O
CAMINHO DA INICIAÇAO
Primeira Parte
"Os
processos de ascensão e de iniciação se acham inextricavelmente ligados. Para
compreender plenamente o significado da ascensão, temos primeiro de entender o
processo de iniciação.
Em
primeiro lugar, vem a perspectiva mais ampla sobre aquilo que acontece na vida
da alma individualizada em sua jornada pelos quatro mundos inferiores e,
ascendendo, pelos mundos espirituais, em que ocorre a auto-realização.
Quando
inicia o seu processo de reencarnação, a alma é muito jovem do ponto de vista
do eu superior ou superalma. O hábitat do eu superior está no reino búdico, o
quarto plano,
e,
no decorrer das primeiras fases da experiência da alma que reencarna, o eu
superior permanece apartado do processo rudimentar da alma-bebê, que mal
começa a ganhar experiência nos mundos físicos.
Nesse
estágio, inicial, a alma mal saiu das fases animais ou instintivas do seu
desenvolvimento. Por meio dos ciclos de nascimento e morte, a alma desenvolve
gradualmente a
consciência,
uma justa distinção entre o certo e o errado, e seu contato com o mundo físico
vai se integrando mais com sua natureza astral, emocional e mental em lento
desenvolvimento.
Nessas
fases primiciais, o próprio corpo emocional, ou astral, mal começou a surgir. Ele
reage em vez de agir, e as emoções têm natureza básica e extrema. Vistas
clarividentemente, elas se mostram como lampejos de vermelho forte, denotando
raiva
ou paixão, e/ou como marrons cinzentos de tons apagados e outras cores
enevoadas que simultaneamente denotam sentimentos vagos e revelam ambição,
luxúria e o instinto básico de sobrevivência.
Com
o tempo, através de encarnações e reencarnações, o corpo
astral/de sentimentos
se aprimora, e a apreciação da beleza, do amor (a começar pela família,
passando então à comunidade, ao país e, por fim, à vida em si) vai matizar a
aura astral.
Do
mesmo modo, nas fases iniciais do processo de encarnação da alma, a atividade
do corpo mental é deveras diminuta.
A
capacidade inicial de pensar do homem não se distancia da do animal. E verdade
que nesse ponto há alguma capacidade de raciocínio, mas esta encontra-se no
nível mais elementar:
todos
os pensamentos dirigem-se para um único pensamento primai — como sobreviver —
e é em torno desse pensamento central que a mente constrói gradualmente sua
faculdade de raciocínio.
A
pouco e pouco, a jovem alma aprende a construir um abrigo, a conseguir alimento
e a proteger sua casa. A partir desse começo inóspito, a alma aprende
gradualmente a pensar.
No
final, o processo de pensamento evolui para aquilo que é hoje considerado a
norma para a maioria da humanidade.
No
decorrer desse lento processo de desenvolvimento, o eu superior ou superalma e,
em maior grau, a mônada, ou poderosa Presença do Eu Sou, acham-se envolvidos
nas vidas
abstratas
dos reinos superiores, permitindo que a parte de si mesmas que se desenvolve
através dos ciclos de nascimento e morte descubra seu próprio caminho.
Somente
quando a alma alcança um certo grau de desenvolvimento, o eu superior e a mônada
começam a ter um interesse ativo por ela.
E
também no curso desses estágios posteriores que a alma em reencarnação volta-se
para o seu eu superior e, por meio da captação, da presença superior, principia
a rezar e a pedir a assistência desse aspecto superior de si mesmo.
E
então que ela, assumindo responsabilidade por sua evolução, começa
verdadeiramente a se unir em propósito com o eu superior. A alma é então
considerada oficialmente no caminho probatório.
E, assim, é criado o cenário
para que a alma trilhe o caminho do discipulado e da iniciação. -
O
CAMINHO PROBATÓRIO
A
alma que está no caminho probatório volta agora sua atenção para o mundo e para
a influência do eu superior ou superalma.
Esta,
por sua vez, começa vagamente a dar atenção à parte de si que passa pelos
ciclos de encarnação nos quatro mundos inferiores.
Embora
não esteja oficialmente no caminho da iniciação, a alma está bem no comecinho
deste. E, dessa maneira, a alma, ou pessoa, também atrai a atenção do mestre e
do grupo de mestres a que está ligada por certas leis cósmicas de atração.
O
que importa é que agora a alma/ pessoa acha-se sob os olhos vigilantes do
mestre e do eu superior, razão pela qual continua o processo de reencarnação
sob a tutela das forças orientadoras do divino.
