segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A Natureza da Mente (Visão oriental)





Há evidências de que existe algo no nível mental além de nossas mentes comuns, individuais, e isso pode ser percebido no processo criativo. Jung chamou-o de “inconsciente coletivo”, mas preferimos o termo “metamente”

 Esse termo indica que está além de e sob - a origem da mente comum. O inconsciente coletivo não transmite a idéia de origem, que é da maior importância (Blakemore, 1977).

A televisão se presta a uma analogia de todo o sistema e processo. O aparelho é o receptor, o hardware, e, por si mesmo, não pode nos fornecer informações sobre o programa que estamos olhando, os comerciais, a programação de determinado canal, o diretor etc. Tudo isso é exterior à operação da televisão.

 Sem o aparelho físico não poderíamos ter a recepção de qualquer programa, mas sem todas as estações e suas transmissões, o aparelho apresentaria apenas estática.

 Tanto o aparelho quanto o processo de transmissão precisam de energia eletromagnética para funcionar. Nesta analogia, o aparelho representa o cérebro físico, os programas e os comerciais representam a atividade da mente, e a energia eletromagnética simboliza aquilo que permite que o cérebro e a mente operem.

 Avançando um pouco mais nesta analogia, a energia eletromagnética representa o “material” subjacente, a “metamente”, necessário à atividade de  nossa mente.

As tradições orientais veem a mente de um modo totalmente diferente do ocidental.

De acordo com Swami Muktananda (1976) “A mente é o corpo do Eut e também “a mente nada é senão um pulsar de consciência”.
 
Swami Muktananda um foi um psicólogo bem como o líder de uma linhagem espiritual. Em sua tradição psicólogos, os são sábios, homens e mulheres de rara sabedoria, chamados Siddhas, Mestres Auto Realizados. São seres que não apenas alcançaram altos estado de evolução humana, mas que também são capazes de impulsionar outros na mesma direção.

Yoga significa união, e a meta do Yoga é alcançar a união com a consciência mais elevada. O Cristianismo expressa uma idéia similar no termo “união mística” enquanto que o Budismo chama-o de Nirvana.

Embora existam muitos caminhos diferentes para essa união, os filósofos indianos têm uma concepção comum, qual seja, a de que Deus já está em nós, em forma de nós mesmos (Muktananda, 1978). Todos nós, sem exceção, somos feitos do mesmo material, e esse material é ener­gia, energia consciente.

Alguns chamam-no de inteligência Suprema, outros, de Inteligência Criativa e outros, ainda, chamam-no de Deus.

Nas Filosofias do Oriente, afirma-se que somos todos essa Consciência Cósmica, mesmo que a princípio não nos relacionemos conosco mesmos dessa maneira. Identificamo-nos com os limites de nossos corpos (Yukteswar, 1984). Compreendemos a nós mesmos como separados e diferentes de todos e de tudo, como “egos encapsulados por pele”.

Limitamos a nós mesmos porque nos consideramos limitados. Na visão oriental, praticamos yoga não para alcançar Deus, mas para purificar e controlar a mente, a fim de experienciar o Deus que já está dentro de nós.

Praticamos yoga no intuito de realinhar nossa compreensão de nós mesmos, de modo que possamos conhecer nossa deidade, nossa própria di­vindade.

Mais de 1500 anos atrás, Patanjali, um grande sábio indiano, escreveu uma série de aforismos para expor o Yoga a seus contemporâneos (Prabhavananda e Isherwood, 1953).
Nenhum trabalho antes ou depois dele obteve tanto sucesso no esclarecimento do que é yoga, suas metas, métodos, poderes e a natureza da libertação que propicia.

Segundo Patanjali a mente é constituída de três elementos: a) manas; b) buddhi; c) ahamkara.

Manas é a faculdade registradora que recebe impressões reunidas pelos sentidos e provenientes do mundo exterior. Buddhi é a faculdade discernidora que classifica essas impressões e a elas reage.

