O
Segredo do nosso amor?
Segredo
ne 1
Fico
muito aborrecido quando ouço as pessoas falando “Não esquente a cabeça com
coisas pequenas” como uma dica de relacionamento para seus amigos, parceiros
ou até para si mesmas.
No campo do amor e dos relacionamentos,
nada é trivial demais para não ser importante. Cada questão pode causar um
impacto, cada gesto contém algum significado.
Os relacionamentos produzem um fluxo constante
de “coisas pequenas” e cada fragmento pode fazer a diferença. Tais fragmentos,
quando são negativos, podem se acumular e rapidamente se transformar em grandes
problemas — às vezes até mesmo problemas que levam ao rompimento.
Quando
carregamos um saco de mágoas nas costas, o peso vai aumentando com tempo, e pode
explodir ou impedir a nosso
relacionamento no futuro.
Da
mesma forma, um fluxo constante de pequenos momentos positivos nos faz “voar”
de felicidade, e nos ajuda a sentir que somos amados e que também estamos
demonstrando nosso amor.
Pense
nas seguintes situações:
•
Ontem à
noite, Liz ficou assistindo à televisão até tarde e foi dormir depois de
Gabriel, que não estava se sentindo muito bem.
•
Quando chegou ao quarto, ela acendeu a luz,
bateu com seu livro na mesinha de cabeceira, fechou as janelas ruidosamente,
usou o banheiro da suíte e atrapalhou-se ao programar o despertador, fazendo
com que tocasse por uns 15 segundos em volume altíssimo.
•
Fez tanto barulho que Gabriel acabou
acordando. Custando para adormecer novamente, ele pensou: "Por que ela tem
que ser tão egoísta?”
•
Brandon, que
acorda muito cedo, mora com Gisele, que precisa de oito horas de sono
ininterruptas para se sentir totalmente descansada.
•
A noite, antes de ir para a cama, Brandon
deixa a roupa que vai vestir no dia seguinte pendurada no banheiro, para não
incomodar Gisele abrindo portas de armários e gavetas.
•
Esta manhã,
ao acordar, uma das primeiras coisas que ela notou foi o cabide vazio,
pendurado na porta do quarto.ela se lembrou da delicadeza do companheiro,
sorriu e pensou: “É incrível como ele é atencioso.
Um
bom relacionamento é composto por bons momentos. Quando pensam no amor, muitos
homens e mulheres se prendem aos grandes acontecimentos se só se preocupam — às
vezes obsessivamente - às vezes as datas
importantes: dia dos namorados, Natal, aniversários, etc.
É apenas nessas ocasiões que eles prestam
atenção ao que está acontecendo e declaram seu amor. Assim, nada do que
acontece no resto do tempo é visto como vital ou importante. Com frequência,
nem sequer é levado em consideração.
Pois
aqui está outro fato sobre os relacionamentos: a maior parte do verdadeiro
esforço para fazer uma relação dar certo ocorre nos momentos mais simples, nas
atitudes mais triviais.
Deixar o telefone livre quando você sabe que
seu parceiro
está
esperando uma ligação;
ajudar sua esposa a arrumar a cama; colocar a roupa
usada do outro para lavar; pôr comida para o gato dele; passar um café fresco para ela antes de sair
para o trabalho.
Esses são exemplos clássicos de coisas banais
que podem causar um efeito gigantesco na experiência amorosa diária. Por quê?
Porque cada um desses pequenos gestos diz: “Eu me importo com você. ”
Asáarvore do amor precisa de cuidados diárias para resistir ao tempo e
as adversidades.
As
“coisas triviais” - os eventos e momentos simples que formam o dia a dia - são
a essência de uma parceria romântica.
As “coisas importantes”, como amor, atração,
integridade e comprometimento, honestidade, cumplicidade, parceria, amizade representam
a estrutura de uma relação.
Essa
estrutura é necessária, claro, mas são as pequenas atitudes que dão vida e
sentido às nossas ligações.