Deve-se
observar que, nesse estágio inicial conhecido como caminho probatório, a pessoa
de modo geral não tem nenhuma consciência desse vínculo.
Esse
período é aquele em que o mestre proporciona à alma um estímulo maior de luz e
de impressões divinas de que a pessoa também não se dá conta.
Trata-se
do período de esperar para ver — para ver o que a pessoa fará com esse
estímulo.
Enquanto
trabalha inconsciente do seu vínculo com o eu superior e com o mestre, cabe à
alma escolher, a partir de seus próprios recursos, a maneira precisa como vai
reagir.
Esse
período é, portanto, governado pelas próprias escolhas da pessoa quanto ao que
faz com o influxo do estímulo divino e quanto à velocidade de sua evolução.
O
progresso é determinado pelo desenvolvimento dos princípios superiores à medida
que estes tornam-se mais ativos na vida da alma em provação. Um mestre pode ver
isso nas emanações áuricas da pessoa.
Essa
fase de iniciação no caminho da ascensão marca o verdadeiro começo do trabalho
conjunto do discípulo e do mestre.
Agora,
o mestre fundiu, se bem que não por completo, sua própria aura com a do
discípulo.
Essa
fusão permite que este trabalhe de maneira mais direta com o discípulo numa
variedade de modos, embora ela se
limite
à periferia da aura do mestre pelo fato de o novo discípulo ainda tender a
vivenciar emoções que o mestre prefere ver mantidas sob controle.
Mas
o vínculo e a combinação estabelecem-se num grau suficiente para que o processo
de iniciação/ascensão do discípulo possa começar a receber alguma atenção bem
direta
e
para que o mestre fique protegido das alterações de estado de espírito ainda
sujeitas a rápidas flutuações e das tendências de pensamento perturbadoras do
discípulo.
A
alma encarnada tem então de se estabelecer no mundo do serviço. A pessoa tem de
começar a manifestar, em sua esfera de influência, as qualidades do amor, da
luz, da compaixão e do intento divino.
Essas
qualidades vão sofrer um incremento e se aprofundar enquanto a alma prossegue
pelo caminho da iniciação e da ascensão.
Contudo,
uma vez que a pessoa tornou-se discípulo aceito, tem de dar atenção ao
desenvolvimento dessas qualidades superiores.
Uma
técnica que realiza isso com rapidez é a meditação. Há uma variedade de
meditações, algumas mais potentes do que
outras,
e algumas outras simplesmente mais adequadas às necessidades e ao temperamento
de um discípulo específico.
Qualquer
que seja a técnica, a meta tem de ser a mesma: concentrar- se em aquietar os
corpos emocional, mental e físico.
Isso
é necessário a fim de que o eu superior possa encontrar a pessoa num estado
receptivo de prontidão em que ele possa comunicar certas impressões do reino
superior.
O
mestre também necessita encontrar o discípulo num estado de serena
receptividade e centrado em si mesmo a fim de transmitir os ensinamentos
superiores, estímulos e ativações que vão desenvolver a alma/pessoa e
inspirá-la a alcançar maiores alturas.
Pratiquei
uma variedade de técnicas de meditação em diferentes pontos do meu caminho.
Essas
meditações tratam primordialmente do aquietar os quatro corpos inferiores e da
invocação dos mestres para ajudar a aprofundar a ligação com o eu superior e
com a mônada.
A
meditação não precisa ser um procedimento complicado que envolva técnicas
desafiadoras de respiração, podendo simplesmente ser uma centração e uma
aquietação do sistema de quatro corpos.
Ao
mesmo tempo, invocamos os aspectos superiores do eu e os mestres para infundir,
de modo rápido e seguro, os quatro corpos inferiores das qualidades divinas.
Assim,
ligamo-nos e nos fundimos com o Eu Superior, com as mônadas, com o Uno e com os mestres em
graus que se aprofundam constantemente.
A unidade se move dentro do Grande Sol.
Por
meio da meditação, do serviço, do amor, da compaixão, da luz e da vontade de
fazer o bem, avançamos como discípulos.
Se
nos mantivermos de modo constante com essa atitude, antes de nos darmos conta
estaremos passando conscientemente pelas várias iniciações, trabalhando em
nossos caminhos de ascensão.
Na
verdade, a iniciação e a ascensão são apenas os dois lados da mesma moeda.