Ahamkara é o sentido de ego que reivindica essas impressões como suas e armazena-as na condição de conhecimento individual (Prabhavananda e Isherwood, 1953).

Patanjali não queria dizer que a mente é dividida em três diferentes seções. Ele se referia a três diferentes funções mentais. Swami Muktananda esclarece esse ponto quando fala do “movimento da mente” (Muktananda, 1981):

Quando a mente está repleta de pensamentos é chamada 'manas'.
Quando toma decisões, é chamada ‘buddhi o intelecto.
Quando assume o sentimento da existência do eu é chamada ‘ahamkara’, o  ego.

O propósito do Yoga, segundo Patanjali, é realizar o aquietamento das modificações da mente ou ondas de pensamento. Todo o sistema de Patanjali trata do tema do aquietamento das ondas de pensamento da mente (Hariharananda, 1983).

Patanjali forneceu uma metáfora clássica para esse con­ceito. Nossa mente é como um lago. Quando existem ondulações, pensamentos, não podemos ver nossa imagem com clareza, pois ela está distorcida.

O que vemos na superfície da água não se parece conosco. Se nunca nos tivéssemos visto em um espelho, mas apenas na superfície de um lago agitado, não poderíamos imaginar como realmente somos.

Quando a água está serena, sem ondula­ções, podemos nos ver sem interferências. O mesmo é verdadeiro para a mente. Suas aflições, os pensamentos que vêm e vão constantemente, impedem-nos de saber quem somos realmente.



Identificamo-nos com nossos pensamentos e sentimentos e entendemos a nós mesmos nesses termos. Pensamentos e sentimen­tos negativos e limitantes nos fazem acreditar que somos limitados.

Nossa ver­dadeira imagem pode refletir-se apenas em uma mente calma e livre de pensa­mentos, que nos permita vivenciar nossa verdadeira natureza, nosso próprio Eu.

Esvaziar a mente de pensamentos não significa que a tomamos inerte e obtusa. Não significa que nos tomamos passivos, insensatos ou estúpidos, ou que perdemos nossa personalidade - da mesma forma como um lago tranquilo, sem ondulações, não perde sua identidade e qualidade enquanto lago.

Não per­demos nossa mente se a limpamos da tagarelice interior desnecessária, que ocorre o tempo todo. Ao contrário, tornamo-la forte. Enquanto nos identificar­mos com nossos pensamentos, nossa mente será muito fraca, pois estará disper­sa em muitas direções diferentes.

Uma mente fraca nos faz perseguir, sem con­trole, os prazeres dos sentidos, contra nosso interesse e, em casos extremos, nos prende a alimentos, álcool, tabaco ou drogas.

Mas, se focalizamos nossa mente em uma direção, podemos realizar muito porque a mente terá, então, um enorme poder. Os raios do Sol focalizados em um ponto através de uma lente podem iniciar um fogo. Uma mente livre de suas modificações é clara e pode nos permitir viver aquilo que está oculto: a “metamente”, a origem da mente.

A ênfase dos psicólogos orientais, dos sábios e dos instrutores de Yoga, tem sido totalmente diferente. Eles possuíam uma clara compreensão da mente e de suas limitações.

Formularam seu entendimento a partir de experiências concretas. A Psicologia oriental é científica, mas não no mesmo sentido da Ci­ência ocidental. O aparelho, o campo de estudo e o laboratório estão dentro de nós.

Os mestres orientais de Yoga estavam preocupados com a “metamente” porque sabiam por experiência direta que é ali que se encontra o segredo do mistério da mente.

Friedrich von Schiller, filósofo alemão, expressou-o acertadamente em seu poema “As frases de Confúncio” (Heisenberg, 1971): “Apenas a mente plena é clara, e a verdade mora nas profundezas.”

Aqui, a “profundeza” é a “metamente”, que está além da super­fície do percebimento comum. A “mente plena”, longe de ser preenchida com a tagarelice interior, inútil e comum, revela um vasto reservatório subjacente de percepção, mas apenas quando as ondas-pensamento aquietam-se.

