde procedem todas as
obras, todos os desejos, todos os doces odores e sabores, ele que tudo abarca,
nunca fala e jamais se surpreende, ele, meu Eu dentro do Coração, é Brama.”
Atman, a alma individual e Brama, a
alma universal, a única e a mesma coisa. Esta é a afirmação central à qual
volta sempre o pensamento hindu: “Tu és isto.”
A índia faz experiências com a
meditação há milhares de anos. É impossível, todavia, descrever os métodos hindus,
sem antes examinar brevemente os princípios religiosos em que se radicam.
Consoante o pensamento hindu, somente
Deus é real. Brama, a realidade suprema, cujo nome significa mais ou menos ‘‘o
grande” é ser, consciência e felicidade (saí, chit, ananda), e meio ambiente do
ser, da consciência, e da felicidade humana.
“0 homem consiste de sua fé”, diz
Krishna no Bhagavad — Gita”. "Ele é realmente aquilo que é a sua fé.” (Um
bom começo, aliás, para uma meditação.)
Se Deus é a única realidade e o homem
é aquilo em que o transforma a sua fé, segue-se que a maior obra do homem é
alcançar Deus, realizar Deus, realizar o Espirito.
Não é de surpreender, em vista
disso, que os hindus, acima de todos os praticantes religiosos, tenham-se
dedicado à meditação ( expansão da consciência, caminho para o Divino) e aos
meios de aperfeiçoá-la.
O conceito que fazem do divino é
nobre. O universo manifestado forma apenas pequena fração do seu ser. Na maior
parte, ele é imanifesto e imortal. Mas manifesta-se de vários modos.
‘‘É o único e o mesmo Salvador”, diz
Ramakrishna, "que, tendo mergulhado no oceano da vida, surge em um lugar e
é conhecido como Krishna, mergulha novamente e se levanta em outro lugar sob o
nome de Cristo.”
Não obstante, de outro ponto de
vista, o universo é uma enorme tentação — ou Maia, a ilusão divina, o aspecto
manifesto do divino que o homem vê, mas que constitui a menor parte do todo
divino.
Mas, como é sentida tal presença?
Dispomos de apenas um instrumento — a
mente humana. Durante milhares de anos, pensadores e santos homens hindus
trabalharam para aperfeiçoar o instrumento e fazê-lo registrar, como um
sísmógrafo, os movimentos mais leves.
Somente através da mente humana,
podemos conhecer o divino. A meditação, por conseguinte, constitui a principal
atividade do indivíduo religioso.
O mundo e suas tentações, porquanto
ele é Maia, ou ilusão (embora, paradoxalmente, também uma manifestação do
divino) erguem um muro entre o Eu e o espírito, muro este que é forçoso
derrubar.
O mundo da matéria deve ser superado
antes que possamos alcançar o espírito puro, ou a verdadeira natureza da
realidade.
Os sábios hindus, por isso mesmo, enfatizam bastante a
autodisciplina. O investigador sincero controlará todos os seus apetites — não
apenas os de alimento e sexo, mas de conforto e de toda sorte de prazeres que
iludam os sentidos e afastam o Eu de sua principal missão — a compreensão
daquele alento de vida que se chama espírito.
O pensamento hindu vive fascinando
pela unidade e pela variedade. Em parte alguma desenvolveu o homem um senso
mais forte de unidade da vida, embora, paradoxalmente, em nenhum país a
religião exiba tanta variedade como na índia.
Exercícios Ioga
Uma vez que o corpo pode tentar o
homem a afastar-se de sua principal missão, as tendências corporais devem ser
controladas por exercícios e purificações. Tal a base dos famosos exercícios
ioga.
O temor da população perpassa por
todo o pensamento hindu, que o combate dando um destaque todo especial aos atos
e rituais de purificação.
Alguns deles talvez tomem forma extrema, como na:
Vigorosa limpeza da boca e da garganta, a passagem de um barbante pelas
narinas com saída pela boca, a purificação do estômago pela deglutição de metros
de pano, ou ainda pela absorção e expulsão de água.
Gândi costumava escovar os dentes
durante 15 minutos cada manhã e demorava 20 minutos no banho. Tais práticas, geradas
como são por concepções anticientíficas sobre o corpo e suas funções, não
precisam alienar-nos do resto da ioga.
A pessoa que tentasse seguir todas as
práticas recomendadas pela ioga — as posturas, os exercícios, a respiração, as
técnicas de concentração, os mantras (cantos sagrados), e os
prolongados períodos de concentração que levam ao samadhi — a fusão
com o ser universal — através da meditação, teria de dedicar a isso toda a
vida.
Mas é possível planejar um conjunto
simples de exercícios, inteiramente adequados às necessidades do curioso que
queira tentar a meditação à maneira ioga.
Durante mais de um ano fiz exercícios
iogas pela manhã, ao despertar. Não posso dizer que deles tirei grandes
benefícios. Não estou convencido de que eles elevem a qualidade da meditação.
Escreveu-se muita coisa absurda sobre a ioga e alegaram-se muitos e exagerados
benefícios de suas práticas.
