Inimigo secreto
Pode acontecer de um
distúrbio na tireoide passar despercebido durante um tempo. Mas, cedo ou tarde,
uma pane nessa pequena e poderosa glândula mostra seus efeitos nem um pouco
agradáveis
Chris Biltoven - Saúde
e Bem Estar
Foto: Marcos Alberti
Ao procurar um médico, o diagnóstico: hipotireoidismo. Desde então, tomo medicamento para controlar o problema, mas basta um descuido com o remédio que já começo a ficar cansada.
“É uma doença que precisa ser tratada com
seriedade. A glândula tireoide é essencial para o comando do metabolismo,
atuando em praticamente todos os órgãos e tecidos”, diz Geraldo Medeiros,
presidente do Instituto da Tireoide, em São Paulo (SP).
Hipo ou hiper?
Quando a glândula está desregulada e fabrica os hormônios em quantidade insuficiente, ocorre o hipotireoidismo. “O corpo passa a funcionar de maneira mais lenta e o metabolismo desacelera.
Hipo ou hiper?
Quando a glândula está desregulada e fabrica os hormônios em quantidade insuficiente, ocorre o hipotireoidismo. “O corpo passa a funcionar de maneira mais lenta e o metabolismo desacelera.
Então, aparecem cansaço, fraqueza, desânimo e
aumento de peso”, revela o endocrinologista Tércio Rocha, especialista em emagrecimento
do Rio de Janeiro (RJ).
Um dos principais motivos dessa alteração é a
tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune que gera a destruição da
glândula.
“O próprio organismo começa a produzir
anticorpos que atacam a tireoide, destruindo-a”, fala a endocrinologista Maria
Edna de Melo, da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica).
Os especialistas
apontam principalmente a herança genética como causa para o aparecimento do
problema.
Se a glândula produz os hormônios em excesso, acontece o contrário: tudo no organismo funciona rápido demais. É o chamado hipertireoidismo, que provoca irritabilidade, aceleração dos batimentos cardíacos, insônia e perda de peso.
Se a glândula produz os hormônios em excesso, acontece o contrário: tudo no organismo funciona rápido demais. É o chamado hipertireoidismo, que provoca irritabilidade, aceleração dos batimentos cardíacos, insônia e perda de peso.
“Aqui, a causa mais
comum é a doença de Graves, em que anticorpos estimulam a produção excessiva
dos hormônios”, diz Maria Edna.
“É nesses casos que aparece o bócio difuso, um
aumento generalizado da glândula”, relata a endocrinologista Laura Ward,
presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia.
Mas outros fatores
podem levar ao distúrbio. “Às vezes, algumas células se agrupam em um nódulo e
funcionam de forma autônoma, gerando a superprodução dos hormônios”, completa
Maria Edna.
As causas para o aumento no número de problemas na tireóide ainda são desconhecidas, mas o maior aparecimento da doença no sexo feminino – ocorrem de cinco a oito vezes mais frequentemente – dá algumas pistas.
As causas para o aumento no número de problemas na tireóide ainda são desconhecidas, mas o maior aparecimento da doença no sexo feminino – ocorrem de cinco a oito vezes mais frequentemente – dá algumas pistas.
“Não existe
comprovação, mas o uso de hormônios sexuais, número de gravidezes e reposição
hormonal são possíveis causadores”, diz Laura.
E tem o estresse, o vilão mais claro: ele
comprovadamente desencadeia doenças autoimunes. Os casos de hipertireoidismo
são bem menos comuns – entre as mulheres, apenas cerca de 3% têm a doença.
De olho no diagnóstico
Para acusar uma tireoide de lenta ou agitada é preciso ter provas. A primeira delas é colhida no sangue: uma dosagem dos hormônios TSH e T4 tem o objetivo de avaliar a função glandular. Outra medida importante é fazer o exame clínico.