No âmago das “profundezas”, na “metamente”, reside o Eu. Aqui o vazio se transforma em infinito. A verdadeira origem da mente é infinita, está além do espaço e do tempo e não possui atributos. Os filósofos/sábios indianos denominam-no Ãtmam que, no Ocidente, é traduzido por “Eu”.
A tradução é um tanto infeliz, porque imediatamente evoca em nossa mente o eu pessoal, limitado, o ego. Ao contrário do eu, o Eu jamais pode ser estudado como um objeto.

Pensamos em nossos egos, sentimentos e pensamentos, como objetos de percepção, mas, fa­lando de modo verdadeiro, nunca podemos definir o Eu; podemos apenas vivenciá-lo.

O Eu é o Sujeito original, a fonte da mente objetivada, o âmago da “metamente”, puramente subjetivo e com luz própria. A mente não possui quaisquer dessas características.

Segundo a Filosofia do Shaivismo do Cachemira, nos 36 passos do desenvolvimento do Cosmo, a mente origina-se do nível egóico.

Nesse nível todos os atributos ilimitados de Paramashiva foram restringidos através dos poderes veladores de Maya, ilusão. Paramashiva, tomando-se o ser humano individual, através de uma série de contrações e limitações auto impostas, é confinado.

Sua existência eterna toma-se finita, e o tempo entra em cena. O ser humano individual é sujeito ao nascimento e à morte.

Esse onisciente Para­mashiva toma-se um ser humano com conhecimento muito limitado e superfi­cial, que vem primariamente da informação e dos dados obtidos através dos sen­tidos. A compreensão é pouco profunda.



O onipotente Paramashiva é confi­nado a um espectro restrito de atividades: há apenas aquilo que os seres hu­manos podem fazer. E, por fim, o onipresente Paramashiva fica preso ao tempo e ao espaço.

Nenhum ser humano comum pode estar presente, fisicamente, em dois lugares ao mesmo tempo. Entretanto, os santos de todas as grandes tra­dições, após terem transcendido sua consciência humana, exibiram os atributos ilimitados de Paramashiva.

Existem numerosos registros, em todas as tradições do Oriente e do Ocidente, de santos que foram vistos em diferentes lugares ao mesmo tempo.

Existem também registros de sábios que podiam materializar objetos, voar e fazer coisas consideradas “milagrosas” para o ser humano co­mum.

No Ocidente, uma determinada função da mente comum tem sido glorificada e considerada a base de todo o conhecimento e ciência: seu aspecto lógico, analítico, matemático. Esse sedutor poder do pensamento analítico, associado a seus imensos sucessos científicos, é, não obstante, limitado.

No Oriente, esse aspecto mental é reconhecido como o funcionamento limitado de buddhi, o inte­lecto. Não pode constituir a resposta para todas as nossas perguntas, porque a maior parte do tempo não estamos na disposição mental analítica e lógica.

A verdade é que todos somos inclinados a lisonjear-nos a despeito de nossa experiência cotidiana contrária - de que gastamos nosso tempo tendo pensamentos lógicos, consecutivos. Na verdade, a maioria de nós não faz isso.

O pensamento consecutivo sobre qualquer problema uma proporção muito pequena de nossas horas de vigília. É mais comum encontrarmo-nos em um estado de “devaneio” - uma névoa mental de impressões sensoriais desconexas, lembranças irrelevantes, fragmentos sem sentido de frases de livros e jornais, pequenos assaltos de medo e ressentimentos, sensações físicas de desconforto, excitação ou comodidade (Prabhavananda e Isherwood, 1953).

Como podemos parar a incessante tagarelice interior e tornar a mente forte? Patanjali dá a resposta: prática e desapego.

Aqui Patanjali refere se a práticas espirituais. Existem muitas práticas espirituais diferentes para escolher com base no temperamento de cada um.