Passamos pela iniciação numa ordem sistemática ao dominar, sequencial e
simultaneamente, os quatro corpos, bem como ao nos tornar infundidos do nosso
eu superior e da nossa mônada em graus cada vez mais elevados.
Isso nos põe em sintonia com a nossa linhagem
particular de mestres, de modo que possamos encontrar nosso trabalho correto ou
nosso caminho de serviço mais harmonioso e apropriado.
Enquanto
isso está ocorrendo, a luz e o amor dentro de nós estão crescendo, ao lado da
purificação e da limpeza do nosso eu cíclico e psicológico.
Dessa maneira, tornamo-nos iniciados aceitos e
começamos sinceramente a acelerar o nosso trabalho no caminho da ascensão.
Os
caminhos da iniciação e da ascensão constituem, num sentido bem real, um só e o
mesmo caminho e processo, ainda que com frequência delineados e expressos por
meio de modalidades diferentes de interpretação.
Por exemplo, diz-se que um iniciado alcançou
um dado quociente de luz em seu caminho de ascensão, encontrando-se portanto
num dado estágio de iniciação.
O que de fato acontece é que a mesma coisa
está sendo expressa a partir de dois ângulos ou duas lentes diferentes. Mas os
caminhos da iniciação e da ascensão são na verdade um só: um não pode existir
sem o outro.
E
vital saber que o nível de iniciação de cada um revela de fato o percurso que
se fez no caminho da ascensão, a fim de que a pessoa possa ter mais introvisões
do estágio em que se encontra.
A
PRIMEIRA INICIAÇÃO
A
primeira iniciação é em verdade a entrada oficial da alma no caminho da
ascensão.
Aquilo que aconteceu quando se entrou no
caminho probatório adquire agora plena força. A partir deste momento, a
obtenção do autodomínio é parte integrante do próprio propósito da pessoa.
O
primeiro veículo do autodomínio é dúplice; ele envolve o domínio das tendências
físicas inferiores básicas por meio da purificação da alimentação, a manutenção
do corpo livre o
máximo possível de toxinas e o uso de água
pura para purificar o veículo físico interior e exterior.
Esse
processo vai sendo aprimorado nas iniciações subsequentes, mas um avanço
definido no domínio físico dos aspectos inferiores e uma certa quantidade de
purificação do corpo terão ocorrido durante a primeira iniciação.
Esse
aspecto do domínio físico coincide com os estágios iniciais de domínio do corpo
astral. Outro nome para a primeira iniciação é o nascimento, nascimento do
amor em sua forma mais pura.
Com a operação dessa força amorosa superior
começa a transmutação da luxúria em amor, visto que o iniciado vive agora a
partir do centro do coração. Com essa sobreposição de metas na primeira
iniciação,
pode-se ver que os corpos e domínios (físico e emocional) são
interpenetrantes e acham-se em sobreposição.
Durante
essa iniciação, a pessoa-enquanto-alma começa a tomar consciência de si mesma
como alma. Mas isso não chega necessariamente à mente consciente.
Nos planos interiores, e no curso de certos
períodos de meditação, sente- se que a vida é mais do que a vida que se está
vivendo no momento.
A
pessoa sente que é algo mais do que simplesmente carne e osso, mais do que a
soma total desta vida terrena específica — uma alma encarnada vinculada com um
propósito mais amplo.
A
SEGUNDA INICIAÇÃO
A
segunda iniciação envolve de modo mais pleno o controle do corpo astral/emocional.
Nesse período, o iniciado dedica muito tempo e energia ao domínio do eu do
desejo, de forma que os desejos superiores da alma possam substituir os desejos
inferiores, descontrolados, da personalidade.
As
aspirações do iniciado de segundo grau alcançam as da própria superalma, e o
iniciado torna-se inspirado. Os desejos egoístas são substituídos pelo desejo
de servir; o amor egoísta cede lugar, até um certo grau, ao amor incondicional.
Trata-se da oportunidade perfeita — que se tem
de fato de aproveitar — de trabalho com a natureza psicológica de nós mesmos.
Isso vai levar a um trabalho psicológico mais profundo que será mais aprimorado
durante a terceira iniciação, ou fusão, da alma.
Contudo,
é este o ponto em que tem de começar a purificação emocional e psicológica.
Como
estamos às voltas com o domínio do corpo emocional/de desejo, trata-se do
momento perfeito para ver quais são precisamente as nossas motivações, forças
e fraquezas no tocante ao nosso mundo dos sentimentos.