Emanuel
e Janice estão caminhando na rua. Ela se detém diante de uma vitrine. Ele
também para, passa o braço pelos ombros dela e olha para o que ela está
olhando. Sem dizer uma única palavra, ele está comunicando claramente:
“O que é importante para você também é
importante para mim. Quero saber o que você está pensando, quero fazer parte do
seu mundo.” Esses trinta segundos se tornam um momento rico em mensagens
significativas.
Vamos
comparar Emanuel e Janice a outro casal. Marcos e Maria estão à beira da
piscina, passando férias no México. Maria está absorta mexendo no seu
computador. Marcos está falando ao celular. Ela diz:
—
Estou com fome. A que horas vamos comer?
A
resposta de Marcos é um grunhido.
Esses
trinta segundos, incluindo o grunhido, também constituem um momento do
relacionamento. E, embora talvez haja muitas mensagens incutidas nele, a que
parece mais óbvia é: “Não estamos muito sintonizados um com o outro neste
momento.”
A
mensagem que você precisa captar desses dois exemplos é: nada é sem
importância.
Apesar
cie triviais, essas duas situações têm uma quantidade enorme de significados.
É o que acontece com os pequenos gestos nos relacionamentos: eles carregam
mensagens que valem mil vezes mais que seu peso.
Estar
em um relacionamento significa viver em alerta constante...
Ser
empático é a segredo de grande amor
Você
não precisa procurar mensagens com um microscópio nem tentar decifrá-las como
se fossem algum código secreto.
Mesmo que você não se dê conta, sua mente,
seus instintos e seu coração monitoram e interpretam essas mensagens cuidadosa
e automaticamente, como um supercomputador. E o impacto delas reformula
constantemente a qualidade da sua relação.
Eu
chamo esse processo de “vigilância do relacionamento”. Nem sempre ele é
consciente — às vezes é totalmente inconsciente —, mas ocorre o tempo todo. Seu
supercomputador não tem dias de descanso.
Mesmo enquanto você dorme, ele continua
coletando as mensagens: meu parceiro está tocando em mim?
Ele está relaxado ou tenso? Será que ela ainda
está brava comigo? Meu marido puxou as cobertas só para ele? Minha mulher está
fazendo muito barulho?
E por aí vai... É uma vigilância microscópica
e intermitente, que faz parte de suas características humanas complexas. E é
por isso que nada é sem importância. Você precisa prestar atenção nas pequenas
coisas.
A
maturidade revela seu empenho em conservar um relacionamento. Pessoas egoístas,
infantis, não conseguem sentir a necessidade do outro.
Aproximando-se
ou se afastando
As
situações que descrevi sobre os casais Emanuel e Janice e Marcos Maria são dois
eventos triviais. Provavelmente nenhum deles, por si só, determinará o sucesso
ou o fracasso da relação.
Mesmo assim, possuem um “peso” emocional que é
sentido por cada parceiro. Vamos reavaliar a cena entre Marcos e Maria. Talvez
ele esteja cansado por ler ficado tanto tempo ao telefone resolvendo problemas
de trabalho e interaja de forma totalmente diferente após algumas horas de descanso.
Quem
sabe Maria esteja passando por um momento de estresse e sua ansiedade a tenha
deixado mais irritada. Não sabemos. O que sabemos é que esse evento específico,
embora não tenha durado nem um minuto, produziu uma situação de afastamento
entre Marcos e Maria.
Agora compare-o com o que ocorreu entre Emanuel
e Janice. No mesmo intervalo de tempo, eles tiveram uma experiência de conexão.
Como
esses dois eventos simples ilustram, TODO acontecimento trivial do
relacionamento tem dois resultados possíveis: ou reforça o sentimento de
afastamento ou reforça a sensação de conexão.
E
isso que quero dizer quando afirmo que todos os eventos têm um peso emocional.
Eles podem deixar o casal um pouco mais próximo ou um pouco mais afastado.
Um pouco mais ou um pouco menos amoroso. Os
pequenos acontecimentos mantêm nossos relacionamentos em movimento. Esse
movimento pode ser sutil, mas é real e tem consequências cruciais para nossas
relações.