Patanjali considera o melhor exercício para a mente o desenvolvimento de uma constante percepção de nossa identidade com a Verdade, a constante recordação de que Eu sou Aquilo, Eu sou Consciência Pura.

À medida que se pratica o percebimento da unidade, cessam pouco a pouco as modificações e agitações da mente.

Entretanto, Patanjali reconhece que nem todos possuem a mente forte o suficiente para manter esse constante percebimento. Por essa razão, ele fornece uma variedade de técnicas de modo que o aspirante possa escolher aquelas mais adequadas para si.

Dentre todas as práticas, uma muito útil é a repetição de montras Escrituras mencionam: “Mantra é Deus” (Singh, 1980a). A repetição de um mantra torna as pessoas conscientes de tratar-se de uma verdade. Se se nos chamam de estúpidos, ficamos zangados porque nos identificamos com a palavra.

Se nos chamarmos de “Deus”, no devido tempo, identificar-nos-emos com Deus. Se o fizermos por um longo período, a mente fundir-se-á no mantra e tomar-se-á una com o Eu.

Um dos aforismos nos Shiva Sutras, o famoso tratado do Shaivismo do Cachemira, diz: “A mente é mantra” (Singh, 1979a). A mente neste caso deveria ser compreendida como aquela que está voltada para o interior.
Ela, então, torna-se o pulsar ou pulsação da Consciência pura (spanda). Nesse sentido a mente nada é senão mantra - o puro poder libertador de Deus.

Como vimos anteriormente, não deveríamos pensar no mantra como um som. Em seu sentido puro, é a própria luz da Consciência que ilumina tudo o que a Consciência reflete e que toma forma.

Segundo essa visão a mente pode ser treinada. Através da prática específica, regular, consistente e persistente, podemos orientar nossa mente em qualquer direção que desejarmos. Isso conduz ao controle mental.

 No Ocidente pensamos na mente como algo quase incontrolável e fora de nós. Quando temos  pensamentos negativos sobre outra pessoa, sentimos que os mesmos foram es­timulados pela mente e que não somos responsáveis por tais pensamento. Isso é absurdo.


 Nossos pensamentos são criados em nossas mentes e são só nossos. Temos plena e completa responsabilidade por eles. Vivemos com uma atitude absurda a esse respeito, porque não compreendemos a natureza da mente.

No Oriente, os pensamentos são considerados reflexos de um estado mental. É da natureza da mente criar, constantemente, pensamentos, da mesma, forma que é da natureza do oceano criar onda. Não existem ondas boas ou más.



 Não existem pensamentos bons ou maus. Existem apenas os que nos aproximam do centro da “metamente e os que nos afastam dele. Pensamentos de amor e amizade nos fazem sentir bem, pois nos trazem mais próximos à essência da “metamente”, que é o amor puro, inegoísta. Também Cristo ensinou o amor inegoísta.

O Yoga oriental não é uma cultura de pensamento positivo. Todo o Universo está baseado na dualidade. A vida está repleta de situações agradá­veis e desagradáveis, alegrias e tristezas, triunfos e tragédias. É assim que esse Cosmo foi criado: está baseado na dualidade. A moeda sempre tem duas faces.

Não se pode ter uma sem a outra. Esse é outro caso de complementaridade. O Yoga não tem como meta remover as situações ou pensamentos desagradáveis. Almeja auxiliar a remover a moeda da dualidade como um todo.

 Isso significa que podemos enfrentar tanto situações agradáveis quanto as desagradáveis sem sermos esmagados por qualquer uma delas. Significa que quando a mente é forte, nem as calamidades nem a boa sorte pode causar tumulto no coração ou caos na mente.

 Uma mente clara e calma é pré-requisito para uma decisão apropriada, não importando o que nos cerca. Esse é o estado almejado por Patanjali e pelo Yoga. Um grande Instrutor disse, certa vez, que apenas em águas rasas pode um peixe provocar grandes ondas. Apenas em uma mente fraca pode qualquer situação produzir tumulto.