De qualquer modo, não fazem mal, a
menos que haja exagero, são úteis para vitalizar músculos relaxados, flácidos
ou rígidos, e constituem um adequado começo para a meditação, segundo o estilo
ioga.
Os ensinamentos do hinduísmo lembram
muito os de Jesus, que disse “O que perder a sua vida
por meu amor, acha-la-á” (Mateus 10:39) . Básica
à idéia de rígida
auto-disciplina, quase autonegação e mortificação de si mesmo, é o senso de que
o mundo real estende-se além do impermanente mundo físico, ou mundo da ilusão.
O mundo real é o mundo do espírito.
Não encontra o homem paz, até
descobrir caminho através de suas imperfeições e alcançar o estado de realidade
imutável, conhecido como Nirvana. O Nirvana pode alcançar-se apenas pela
renúncia e meditação, que libertarão o Eu e o levarão à descoberta de sua
unicidade com Brama.
“Tu és isto.” Aniquilado o ego, o
homem liberta-se não apenas do limitado Eu e das seduções de Maia, ou mundo
ilusório, mas do igualmente restritivo e falso conhecimento imposto pelo
intelecto sobre a realidade — através de ideias como a dualidade e a
relatividade, o bem, e o mal.
O objetivo da meditação ioga, por
conseguinte, consiste em nada menos do que reunir o Eu individual ao Eu universal.
Atman com Brama, isto com aquilo — com o além interior. Pelo controle da
mente, através da autodisciplina, pode recapturar-se a pureza do divino, que
habita em nós.
A própria palavra ioga deriva da
mesma raiz yoke (jugo, em inglês) — que significa jungir,
unir.
A meditação ioga, por conseguinte,
implica certo número de passos.
Em primeiro lugar, a prática das
virtudes e abstinências dos vícios.
Em segundo, exercícios para pacificar
o corpo e a respiração.
Em terceiro, o desligamento da mente
dos sentidos que a distraem e escravizam, mediante a concentração em algum
objeto ou ideia (pratyahara)
Em quarto, a meditação sobre objeto
ou ideia de modo a implicar concentração no divino (dhyana)
Em quinto, a absorção do Eu no
universal (samadhi) . Este estado estabelece-se com a descoberta do
Eu separado de corpo e mente, puro e perfeito.
“O que se liberta de todo apego e nem
se rejubila ao receber Deus nem se vexa ao receber o mal, tem sabedoria firme.”
“Nada realmente purifica tanto neste
mundo como a sabedoria. O aperfeiçoamento pela ioga, descobre-a, no devido
tempo, em si mesmo.”
“O que se dedica a ioga, de mente
purificada, autodisciplinado e senhor dos seus sentidos, realiza o seu Ser como
o Ser de todos os seres.”
“Aquele cuja alegria é íntima, cujo
prazer é íntimo, e cuja luz é íntima, esse iogue bem estabelecido em Brama,
adquire liberdade absoluta.”
“Aquele cujo coração está firmemente
empenhado na ioga, observa tudo com os olhos de equanimidade, vendo o Eu em
todos os seres e todos os seres no Eu.”
"Aquele que, parte da unidade,
adora-Me como vivente em todos os seres, esse iogue, embora vivo, vive em Mim.”
Qualquer um desses versos, ou todos eles em sucessão, constituíram excelentes
pontos de partida para a meditação.
Constroem-se e adornam-se os templos
dos numerosos deuses com uma espantosa profusão de formas, a fim de ilustrar
histórias extraídas de livros sagrados ou demonstrar o prazer aparente que a
divindade encontra na música, na dança, e no sexo.
Como poderá então Deus ser uno, se é
também múltiplo?
Na opinião do religioso hindu, Deus é
tudo. Pode manifestar-se na natureza ou no homem, aparecer em várias épocas ou
a qualquer momento sob a forma de uma pessoa santificada.
Não se precisa viver muito tempo na
índia para perceber que o divino é aceito naturalmente, como elemento sempre
presente na vida.
“Os indianos julgam haver um pouco de
Deus em cada homem”, disse-nos Nehru certa vez. Constitui, por conseguinte,
prova da presença de Deus a sua manifestação sob muitas formas e maneiras.
A ideia de que forçosamente houve
apenas uma encarnação de Deus em Jesus parece-lhes estranha e avara. Por que
teria Deus aparecido apenas uma única vez sob aspecto humano? Não reaparece
ele realmente com tanta frequência?
O pensamento ocidental, dada sua
compulsão de analisar e separar, vê Deus como imanente e transcendente, mas
não se sente geralmente à vontade para reunir ambos os atributos, exceto,
naturalmente, através da encarnação do espírito divino em Jesus, como filho de
Deus.
O hinduísmo, como transcende a
imaginação e certeza intuitiva, considera imanência e transcendência como
atributos complementares do divino.
Este texto está foi inspirado em vários Mestres do assunto.
É uma compilação, uma pesquisa adaptação dos ensinamentos da Yoga.
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BOA NOITE, muito agradeço por esse e material. É muito bom, para os estudos práticos de meditação.
ResponderExcluirLeda