A força da Resiliência
na sua vida.
"Usando o aço e o
chumbo como metáforas, pode-se dizer que existem pessoas que suportam as
tremendas forças de mudança, aprendem durante o processo de transformação e
retornam ao estado de tranquilidade sem qualquer desgaste emocional e muito
mais operacionalmente preparadas para enfrentar futuras adversidades.
Assim como o aço,
pessoas deste estilo, que têm a capacidade de adquirir mais experiência pessoal
e profissional por meio do esforço da mudança, são
ditas de alta resiliência.
Já outros indivíduos, muito antes de as
pressões da mudança ocorrerem, antecipam-se em lamentos, sofrendo terrivelmente
com as prováveis transformações que poderão ocorrer e permanecendo num estado
de ânimo alterado.
Em geral, pessoas
deste estilo mantêm-se deprimidas, mesmo depois de cessarem as tensões para a
mudança, e, assim como o chumbo, são ditas de baixa resiliência.
E importante observar
que resiliência alta ou baixa não tem relação com competência, habilidade ou
conhecimento.
Uma pessoa altamente
competente num determinando ramo de atividade pode ter baixíssima resiliência,
a tal ponto que, num projeto em que participa de forma brilhante, diante de uma
mudança, se ausenta até “a poeira baixar” e, depois de algum tempo, volta
“questionando” alterações feitas e a validade das diretrizes estabelecidas,
mesmo que altamente estratégicas.
Dentro desse contexto, não é difícil concordar
que o profissional ideal reúne competência com resiliência para compor a
excelência, elemento que o diferencia dos demais.
Padrões de Resiliência
Complementando a
competência com a alta resiliência, as pessoas adquirem a capacidade de
absorver o impacto das mudanças com um mínimo de anomalias comportamentais.
Ou, dentro da gíria,
é a resiliência que dá a algumas pessoas a capacidade de “aguentar o tranco sem
desabar”. Aplicado dessa forma, o conceito, em relação às pessoas, tem dois
componentes:
(1) a sensibilidade relativa à mudança e
(2) a velocidade com que elas voltam ao normal
quando cessa a força de mudança.
Considerando essa velocidade e essa
sensibilidade, podemos identificar quatro padrões de comportamento, para os
quais daremos as denominações: chumbo, bambu, concreto e aço. Vide
Só grandes mudanças
chegam a provocar disfunção (concreto e aço)
Pequenas mudanças já
provocam disfunções ( chumbo e bambu)
Chumbo
O padrão chumbo é o
dos indivíduos que se incomodam com pequenas mudanças e demoram muito a voltar
ao estado de normalidade depois que as pressões de mudança deixam de existir.
Os indivíduos desse
padrão, em geral, começam a ficar tensos e inquietos quando pressentem mudanças
bem antes de elas começarem a acontecer. Talvez o pior seja a “sequela”
comportamental que fica após todas as transformações terem acontecido, pois
muita gente do perfil “chumbo” fica lembrando os problemas que ocorreram com
mudanças de mais de dois anos. Esse ressentimento tende a acentuar ainda mais a
atitude negativa diante da mudança.
Bambu
O padrão bambu é o de
indivíduos que também não suportam as pequenas mudanças, mas voltam rapidamente
ao estado de tranquilidade inicial assim que cessam as forças de mudança.
São pessoas que têm a mente orientada para “o
dia seguinte” e quase nunca se preocupam com o que passou ou levam em conta o
que aconteceu antes. De certa forma, assim como a planta que oscila na
ventania, o indivíduo “bambu” adquire um pouco de energia e alguma experiência
com o processo de mudança.
Concreto.
O padrão concreto é o
de indivíduos que, diversamente do padrão chumbo e bambu, aguentam grandes
mudanças, mas demoram a voltar à condição anterior.
Quando voltam, guardam “sequelas” decorrentes
do processo de transformação que passaram para se adaptar à mudança. De uma
maneira figurada, é como se fossem grandes torres de concreto que não se abalam
com um furacão, mas, quando ele passa, percebe-se que a torre perdeu pedaços de
seu acabamento e pode ter deixado à mostra alguns vergalhões.
Indivíduos do padrão
concreto podem suportar enormes mudanças, mas, enquanto ocorre a pressão da
mudança, deixam de observar certas virtudes e, quando a pressão acaba, guardam
na lembrança os problemas e conflitos ocorridos no esforço de transformação.
É bom observar que
parte dessa lembrança é útil para que não se repitam erros em transformações
semelhantes do futuro, mas grande parte só provoca ressentimentos.
Aço
O padrão aço é o dos
indivíduos que, além de aguentarem grandes mudanças, voltam rapidamente ao
estado de normalidade.
Estes indivíduos se recuperam com muita
energia, aprendem durante o processo de transformação e, como foi dito,
retornam ao estado de tranquilidade sem qualquer perturbação, salvo a vantagem
de ter adquirido mais experiência pessoal e profissional.