Patanjali considerava importantes as práticas espirituais, como a meditação, o cântico, a prece, a ida à igreja ou ao templo e o trabalho altruísta, mas considerava importante também a prática do desapego. As práticas espirituais sem a prática do desapego podem ser extremamente áridas, frustrantes e perigo­sas.

 O desapego é o exercício do discernimento. Significa escolher consciente­mente entre o que nos aproxima do Eu interior e o que não nos aproxima. Patanjali considerava que a prática do desapego possui um elo indispensável com as práticas espirituais. Segundo ele, ambas são necessárias para serenar as modificações da mente.

Tentar serenar a mente de um modo forçado e rígido seria como tentar manter calmo um cavalo selvagem. O cavalo reagirá violentamente, e ninguém conseguirá dominá-lo.

 Da mesma forma, se tentarmos ser sempre “bons”, sem
qualquer “maus” pensamento, tomar-nos-emos como juízes para os outro nós mesmos.

'Ninguém pode evitar maus pensamentos, porque é da natureza da mente produzir pensamentos. Tentar fazê-lo causará resistência, assim como o cavalo selvagem resiste a ser mantido calmo.

Durante a prática espiritual, o fracasso está fadado a ocorrer, sobretudo no início. Se estivermos apegados aos resultados imediatos de nossas praticas,  então não poderemos tolerar esse tipo de fracasso.

 Patanjali não ensina as pessoas a se tomarem indivíduos puritanos, juízes,  áridos, infelizes. Seu sistema é a prática do yoga almejam tomar-nos livres da tortura da mente.

Desapego é liberdade dos liames do desejo, seja por alimento, por ganho material ou envolvendo ambições, como a obtenção de fama,  de superioridade espiritual ou de ser sempre “bom”.

 Libertar-se do apego não é uma tarefa fácil. É realizada gradualmente e constitui um lento processo. Patanjali ensina que é ao não nos identificarmos com os pensamentos e com as emoções que nos tornamos livres das aflições de uma mente impura.
 Nada há de errado com a mente em si, mas ela está contaminada por compreensões equivocadas e desejos. Através da mente, identificamo-nos com as limitações do corpo físico e nos consideramos limitados (Prabhavananda e Isherwood, d)



Na tradição oriental não existem pecadores; não há julgamento, porque não há qualquer pecado, exceto a ignorância. Se praticarmos o desapego e serenarmos a mente, então, a verdade revelar-se-á a partir do nosso interior.

 A escuridão da ignorância desaparecerá. Desapego não significa que nos tornamos indiferentes ou egoístas, que nossas vidas se tornam insensíveis e enfadonha uma vez que o fogo do desejo tenha sido extinguido.

 Significa exatamente oposto, que nos tornamos mais livres cada vez que um desejo desnecessário é vencido. Significa que somos capazes de amar pelo amor em si e não por razões egoístas. Alguém ama outra pessoa não devido à beleza, inteligência, dinheiro, prestígio social etc., mas pelo que a outra pessoa é.

 Aqueles que se encontram no nível de consciência de Cristo podem amar os supostos indivíduos “feios" “pobres”, “sujos”, “criminosos” como eles são. Esse é o nível de consciência para o qual essas práticas nos conduzem: o Cristo interior.

 É apenas quando estamos livres de todos os desejos orientados pelo ego, desnecessários e mesquinhos, que alcançamos as definitivas alturas: a Divindade interior.

A mente é um instrumento nesse processo, que não pode sequer ser iniciado fora da esfera da mente. Na Filosofia do Shaivismo, Chiti, o aspecto criativo feminino de Deus, descendo do plano da Consciência pura, torna-se a mente ao contrair-se de acordo com o objeto percebido (Singh, 1980a).

Mas, o Shaivismo e Patanjali sustentam que a mente é Consciência pura, indiferenciada, que se contraiu para assumir a forma do objeto percebido.

 Os filósofos psicólogos ocidentais não foram capazes de captar a natureza da mente em sua integridade.