De olho no diagnóstico
Para acusar uma tireoide de lenta ou agitada é preciso ter provas. A primeira delas é colhida no sangue: uma dosagem dos hormônios TSH e T4 tem o objetivo de avaliar a função glandular. Outra medida importante é fazer o exame clínico.
Se o médico suspeitar
da existência de nódulos, pede um ultrassom para apurar. Foi o que aconteceu
com a funcionária pública Denise G., 42 anos, de São Paulo.
“O exame de sangue não acusou nada, mas fiz o
ultrassom e foram detectados nódulos”, lembra. Denise realizou uma punção e
descobriu que estava com câncer. “Fiz a cirurgia de retirada da tireóide em
junho de 2009.
Hoje estou curada da doença, mas sofro com os
efeitos colaterais. É a fase 2 do problema. O corpo precisa se adaptar ao
hormônio sintético. Enquanto isso não ocorre, vivo em crise de energia. Tem
dias que não funciono.”
De acordo com Flávio Hojaij, diretor científico da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, o risco de um nódulo ser maligno é pequeno, mas, existe sim:
De acordo com Flávio Hojaij, diretor científico da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, o risco de um nódulo ser maligno é pequeno, mas, existe sim:
“Se eu fizer ultrassom de tireoide em 100
pessoas, 60 vão apresentar alguma alteração na textura da glândula. Isso não
quer dizer que vão desenvolver câncer.”
Ele ressalta a importância de uma investigação
mais profunda se o nódulo for sólido ou muito grande. “Em caso de malignidade,
o tratamento cirúrgico é bastante eficaz e o risco de sequelas é pequeno”,
garante.
Entre as possíveis consequências estão a
mudança da voz, pelo risco de o cirurgião manusear os nervos da laringe durante
a operação, e a alteração nos níveis de cálcio no sangue, por conta da
manipulação das glândulas paratireoides, que ficam ao lado da tireoide.
Em busca do equilíbrio
Quanto antes for realizado o diagnóstico, melhor – mesmo porque o tratamento, às vezes, não surte efeito de uma hora para outra. Um dos motivos está na dificuldade de encontrar a dose ideal do hormônio a ser reposto.
Quanto antes for realizado o diagnóstico, melhor – mesmo porque o tratamento, às vezes, não surte efeito de uma hora para outra. Um dos motivos está na dificuldade de encontrar a dose ideal do hormônio a ser reposto.
“Descobri faz dois anos que tinha hipotireoidismo,
mas só há quatro meses consegui estabilizar o quadro. Comecei com um comprimido
de 50 mcg, passei para 75, em seguida 88, depois diminuí...
Essa oscilação é terrível, porque quando você
pensa que está bem, tem que mudar a dose do medicamento de novo”, conta a
economista Simone S, 31 anos, do Rio de Janeiro.
Um estudo feito por pesquisadores britânicos
constatou que cerca de 45% dos portadores de hipotireoidismo não tomam a dose
ideal do remédio, recebendo hormônio em excesso ou em dose insuficiente.
“Aprendi que é preciso ficar constantemente de
olho e fazer exames de tempos em tempos para manter a doença sob controle”,
admite Simone.
Fazer uma dosagem nos hormônios regularmente é mesmo imprescindível para evitar que o distúrbio leve a problemas mais sérios.
Fazer uma dosagem nos hormônios regularmente é mesmo imprescindível para evitar que o distúrbio leve a problemas mais sérios.
Se você não se tratar corretamente, o quadro
clínico vai piorando e as consequências podem ser graves.
No caso de
hipotireoidismo, costumam surgir complicações como aumento de colesterol,
hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e até envelhecimento precoce.
Já quem tem a tireoide acelerada pode
apresentar arritmia cardíaca, palpitações e falta de ar.
Tratamento eficaz
No hipotireoidismo, é preciso repor o hormônio que a glândula não produz corretamente por meio de um medicamento chamado levotiroxina, uma versão sintética do hormônio T4.