Volta LENTA à normalidade
Concreto - 44
Chumbo - 12
Volta RÁPIDA à normalidade
Bambu – 26
Aço – 18
A resiliência nas
organizações
Por meio de
questionários e entrevistas, é possível definir o perfil de resiliência de um
grupo de colaboradores. Este perfil pode ser muito útil para reunir
colaboradores em uma combinação de padrões de resiliência adequados à
realização de algum trabalho em conjunto.
Nestes casos, percebe-se uma tendência de as
lideranças acharem que o ideal é ter o máximo de indivíduos do padrão aço,
alguns do padrão concreto, pouquíssimos indivíduos bambu e, se possível, nenhum
chumbo.
Com esta percepção,
alicia-se mais “aço” e faz-se o afastamento de quem tem qualquer outro perfil,
podendo provocar grandes danos na realização dos trabalhos. Isto porque alguns
indivíduos do padrão “chumbo” têm maior perspicácia com relação às mudanças.
Enquanto esses indivíduos chegam ao extremo de
serem afetados mesmo antes de as pressões começarem, os de padrão “aço”, por
estarem sempre preparados para “o que der e vier”, não costumam manter “suas
antenas ligadas”, tendo assim pouca sensibilidade com relação à mudança.
Uma pesquisa feita
por este autor aponta a existência de uma percentagem alta (12%) de indivíduos
de baixa resiliência e em nenhum dos casos relatou-se o comprometimento dos
resultados operacionais decorrentes desse fato.
Recomenda-se que, na composição de um grupo de
trabalho, exista pelo menos um indivíduo do padrão aço e outro do padrão
chumbo, e o restante da equipe pode ser uma composição qualquer de concreto e
bambu.
Com este cuidado, compõe-se uma resiliência
conjunta que, por meio do efeito sinérgico da diversidade de estilos pessoais,
proporcionará ao conjunto uma capacidade de se recuperar ou se adaptar
rapidamente, por maiores que sejam as pressões para a mudança e por mais
dramático que seja o processo de transformação.
Proatividade
Proatividade é a
característica principal do empreendedor que tem iniciativa e não espera que as
oportunidades ocorram ou que os recursos apareçam para iniciar seus projetos.
Administração proativa é aquela em que as decisões e providências são tomadas
antes que os problemas ou oportunidades venham a acontecer.
E diferente da administração reativa, que
espera a ocorrência dos desafios para que seja encaminhada qualquer ação.
Padrões de
Proatividade
A proatividade com
relação aos desafios e aos recursos é a responsabilidade de decidir e agir de
forma consciente e independente da existência de um conhecimento completo dos
desafios e da disponibilidade de tempo, pessoas, equipamento, espaço físico,
capital.
Dependendo da disposição para sair em busca
dos recursos ou para compreender os desafios, podem-se identificar quatro
padrões de comportamento: Estagnado, Adiantado, Preparado, Empolgado.
Estagnado
O padrão Estagnado é
típico dos indivíduos que esperam que os desafios lhes sejam apresentados com
clareza e os recursos necessários para vencê-los já estejam disponíveis, ou possam
ser obtidos com facilidade.
O indivíduo desse padrão, quando solicitado a
realizar alguma tarefa, começa questionando a clareza da solicitação; quando
fica tudo esclarecido, reclama a falta de equipamento e técnicas;
quando se diz que a parte técnica já está
resolvida, alega que não tem um local adequado; e seguindo esse rosário de
lamúrias, em vez de assumir a sua incapacidade para a tarefa, acaba repassando
culpas.
Ele repassa a culpa sobre seu perfil
profissional à organização, ao departamento, à chefia, ao treinamento recebido,
à falta de apoio etc. O indivíduo deste padrão fica bloqueado à espera de
recursos para realizar desafios que, mesmo diante da capacidade de prevê-los,
sente-se incapaz de cumpri-los.
Apesar de tudo isso, o estagnado pode ser
capaz de realizar com muita dedicação atividades definidas de forma clara e que
tenham os recursos já negociados.
Adiantado
O padrão Adiantado é
típico dos indivíduos capazes de compreender um desafio a ponto de
representá-lo como um anteprojeto, em que atividades, prazos e riscos são
especificados detalhadamente.
Apesar desta
capacidade, ele é incapaz de conseguir gente, equipamento, espaço etc.
necessário para realizar o desafio, por mais claras que estejam as suas
próprias especificações. Por esse motivo, fica frustrado por saber o que
precisa ser feito, mas por se sentir incapaz, devido à falta de recursos.
Existem indivíduos
que se realizam profissionalmente neste padrão porque têm a capacidade de
conseguir algo fundamental para dar prosseguimento aos seus projetos — o apoio
de quem sabe buscar recursos onde quer que eles possam ser encontrados e
negociado —, formando uma parceria altamente sinérgica.