As Filosofias indianas e o Yoga caracterizam-se pela orientação prática, bem como pela abordagem filosófica da vida. Não são meras criações do pensa­mento. As práticas espirituais e a prática do desapego são as chaves para o Yoga de Patanjali.

 A maior parte dos aforismos restantes são instruções e técnicas so­bre como atingir o estado de equanimidade ou o estado de desapego. O Mahabarata, o Bhagavad Gita, o Shaivismo do Cachemira, a Vedanta e Patanjali, todos ensinam como poderemos nos tomar contínua e permanente­mente felizes, não importando o que aconteça em nosso redor (Bahadur, 1979).

A maioria dos eruditos da tradição indiana aceitam Patanjali como autori­dade em Yoga e também como um grande santo. Diz-se que ele codificou anti­gos ensinamentos e apresentou-os na forma de Yoga Sutras após ter alcançando o domínio sobre sua própria mente. Esses sutras não são religião, mas genuína psicologia.

 Apenas aqueles que a exploraram e  transcenderam podem explicar o que é mente é e compreender como ela funciona. Patanjali expõe não apenas esses fatos mas também como a mente nos perturba, como podemos controlá-la e o estado daqueles que realizaram tais práticas (Hariharananda, 1981).

No Ocidente, tendemos a acreditar que o cérebro é o centro da mente. Os sábios orientais acreditam que a mente está centrada no coração, e que, na meditação, aquela área toma-se serena.

 Swami Muktananda, em uma de suas palestras sobre a mente, disse que quando as pessoas recebem choques terríveis, isso provoca problemas cardíacos, e não explosões cerebrais! Seja qual for o tumulto criado pelos pensamentos, ele será vivenciado no coração (Muktananda, 1980).

Ramakrishna, outro Mestre indiano contemporâneo, submeteu-se a uma operação de câncer sem anestesia. Durante a operação continuou ensinando e discutindo com seus estudantes que estavam presentes na sala de cirurgia. Os doutores perguntaram-lhe como era capaz de fazer aquilo.

Respondeu que tinha retirado sua mente da parte do corpo que estava sendo submetida à cirurgia e não experimentava dor. O coração é a principal localização da mente, mas o restante do corpo não está dela desprovido.

 A mesma visão é sustentada pelos budistas. Seu entendimento acerca da natureza da mente é muito similar  (Gyatsí 1984):


... a natureza convencional da mente é de límpida luz e, assim, as cor­rupções não residem na própria natureza da mente; elas são adventícias, temporárias e podem ser removidas. Fundamentalmente, a natureza da mente é seu vazio de existência inerente. Se emoções aflitivas, como o ódio, estivessem na própria natureza da mente, então, por exemplo, desde seu início, ela teria de ser sempre odiosa, uma vez que essa seria sua natureza.

 Entretanto, esse, obviamente, não é o caso; sentimos ódio apenas sob certas circunstâncias, e quando tais circunstâncias não estão presentes, ele não é gerado.

 Isso indica que a natureza do ódio e a da mente são diferentes, mesmo que, em um sentido mais profundo, ambos sejam consciência, possuindo, assim, uma natureza de luminosidade e de conhecimento.

As semelhanças entre o Budismo e o Hinduísmo, com relação à natureza da mente, são espantosas. Mesmo que existam muitos caminhos e tradições, há apenas uma Verdade.

Quando a mente volta-se para o interior, toma-se sintonizada com o Eu e reflete o poder infinito deste.

 A mente é fundamental nessa busca pela Verdade. A Verdade não está na mente, mas, mediante o uso de um mantra ou da contemplação criativa, a mente cria e se transforma em elo para unir-nos àque­les níveis da Realidade em que se encontra a Verdade.

Quando a mente volta-se para o exterior, toma a forma do objeto perce­bido. Enquanto ela estiver centrada no mundo exterior, ela se tomará muitas coisas diferentes, algumas das quais conflitantes. Toma-se inquieta. Contenta­mento duradouro não existe.

