Os corpos e o Ka Egípcio
Este texto é uma introudução dos ensinamentos egípcios sobre os corpos e seu desenvolvimento. muito importante para os estudiosos do assunto, para os curadores e psicoterapeutas. Expandir a consciência é ativar em nosso DNA a consciencia Universal do Um, memória divina ancestral. Compreender os simbolos de todos os povos nos universaliza. Dharmadhannya
Ka
Como
podemos explicar a aparente inabilidade da mente consciente em curar, ou de
outra maneira, dirigir o computador” do corpo? Por que existe uma divisão entre
Corpo e Mente, e Corpo e Consciência na atualidade?
Nós
podemos coordenar a saúde espiritual e
física? Podemos existir conscientemente e
harmoniosamente nos dois mundos
(sensibilidade espiritual e atividade material
produtiva)?
física? Podemos existir conscientemente e
harmoniosamente nos dois mundos
(sensibilidade espiritual e atividade material
produtiva)?
E
possível, de forma realista, aplicar a lei
espiritual na realidade concreta? Como
podemos sair do drama coletivo diário, sem
perder o contato com ele?
espiritual na realidade concreta? Como
podemos sair do drama coletivo diário, sem
perder o contato com ele?
Tentarei
explicar os estágios ou “corpos” de desenvolvimento segundo o antigo e oculto
sistema egípcio, de modo tão simples quanto permitam meus conhecimentos sobre
eles.
Em
nossa escola, utilizamos muitas técnicas e exercícios para desenvolver e
treinar as faculdades de cada corpo. Todas as tradições se referem a este
treinamento de maneiras diferentes.
Uma grande parte do aprendizado envolve
vivência direta. O iniciado deve ser uma pessoa comum, mais “Humana” no sentido
mais elevado.
Segundo
esse sistema a forma humana é composta por três campos de energia principais. A
primeira destas configurações de energia ou “corpos” é o padrão ancestral ou
essência que era chamado de o Ren.
Este
é um nexo misterioso de impressões que remetem à experiência e condicionamento,
individuais e coletivos, passados de encarnação a encarnação pela árvore
genealógica.
E o fator chave para o alcance da Consciência
plena, bem como para o desenvolvimento do Corpo Radiante, porque proporciona a
primeira “substância” sobre a qual este corpo é construído, respondendo à
Consciência da Raça.
A
segunda configuração é o próprio corpo físico ilustrando o fator DNA. Este é
um corpo tangível de capacidades naturais que pode ser treinado de muitas
maneiras para desempenhar e reagir à disciplina e ao comando da Mente.
Consiste
de consciência física e instintos animais e proporciona o combustível da
re-calibragem celular, a atividade irmã para a construção do Corpo Radiante.
A
terceira configuração consiste em um núcleo de impulsos e sensações emocionais
associados à libido e ao ego. Este é o corpo astral do desejo, o “ka”.
Seu
magnetismo é responsável por muitos tipos de cura. Esse corpo fornece a força
básica que movimenta a vida e contém as experiências emocionais da vida atual.
Sua cor é violeta, a cor da transmutação.
E o mais destrutivo de todos os elementos. Observe
sua necessidade dominante, se é de conhecimento, luz, prazer, ou drogas, violência...
O indivíduo que segue treinamento espiritual
deve manter os impulsos deste corpo sob controle sem danificar seus poderosos
mecanismos. Ele abriga o poder do Amor.
Estas
três configurações constituem os três primeiros corpos dentro do sistema — o
corpo e a personalidade integrais de um indivíduo. Sem treinamento, eles
funcionam separadamente, à sua própria vontade e acidentalmente.
O trabalho que será feito daqui para frente
requer esforço e autodisciplina para domar e combinar as faculdades destes
corpos e construir as formas subsequentes em direção à imortalidade.
Procedimentos e estágios de auto integração
Todas
as práticas nos templos, lembrando-nos dos antigos gregos, consistem do
treinamento do corpo e da mente (segunda e terceira configurações)
separadamente.
Mesmo hoje reconhecemos que o corpo deverá ser
flexível e saudável. A mente, incluindo as emoções, deve funcionar tanto
aguçada quanto abstratamente, para poder estar sob controle consciente.
Este treinamento também deve incluir o
condicionamento social que ensina os limites ao mesmo tempo em que acumula o
poder contido na força emocional. Esta é a pedra angular do ensinamento egípcio
- o disciplinamento do “ka”.
As
faculdades interiores desdobram-se naturalmente quando o corpo e a mente estão
sob o controle de uma vontade consciente.