Preparado
O padrão Preparado é
típico das pessoas excelentes na busca e na negociação dos recursos
necessários, não medindo obstáculos para consegui-los. Entretanto, devido à
dificuldade de se antecipar aos desafios, ou até mesmo compreendê-los, muitas
vezes não sabem o que fazer com os recursos conseguidos.
Eles podem formar uma parceria muito boa com
os indivíduos do padrão Adiantado. Enquanto um não sabe, ou não tem disposição
para obter recursos, o outro se empenha na obtenção de qualquer coisa que ajude
na realização de tarefas. Enquanto um não tem habilidades para se antecipar aos
desafios ou compreendê-los, o outro se empenha esclarecendo etapa por etapa
tudo o que precisa ser feito.
Formam, assim, um par
sinérgico ideal, em que cada um compensa as fraquezas do outro.
Empolgado
O padrão Empolgado é
típico do indivíduo que desenvolve uma competência especial para o
empreendedorismo; ele é o verdadeiro proativo. E capaz de se antecipar aos
desafios, definir a melhor forma de resolvê-los, pesquisar onde encontrar os
recursos e negociá-los de forma habilidosa.
O indivíduo no nível máximo de excelência
deste padrão, quando solicitado a realizar alguma tarefa, precisa apenas do
nome do principal interessado. A partir daí, num estilo de trabalho tipo
“Mensagem a Garcia”,2 vai coletando informações sobre os envolvidos, os prazos
e os intermediários;
define atividades e especialistas para cada
tarefa; estabelece a rede de precedência entre atividades; pede apoio aos
especialistas para definir os recursos necessários e definir os prazos.
Ao adotar esta atitude, ele acaba montando um
anteprojeto cuja análise pode até comprovar a sua inviabilidade. Porém, esta
inviabilidade é comprovada em conjunto com os envolvidos. Jamais se ouve do
Empolgado qualquer dúvida sobre a possibilidade de realizar alguma coisa. Para
ele, que é o verdadeiro proativo, tudo é possível, desde que s considerem as
circunstâncias.
A Proatividade nas organizações
Por meio de
questionários e entrevistas, é possível determinar o perfil de proatividade de
um grupo de colaboradores. A partir deste perfil, pode-se orientar melhor forma
de reuni-los para desenvolver algum trabalho em conjunto.
Percebe-se uma tendência de as lideranças acharem que o
ideal é ter o máximo de indivíduos do padrão Empolgado e, se possível, nenhum
indivíduo do padrão Estagnado. Para isso, aliciam-se mais. Empolgados, e
cuida-se do afastamento de quem tem qualquer outro perfil, prejudicando a
obtenção dos resultados gerais.
porque os Adiantados
não gostam de realizar tarefas que outros tenham detalhado; Empolgados, em
geral, só se realizam em projetos que eles próprios especifiquem e em que
negociem os recursos.
Por isto, a organização precisa de alguém para
realizar as operações já especificadas, o que justificaria até mais do que os 11%
de indivíduos no padrão.
Estagnado levantados em estudo feito por este
autor. Cabe à liderança alocar o pessoal
deste padrão para a realização de tarefas para as quais outros tenham
apresentado restrições.
Se as tarefas estiverem bem definidas e os
recursos estiverem programados para os momentos em que se fizerem necessários,
os Estagnados poderão cumpri-las sem qualquer restrição.
A definição e a programação poderão ter sido
feitas por indivíduos de outros padrões de proatividade.
Com uma equipe só de
Empolgados, talvez se enfrente internamente um nível e competitividade e de
conflito de interesse muito elevado.
Um Empolgado contundente
e agressivo pode se tornar um verdadeiro “rolo compressor”, nivelando por baixo
todas as atividades do setor que não estejam colaborando com o ‘seu projeto”,
que, por sua vez, será por ele sempre considerado de relevância estratégica.
Para evitar situações assim, o líder tem de
promover a sinergia entre os seus Estagnados, Empolgados, Preparados e
Adiantados, visando a um desenvolvimento generalizado de sua organização
através da energização de todo o seu pessoal.
Com este cuidado, ele compõe uma Proatividade
conjunta que fará a equipe, como um todo, ser capaz de atuar de forma
empreendedora, agindo com iniciativa para aproveitar as oportunidades e
conseguir os recursos necessários à realização dos projetos". Sergio Lins .
2 Durante a guerra
(1898) da Espanha com os Estados Unidos, um indivíduo chamado Rowan recebeu do
presidente a missão de entregar uma carta a Garcia, líder da insurreição, que
se encontrava em algum lugar nos redutos montanhosos de Cuba — ninguém sabia
onde. (...) Rowan desapareceu na selva e, semanas depois, apareceu do outro
lado da ilha, após atravessar a pé o território hostil e entregar a Garcia.
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