 Há uma estória sobre um monge que nada possuía, nem mesmo uma manta para cobrir-se. Certo dia ele pensou que seria bom ter uma manta. Mais tarde, alguém lhe deu uma, mas os ratos vieram e nela fizeram buracos. Então o monge pensou que seria bom ter um gato para espantar os ra­tos.

Alguém deu-lhe um. Mais tarde, ele pensou que seria bom ter uma vaca para dar leite ao gato, que estava afugentando os ratos. Antes de poder se aper­ceber, ele havia esquecido sua busca pela Verdade.

Quando a mente está centrada no interior, toma-se capaz de alcançar ou­tros níveis de percebimento. Voltar-se para o interior significa voltar a atenção do mundo exterior para o mundo interior.

 Um som específico, uma imagem, ou um sentimento podem levar a mente e o percebimento do aspirante ao fim do caminho, à destinação final, à experiência de nossa Natureza Real.

 O voltar-se para o interior sempre foi usado na jornada espiritual nas grandes tradições re­ligiosas.

Sumário
No Ocidente, estamos cônscios do sistema cérebro/mente, mas não sabe­mos realmente como o cérebro de fato opera e não compreendemos a mente em sua integralidade. Existem diferentes teorias sobre o cérebro, entre as quais a
mais recente é a teoria holográfica.

 Essa teoria defende a descentralização da mente, porém pesquisas adicionais fazem-se necessárias antes de podermos con­cluir que o cérebro funciona como um holograma. A natureza da mente parece ser um mistério para os psicólogos, psiquiatras e “desenvolvimentalistas huma­nos” que tratam dessa área.

 Embora a mente seja caracterizada como “não- corpo”, podemos abordar suas funções, complexidades e artifícios.

Diferentes escolas de Psicologia explicam a mente de diferentes maneiras. O modelo de Sigmund Freud contém três seções: a mente inconsciente, a mente consciente ou o ego, e o superego. Carl Jung acrescentou o conceito de inconsciente coletivo embora algumas escolas não o aceitem.

 No estágio em que nos encontramos não sabemos realmente como o cérebro opera, e não sabemos o que é a mente ou como funciona. As várias teorias, na maioria das vezes, deixam-nos com mais perguntas que respostas. -


No Oriente, os sábios ensinam acerca da mente com uma convicção es­pantosa para nossos padrões. Não existem teorias sobre o cérebro, que é tratado como uma parte do corpo físico.

 A natureza da mente é explicada de um modo muito direto através da compreensão obtida pela experiência pessoal.

Santos, sábios e videntes, em todas as eras, tiveram a experiência de suas mentes como pura energia criativa. Deus, que voluntariamente assumiu limitações e tomou-se a energia contraída da mente.

A mente constitui nosso pior inimigo e melhor amigo ao mesmo tempo. Pior inimigo no sentido de que, uma vez centrada no mundo físico exterior, tortura-nos ao dar, constantemente, origem a numerosos pensamentos e desejos.


 Faz-nos felizes ou desgraçados; quando nos identificamos com suas aflições, estamos como em uma montanha russa, sem qualquer controle do que virá a se­guir.

 Além do mais, a mente projeta seu estado interior para o mundo exterior e nos faz percebê-lo como algo independente daquele.


É nosso melhor amigo, porque quando focalizada no interior permite-nos vivenciar o que está sob ela e além dela mesma, a “metamente”, nossa verdadeira natureza, nosso Eu. Quando as modificações da mente são serenadas, a “metamente” se revela, e a luz da Consciência pura, que é o verdadeiro Eu; brilha através dela. 

Os psicólogos orientais fornecem um sistema gradual para serenar as alterações da mente.

Na maioria das tradições, a focalização da atenção em nosso mundo de percepções interiores é uma maneira de experienciar outros níveis de percebimento.

Dharmadhannya
Psicoterapeuta Transpessoal.




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