Isso revelará a percepção das cores e texturas
e libertará possibilidades desconhecidas de entendimento do espaço e a fusão do
tempo. Ao nos concentrarmos em quem percebe em vez das próprias percepções,
descobrimos também que essas faculdades não são mecânicas.
Reconhecemos que algo mais está comandando as
ações, e que não somos o corpo, nem a mente. A progressiva realização do Ser é
baseada no reconhecimento de que somos uma inteligência energética, uma
Presença que permeia toda forma.
Isto aprofunda o desenvolvimento natural das
verdadeiras capacidades Humanas da Consciência.
O
primeiro estágio da auto integração consciente começa no nível do quarto corpo.
Para os egípcios, este era o corpo que continha o “Livro do Coração”. Na
cosmologia cristã, ele é simbolizado pelo coração rubi.
O
treinamento consiste no gerenciamento do pensamento e no refinamento das
sensibilidades do sentimento. Isto pode ocorrer automaticamente por meio de um
bom condicionamento familiar e social, embora hoje isto seja altamente improvável.
O estudante da vida aprende a temperar seu
coração ou seus instintos e a aplicar isto às situações da vida real. As
pessoas constituem o principal campo de aprendizado neste estágio de relação
onde aprendemos a amar.
Durante esta fase, os sentidos tornam-se mais
apurados nas sensibilidades humanas mais aguçadas. Aprendemos a ver
verdadeiramente.
O
quarto, o quinto e o sexto corpos nos ensinam a tocar, cheirar e ouvir no mundo
a partir de um estado de ser que está ancorado na Inteligência do coração.
Isto costumava acontecer naturalmente,
imperceptivelmente em um mundo mais natural. Em nossas classes, isto é
cultivado com exercícios físicos, mentais, emocionais e espirituais.
Este
estágio nos leva pela experiência do envolvimento emocional e auto oferecimento,
por meio de um espírito crescente de consciência grupal em crescimento e impecabilidade.
Representa
o estado de integração evocando a noção budista do Dharma, ou Lei da Vida.
No
final da segunda fase, ou sexto estágio corpóreo, a pessoa começa a sentir e
perceber outro tipo de realidade, mais real, porém sutil ao mesmo tempo.
A sua própria maneira, o indivíduo torna-se
conhecedor do fenômeno do mundo da Luz. Este estágio c concluído
apropriadamente quando os poderes psíquicos despertados não mais representam
uma tentação. Um código de ética interior rigoroso é a certificação indelével
de que este estágio de integridade foi
alcançado.
Uma
vez que os instintos são domados pelo coração, o impulso físico ígneo dá lugar
a um despertar: e eventual domínio dos Pontos de Luz.
Defrontamo-nos
com nossa própria Luz vital interior, o que, em algumas tradições sufis, é
visto como o Anjo.
Agora, o “fazer” dá lugar à “graça”. Esta é a
fase onde o eu físico e a personalidade tornam-se cada vez mais serenos. E um
estágio de transparência que requer tempo e uma certa quantidade de proteção do
mundo antes de emergir novamente nele.
Conforme os Pontos de Luz atuam gradualmente
sobre a matéria e substância de nosso corpo, mente e emoções, transmutando cada
substância absorvida em qualquer dos corpos durante a vida, a memória desperta
e, com isso, uma certa capacidade de Saber.
Agora,
por meio do gerenciamento real da Luz dentro das faculdades humanas do falar, ver
e pensar, o indivíduo aperfeiçoa a unidade psiconoética que foi se
desenvolvendo em complexidade e maestria.
O aluno começa a construir seu próprio mundo e
entra no sétimo nível. A luz-forma construída adquire agora uma coloração azul-claro.
Isto
é o mais longe que ele pode ir por esforço próprio. O florescimento dos dois
últimos estágios não pode ser induzido apenas pela vontade pessoal.
A
pessoa permanece aqui, construindo seu próprio poder interior e aprendendo
sobre seu Eu verdadeiro, até que o momento misterioso em que Isis levanta seu
véu e a total integração com o Ren é atingida no nono nível.
O
sétimo e oitavo estágios, constituem a estabilização do que foi conseguido com
uma vida de esforço, auto- disciplina, sensibilidade social, integridade e
finalmente, consistência.
O desejo de partilhar e servir é tão forte que
o veículo emergente responde a isso de maneiras muito tangíveis. O oitavo corpo
forma-se quando a pessoa reconhece a Lei do Um e implementa os princípios da
Luz.
As energias que foram densificadas e
fragmentadas no processo de experiência por projeção, retornam à sua Fonte e
nós nos tornamos completos. Isto ocorre enquanto o padrão ancestral é abraçado
dentro do corpo físico refinado.