Em que pontos cedemos mais facilmente a
emoções violentas de qualquer natureza e de que maneira podemos transmutar
essas tendências negativas?
Uma resposta infalível está em nossa vontade
de pedir uma resposta e, portanto, de fazer que ela saia do domínio
subconsciente a fim de a podermos dominar.
Como
precisamos de clareza e purificação psicológica a fim de completar, verdadeira
e definitivamente, nossa meta última
de
ascensão, é melhor começar a verificar o corpo emocional e trabalhar com
quaisquer disrupções e turbulências que nos venham à consciência.
Mais
uma vez, a meditação tem um papel-chave. Imobilizando o corpo emocional,
imaginando-o calmo e claro como um lago cristalino e sereno, imune aos ventos
da confusão, criamos o espaço para que o eu emocional exista dessa maneira.
Por intermédio dessa meditação e visualização,
permitimos que as emoções se acalmem e assumam uma quietude pura e profunda.
Assim agindo, fazemos com que a natureza do
desejo entre num estado de calmo e imóvel repouso, que permanece conosco
passado o período de meditação profunda.
Isso
requer da nossa parte uma constante vigilância, a manutenção da atitude de
domínio sobre as oscilações do desejo, algo que vai e vem na vida do iniciado
de segundo grau.
Não obstante, trata-se de algo aplicável a nós
todos em graus variáveis, mesmo durante os estágios finais do nosso processo de
iniciação ou ascensão. Para passar pelos portais da segunda iniciação, temos
contudo de começar a realizar esse domínio num grau determinado, e quanto mais
trabalharmos nos estágios iniciais, tanto mais fácil nos será passar pelos subsequentes.
Como
nesse passo torna-se um tanto consciente do seu próprio eu superior, o iniciado
também toma consciência de que trabalha com uma família anímica, ou grupo
anímico, não evoluindo apenas como alma individualizada.
Não obstante, isso não passa do vislumbre
inicial daquilo que a terceira iniciação trará de modo mais definitivo. Há um
sentido ampliado de unidade e um nobre desejo de progredir — não apenas em
favor de si mesmo, mas do todo maior a que se sente que se pertence.
A
meta última da segunda iniciação é fundir as metas e desejos pessoais com os do
todo, de que o iniciado sente agora ser parte.
Porém, para consegui-lo de fato, tem o
iniciado de trabalhar diligentemente a fim de afastar do caminho todos os
resíduos que serviram de bloqueios emocionais pessoais a esse processo.
Fazemo-lo
praticando o amor e o serviço incondicionais, realizando diariamente a cura
atitudinal (os pensamentos causam nossos sentimentos) e nos concentrando em
aquietar o corpo emocional.
No final, isso é feito por meio da vontade de
dar prosseguimento ao trabalho psicológico necessário de que se precisa para
limpar o corpo emocional de falsas crenças.
Os
muitos recursos de cura psicológica incluem: afirmações, manutenção de um
diário, visualizações positivas e comunicação com a criança interior.
Trata-se apenas de alguns exemplos para os
quais chamo a sua atenção a fim de que você possa começar a trabalhar
imediatamente nessa área.
Acentuo isso com tanta ênfase, porque é
comum que atendamos apenas aos requisitos mínimos dessa iniciação e
prossigamos, para depois ser continuamente confrontados pelas mesmas questões
enquanto subimos a escadaria da ascensão.
Diz-se
que ao bom entendedor meia palavra basta. Enunciemos assim que o domínio dos
desejos e da natureza emocional não pode ser encarado com demasiada seriedade.
Para
passar pelas iniciações superiores da maneira mais segura e veloz possível, não
se contente apenas em atender aos requisitos mínimos do controle sobre o corpo
emocional.
Poupe
a si mesmo o trabalho de ter mais tarde de aprender as lições mais profundas
implementando agora o programa mais completo possível, purificando e curando,
dessa maneira, eventuais pontos deficientes nesse aspecto do eu no curso desse
segundo nível do seu caminho de ascensão.
Os
estágios iniciais de paz interior são um marco indicativo de que você está
alcançando essa meta. Porém, não tema sentimentos de inquietação que acompanham
a transmutação do ego negativo ao ego espiritualizado, pois há muitos ajustes
necessários.
Confie
em mim: todo incômodo que você puder sentir no início vale bem a pena, pois os
benefícios últimos que você vai receber são um maná dos céus". Joshua David Stone
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Postado por Dharmadhanna
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