No
início de um relacionamento, tudo é grande. Temos grandes pensamentos,
grandes sensações, grandes atitudes. Amor, romance, sexo, compromisso, futuro
— é para essas coisas que canalizamos nossas
energias, o que é totalmente apropriado.
É no começo que reunimos essas peças grandes,
importantes e necessárias. É por isso que se chama começo.
Mas
o que vem a seguir? Para alguns casais, não existe um “a seguir”, nem mesmo
depois de estarem juntos há meses ou anos.
Rafael e Taty são um desses casais. Eles
namoram há três anos, mas ainda baseiam seu relacionamento em acontecimentos
grandiosos.
A conexão entre os dois vem do sexo, de
viagens extravagantes, presentes caros e jantares loucamente românticos.
E assim que eles se comunicam e resolvem seus
problemas. Pode parecer muito empolgante e intenso, mas a realidade é que ambos
estão o tempo todo se esforçando para não abandonar o relacionamento.
Embora exista uma atração poderosa, eles
vivem se questionando se o outro é o parceiro certo.
O
que falta nessa relação é a valorização das pequenas coisas. É isso que deixa o
casal nesse estado de eterna incerteza.
Rafael
e Taty se empenham em viver grandes acontecimentos e são carregados por ondas poderosas
de amor. Mas, quando a onda morre na praia, eles voltam a se sentir vazios e
cheios de conflitos.
Não
me entenda mal. Você precisa das coisas grandes para iniciar um relacionamento,
mas são as pequenas que o fazem crescer.
A manutenção do relacionamento e a
“ação capilar”
Manutenção
do relacionamento. O que essa expressão significa para você?
Quando começamos a entender que cada gesto,
mesmo o mais trivial, carrega um peso emocional, nossa compreensão sobre a
manutenção do relacionamento também começa a mudar.
Homens
e mulheres que só se preocupam com os gestos grandiosos tentam chegar ao
coração de seus parceiros utilizando o caminho dos grandes vasos sanguíneos.
Porém, os casais que realmente se amam sabem
que o amor — aquele que é forte e que cresce com o tempo — flui de um parceiro
ao outro em nível capilar, dia após dia.
Com certeza os acontecimentos maiores têm seu
lugar, mas o fluxo constante de sinais sutis, que formam densas redes de
atenção e consideração, é a que faz com que as pessoas se sintam
verdadeiramente valorizadas.
A
ação capilar proporciona a vida e a saúde de um relacionamento. O amor tem que
fluir regularmente pelos vasos capilares para que o parceiro possa sentir seu
amor de forma consistente.
As
grandes atitudes não criam essa sensação de consistência. Elas podem até fasciná-lo
durante algum tempo, mas não fazem surgir a confiança, a segurança da
estabilidade do amor, nem estimulam o
aprofundamento da ligação.
Isso
só acontece, quando existe um fluxo constante de sutis mensagens amorosas que
são comunicadas por meio de atitudes simples.
A manutenção do relacionamento é um processo vinculado aos pequenos
acontecimentos.
Os
cupins do relacionamento
Cada
pequeno momento compartilhado por duas pessoas é uma oportunidade para a
relação. É uma chance de fortalecer a ligação, de estabelecer um elo mais rico
e mais forte.
Cada pequeno momento perdido é uma
oportunidade perdida. E cada pequeno momento perdido é o que chamo de
“cupim do relacionamento”.
Minha
esposa e eu sabemos tudo sobre cupins. Quando alugamos nosso primeiro
apartamento, notamos uns insetos no batente da janela da frente. Não sabíamos
o que eram.
Alguns
meses depois, as esquadrias da janela estavam completamente ocas. Aquelas
criaturinhas mínimas deram pequenas mordidinhas na estrutura enorme e forte
durante certo tempo... e o efeito foi devastador.
Quando
penso nessa experiência, percebo que eu precisava ver aqueles cupins com meus
próprios olhos e presenciar seu potencial destrutivo para aprender mais uma
lição importante sobre os relacionamentos amorosos.