O
corpo psiconoético adquiriu agora, a mais fina substância de luz de Consciência
do Plano Noético do Ser, representante dos estados mais elevados da
sensibilidade unitária. Isto lhe dá uma mobilidade dimensional adicional mais
consciente.
Ao
mesmo tempo o corpo físico torna-se totalmente reagente à Inteligência. Como
seres físicos, procuramos nosso lugar adequado no mundo. Nossa forma abriga um
Ser realizado que, em vez de amar o fato de viver, agora vive seu Amor,
conforme o Corpo Psiconoético opera livremente nos planos interiores do devenir
da humanidade.
O
estágio nove marca a culminação da experiência terrena em um corpo de matéria
física. A frequência vibratória deste Estado é tão alta que a matéria não pode
resistir a ele e persistir.
E
por isso que os Seres completamente iluminados e Avatares devem deliberadamente
preservar algumas falhas, a fim de manter um corpo encarnado que lhes permitirá
ensinar e misturar-se à humanidade no nível físico.
Mas
a, morte destes indivíduos nunca é um evento comum. E uma celebração de Luz uma
vez que eles “ascendem” à sua verdadeira frequência na Criação.
Como
uma pedra preciosa, o corpo eterno totalmente operante da Consciência emerge no
nono e último nível, imerso na cor dourada-clara e radiante entre os mundos.
Ele
é composto pelos filamentos, passagens e nervos da Consciência Autoconsciente
indissoluvelmente ligada ao padrão eterno da Matrix.
O
SISTEMA EGÍPCIO DE NOVE CORPOS
CORPO CONTEÚDO ALCANCE E
TREINAMENTO
OS
TRÊS MOLDES BÁSICOS CONTENDO MENTE-CORPO COMO PERSONALIDADE:
REN Consciência da Raça- da 3a à 7a dimensão
Etérico Padrões
ancestrais Treinamento moral básico
KHAT Consciência do corpo físico da 3a à 7a dimensão
Físico Apetites animais Controle da respiração
Regulagem celular Treinamento físico
KA Consciência astral da 3a à 7 dimensão
astral Emoções
corpóreas Desejo por vontade pessoal
Magnetismo
animal Disciplina emocional
2. O
ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
(Consistindo
do refinamento do “ka”, e a construção da Unidade Psiconoética)
AB Registro de experiência - da
3a à 7a dimensão
mental sentimento
Gerenciamento
do pensamento - Rendição de contas,
autoconfiança
Qualidade do emocional Sublimação
Envolvimento Refinamento do sentimento
BA Consciência social da 3a à 7a dimensões
Relações Gerenciamento da força emocional
Percepção poética A compreensão do coração
Introspecção
KHAIBIT Energia mental criativa da 3a à 7a dimensão
mental
superior Sentimento puro Sentido do
sagrado
O
ESTÁGIO DA TRANSCENDÊNCIA (Consistindo da fusão dos corpos físico e ancestral
surgimento do Corpo Radiante) no
refinamento do Corpo de Luz e surgimento do Corpo Radiante
SAHU Força vital de luz da 7a à 11a dimensão
H.M.S
+ Causal - Memória Criatividade,
Visualização
(budista)
- Tempo - Refinamento da
substância ancestral
Integração emocional
Graça
SEKEM
- Palavras de poder - 11a
dimensão, Ciência iniciática
(átmico) Causalidade - Responsabilidade sobre as criações
Orações (próprias ou de outros) - Comando de Legiões Angelicais
KHU - Aprendizado sobre a vida - da 11 a 12a dimensão
(monádico)
- Estado de imortalidade -Espiritualização de
toda substância
Concepção egípcia da alma
O corpo purificado (sah),
o ba e o akh.
Os antigos egípcios
acreditavam que a alma humana era composta de cinco partes: ren, ba, ka, sheut e ib.
Além desses componentes da alma havia o corpo humano, que, em vida, era
chamado de khet ou iru, em referência à forma ou
aparência; no momento da morte, o cadáver era chamado de khat; uma
vez mumificado, o cadáver era chamado de sah. A
mumificação era considerada a transfiguração do corpo em um corpo
novo, “cheio de magia”.
Amuletos ib de
madeira dourada (à esquerda) e pedra verde (à direita)
Ib (coração)
Acreditava-se que o ib, o coração metafísico, formava-se a partir de uma gota de sangue do coração da mãe da criança, no momento da concepção.
Acreditava-se que o ib, o coração metafísico, formava-se a partir de uma gota de sangue do coração da mãe da criança, no momento da concepção.