Tratamento eficaz
No hipotireoidismo, é preciso repor o hormônio que a glândula não produz corretamente por meio de um medicamento chamado levotiroxina, uma versão sintética do hormônio T4.
“Dentro do organismo, por meio da ação de
enzimas, ele é transformado em T3 para agir nas células de todo o corpo,
acelerando sua atividade”, declara Tércio Rocha.
A maior parte dos
especialistas recomenda que você tome um comprimido, cuja dose varia de acordo
com a necessidade da substância no seu organismo, logo pela manhã, em jejum.
Mas, segundo Geraldo
Medeiros, a medicação pode ser eficiente à noite, antes de dormir,
especialmente quando a paciente apresentar variações constantes na dosagem de
TSH:
“Às vezes, você acerta a dose de T4, mas a de TSH oscila muito. Então,
como o TSH é produzido pela hipófise no período noturno, ingerir o remédio
nesse horário é uma forma de inibir melhor a liberação desse hormônio”.
Por outro lado, o hipertireoidismo é contra-atacado com uma terapia à base de iodo radioativo, que destrói a tireoide, ou com drogas que bloqueiam a liberação desmedida de hormônios.
Por outro lado, o hipertireoidismo é contra-atacado com uma terapia à base de iodo radioativo, que destrói a tireoide, ou com drogas que bloqueiam a liberação desmedida de hormônios.
“O iodo vale mais a
pena em termo de custo-benefício, mas o remédio funciona bem e, em alguns
casos, é a primeira indicação”, aponta Laura Ward. A jornalista Cristiana
B, 41 anos, optou pelo uso de medicamento para controlar o problema.
“Há 17 anos, descobri um nódulo na tireoide
que estava produzindo hormônios além da conta. Tinha taquicardia e passava o
dia inteiro irritada, como se estivesse o tempo todo na TPM.
Fiz cirurgia para retirada e, desde então,
tomo remédio diariamente e minha vida voltou ao normal”, diz. É isso mesmo:
apesar de os tratamentos exigirem paciência, a boa notícia é que eles permitem
que a tireoide entre na linha.
“Com a dose correta do
medicamento, tudo fica bem”, tranquiliza Geraldo Medeiros. Ou seja: uma vez sob
controle, a glândula deixa de causar transtornos e embarca o seu corpo inteiro
rumo ao equilíbrio.
Autoexame é fundamental
O mesmo método simples que a gente costuma usar para prevenir o câncer de mama vai ajudá-la a detectar a existência de nódulos na tireoide. Você só precisa de um copo de água, um espelho e um pouco de atenção. Confira!
*De frente para o espelho, localize com os dedos onde fica a tireoide – logo abaixo do pomo-de-adão, saliência que conhecemos como gogó.
*Beba um gole de água. Enquanto você engole, a glândula vai subir e descer, movendo-se para cima e para baixo.
*Perceba o movimento com os dedos e observe se dá para notar algum inchaço ou caroço. Se sentir que há qualquer alteração, procure um endocrinologista.
Autoexame é fundamental
O mesmo método simples que a gente costuma usar para prevenir o câncer de mama vai ajudá-la a detectar a existência de nódulos na tireoide. Você só precisa de um copo de água, um espelho e um pouco de atenção. Confira!
*De frente para o espelho, localize com os dedos onde fica a tireoide – logo abaixo do pomo-de-adão, saliência que conhecemos como gogó.
*Beba um gole de água. Enquanto você engole, a glândula vai subir e descer, movendo-se para cima e para baixo.
*Perceba o movimento com os dedos e observe se dá para notar algum inchaço ou caroço. Se sentir que há qualquer alteração, procure um endocrinologista.
http://revistaanamariabraga.uol.com.br/saude_e_bem_estar/inimigo_secreto.html
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e me protegendo Com a Justiça Divina. Amém
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Amem!
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