Aqueles pequenos insetos me proporcionaram
uma imagem com a qual eu podia fazer uma analogia.
Casais
que se amam checam regularmente se há a presença de “cupins” em sua relação.
Muitos relacionamentos são enfraquecidos por cupins. Na maioria das vezes, os
parceiros cuja vida foi infestada por essa pequena ameaça não brigam por
dinheiro ou por sexo, mas se envolvem em conflitos diários tais como:
“Por que você não consegue apertar
o tubo da
pasta de dentes no lugar certo?”
Pense
no efeito cupim na próxima vez em que estiver dizendo para si mesmo “Não faz
mal". “Não faz mal se eu não perguntar a opinião dele.”
“Não faz mal se eu não estiver prestando muita
atenção.” “Não faz mal se eu não for totalmente sincera sobre isso.” “Não faz
mal se eu me esquecer de ligar avisando que vou chegar atrasado.”
“Não faz mal se eu não tirar minhas roupas
sujas do chão.” “Não faz mal se eu não disser ‘eu te amo’ a toda hora.”
“Não faz mal se eu não retornar a ligação dele
neste instante.”
“Não faz mal se eu não parar o que estou
fazendo para ouvir com mais atenção o que ela está dizendo.”
“Não faz mal se eu não trocar o rolo de papel
higiênico.” “Não faz mal se eu comer o pedaço de bolo que ela estava guardando
para mais tarde.”
“Não
faz mal se eu preparar uma bebida para mim, mas não me oferecer para preparar
uma para ele também.”
“Não faz mal se eu não arrumar a cama hoje.”
“Não faz mal se eu nem sempre disser obrigado.”
“Não faz mal se eu não encher as formas de
gelo com água cada vez que as esvazio.”
“Não faz mal se eu deixar as luzes acesas à
toa. ”
Quando olho para essa lista, vejo um cupinzeiro gigantesco. Você consegue vê-lo também?
A
racionalização dos cupins
Outro
tipo de cupinzeiro é o que se forma quando colocamos de lado nossas próprias
necessidades e dizemos a nós mesmos: “Não me importo...”
“Não me importo que ele nem sempre preste
atenção em mim.”
“Não me importo que ela nem sempre diga
obrigada.”
“Não me importo que ele não me avise quando
vai se atrasar.” “Não me importo que seja sempre eu que lave a louça.”
“Não me importo que ela ouça música quando
estou tentando trabalhar.”
“Não me importo que ela fique pendurada no telefone.”
“Não me importo que ele não me apresente aos seus amigos nas festas.”
“Não me importo que ela não peça minha
opinião.”
“Não
me importo de ter que tomar todas as decisões.”
“Não me importo que ele me interrompa no meio ir
uma frase.”
“Não
me importo de ter que tirar os fios de cabelo dela da pia.” “Não me importo que
ele coma o último biscoito.”
Somos
especialistas em justificar a presença desses cupins para proteger nossos parceiros
e nossa ligação com eles.
Fazemos
afirmações como: “Ela está fazendo o melhor que pode.” “Ele não aprendeu a
fazer isso quando era criança.” “Os pais dela deram um mau exemplo.”
“Ela nem percebe que toma banho com a água
quente demais.”
“Ele não sabia que eu estava guardando o
biscoito para comer mais tarde.”
“Ele
não se deu conta de que não me apresentou aos amigos.”
“Ela perde a noção do tempo quando fala ao
telefone.” "Provavelmente a bateria do celular acabou e ele não conseguiu
me avisar que chegaria tarde.”
Alguma
dessas frases lhe soa familiar? Só há um problema: as racionalizações podem até
fazer você se sentir melhor, mas não melhoram o seu relacionamento.
Racionalizar os cupins não os elimina,
apenas os empurra para um nível mais profundo, mais próximo da base do
relacionamento.
Primeira parte.
Postado por Dharmadhanna
Psicoterapeuta Transpessoal
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