Para os antigos egípcios, o coração era a sede da
inteligência, criador de todos os sentimentos e atos e depósito da
memória. Por isso era a chave para a vida após a morte, pois sobrevivia à morte
e testemunhava a favor ou contra seu possuidor, na cerimônia de sua
pesagem:
se pesasse mais do que a pena de Maat, era imediatamente devorado pelo
monstro Ammit. Por isso também era o único órgão
interno mantido no lugar, dentro da cavidade corporal, no
processo de mumificação.
O ba e
a sombra, sheut
Sheut (sombra)
A sombra ou silhueta, sheut, sempre presente, contém algo da pessoa que representa — e por isso as estátuas de pessoas e divindades eram por vezes chamadas de “sombras”. Também estava associada à morte ou como serva de Anúbis, e sua representação gráfica era uma figurinha humana inteiramente negra. Em geral, os faraós tinham uma caixa em que parte de sua sheut era armazenada.
Ren (nome)
Como parte da alma, o ren (nome) da pessoa lhe era dado no momento do nascimento. Para os egípcios, ela viveria enquanto seu nome fosse dito, o que explica o empenho em protegê-lo e a prática de inseri-lo no maior número possível de escritos. Por exemplo, uma parte do Livro das Respirações, derivado do Livro dos Mortos, era um meio de assegurar a sobrevivência do nome. Muitas vezes se usava um cartucho (o shenu) para cercar o nome e protegê-lo.
Como parte da alma, o ren (nome) da pessoa lhe era dado no momento do nascimento. Para os egípcios, ela viveria enquanto seu nome fosse dito, o que explica o empenho em protegê-lo e a prática de inseri-lo no maior número possível de escritos. Por exemplo, uma parte do Livro das Respirações, derivado do Livro dos Mortos, era um meio de assegurar a sobrevivência do nome. Muitas vezes se usava um cartucho (o shenu) para cercar o nome e protegê-lo.
Cartuchos contendo os
nomes de nascimento e entronização de Tutancâmon (“Imagem Viva de Amon”) entre
imagens de uma figura leonina com cabeça de homem (talvez uma deusa-leoa
como Sekhmet), que esmaga inimigos de várias etnias, enquanto Nekhbet voa,
protetora, acima.
Por outro lado, os
nomes dos inimigos do Estado, como Akhenaton, eram eliminados dos monumentos,
como uma forma de damnatio memoriae. Outras vezes, a remoção de nomes visava
a abrir espaço para a inserção do nome de um sucessor, sem precisar construir
outro monumento. Quanto maior o número de lugares em que o nome figurasse,
maiores as chances de sua sobrevivência por meio de sua leitura e enunciação.
Fac-símile de uma
vinheta do Livro dos Mortos de Ani. O ba do
falecido Ani paira sobre sua múmia, em um esquife. Veem-se lâmpadas dos dois
lados e o ba leva um shenu, símbolo
da proteção asseguradora da eternidade.
Ba
O ba era o que tornava cada indivíduo único, similar à noção de “personalidade”. Nesse sentido, objetos inanimados também podiam ser dotados de ba; no Antigo Império, por exemplo, as pirâmides eram muitas vezes consideradas bas de seus proprietários.
O ba era o que tornava cada indivíduo único, similar à noção de “personalidade”. Nesse sentido, objetos inanimados também podiam ser dotados de ba; no Antigo Império, por exemplo, as pirâmides eram muitas vezes consideradas bas de seus proprietários.
Esse aspecto da alma sobreviveria à morte do corpo, sendo às
vezes descrito como um pássaro com cabeça humana que voava para fora do
túmulo para se juntar ao ka na vida após a morte.
Estatuetas
funerárias representando o ba do(a) falecido(a)
No Livro dos
Sarcófagos, uma forma do ba subsiste à morte em sua
corporalidade, comendo, bebendo e copulando.
A idéia de uma existência
puramente imaterial era tão estranha ao pensamento egípcio que, quando o
cristianismo se difundiu no Egito, foi preciso tomar emprestada a palavra grega psique para
descrever o conceito de alma, em vez do termo ba.
Outro modo de
existência do ba do falecido, descrito no Livro dos Mortos, é
retornar à múmia e participar em forma não-corpórea da vida além-túmulo,
fazendo eco à teologia solar segundo a qual Rá era renovado todas as noites
mediante sua união com Osíris.
Estatueta ka de
Horawibra, ~1760 a.C.
Ka
O ka era o conceito egípcio de essência vital, aquilo que distingue os vivos dos mortos; a morte se dava quando o ka deixava o corpo.
O ka era o conceito egípcio de essência vital, aquilo que distingue os vivos dos mortos; a morte se dava quando o ka deixava o corpo.
Se Cnum criava os corpos de crianças em seu torno de
oleiro e os inseria nos corpos de suas mães, cabia a Heket ou Meskhenet
engendrar o ka de cada um e insuflar-lhes o sopro vital no
momento do nascimento, como a parte de sua alma que os fazia viver.
Contudo, o ka era
sustentado por comida e bebida — daí as oferendas de alimentos e bebidas para
os mortos, ainda que o que era consumido fosse seu kau, não seu
aspecto físico.
O ka costumava figurar na iconografia egípcia
como uma segunda imagem do indivíduo, o que levou alguns dos primeiros
estudiosos a tentar traduzi-lo como “duplo”.
Como o ka precisava
de um substrato físico que lhe servisse de lugar de repouso, além da
preocupação com a preservação do corpo os egípcios lançavam mão também
de estatuetas de madeira ou pedra para cumprir esse
papel – e que por vezes levavam o hieróglifo do ka (um
par de braços erguidos) sobre a cabeça, a fim de reforçar
sua finalidade.
Como os egípcios acreditavam que elas poderiam
perceber o mundo, eram cerimonialmente trazidas à vida
por sacerdotes em um ritual chamado de Cerimônia da Abertura da Boca,
em que a boca, os olhos, o nariz e os ouvidos eram tocados com
instrumentos rituais para conferir à estatueta as capacidades
da respiração, visão, olfato e audição.
O hieróglifo da íbis, akh
Akh
O akh, que significa “o (magicamente) eficaz”, era um conceito que apresentou variações no decorrer da longa história das crenças egípcias. Foi associado ao pensamento, mas não como uma ação da mente, e sim como o intelecto enquanto entidade viva.
O akh, que significa “o (magicamente) eficaz”, era um conceito que apresentou variações no decorrer da longa história das crenças egípcias. Foi associado ao pensamento, mas não como uma ação da mente, e sim como o intelecto enquanto entidade viva.
Também desempenhava um
papel na vida após a morte: após a morte do khat (o corpo
físico), ba e ka se uniam para reanimar o akh,
o que porém só seria possível se fossem executados os ritos funerários
apropriados, seguidos de ofertas constantes; o ritual denominava-se se-akh,
“converter (o morto) em um akh (vivo)”.
O akh seria a
forma plenamente ressuscitada e glorificada do falecido na vida após
a morte. Muitas vezes traduzido como “espírito” ou “forma do espírito”, o akh é
representado pelo íbis nos hieróglifos.
Como membro do céu
estrelado, conhecido como akh-akh, o falecido estava livre para
vagar pela terra. Após a união bem-sucedida entre o ba e seu ka,
o akh era permanente, e seguia inalterado por toda a
eternidade.
Todavia, o risco
de uma segunda morte — e essa seria definitiva — estava sempre presente; a
literatura funerária tinha justamente por finalidade ajudar o morto a “não
morrer pela segunda vez no submundo” e “conceder-lhe memória perene”; nesse
sentido, na XIX e XX Dinastias o akh chegou a ser visto como
uma espécie de fantasma ou “ente morto”.
Conforme as circunstâncias, o akh podia
fazer bem ou mal aos vivos — causando, por exemplo, pesadelos, sentimentos de
culpa, doenças, etc. Podia ser evocado por orações ou cartas, deixadas na
capela de oferendas do túmulo, a fim de ajudar os membros vivos da família, por
exemplo, intervindo em disputas, apelando a outros mortos ou divindades com
autoridade não só para afetar favoravelmente os eventos terrenos, como também
para infligir castigos.
No entender dos
egípcios, a vida terrena era apenas uma parte de uma existência mais ampla,
ainda que determinante para como a existência em sua totalidade seria vivida.
De resto, a vida após a morte seria bastante semelhante à existência física
normal. Em elaborações mais tardias, o modelo da nova etapa da existência era a
jornada noturna do Sol em sua descida ao duat (o submundo),
durante a qual encontrava o corpo mumificado de Osíris e ambos, reenergizados
um pelo outro, podiam emergir para uma nova vida — um outro dia.
Para o morto,
seu corpo e seu túmulo constituíam seu Osíris e seu duat pessoais
— como descreve, com eloquência, o túmulo de Paheri, nomarca da XVIII Dinastia:
“Sua vida acontecendo
novamente, sem que seu ba seja mantido longe de seu corpo
divino, com seu ba junto do akh (…) emergirás
a cada dia e retornarás todas as noites. Uma lâmpada será acesa para ti à
noite, até que o sol resplandeça sobre seu peito. E a ti dirão: ‘Bem-vindo,
bem-vindo, nesta que é sua casa de vivente!’.”
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